Translate

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Mórmons - A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Os Santos dos Últimos Dias (SUD), mais popularmente conhecidos como mórmons, é um movimento religioso restauracionista iniciado no século XIX nos Estados Unidos da América e liderado inicialmente por Joseph Smith Jr., definido pelos seus seguidores como primeiro profeta desta época.

O TEMPLO mórmon de Salt Lake City, Utah, é, para os Santos dos Últimos Dias, um símbolo de sua fé do qual muito se orgulham. Diligência, valores familiares e auto-suficiência financeira são lemas do mormonismo. Os missionários mórmons, com crachás, são uma vista comum ao redor do globo. Mas alguns assuntos internos, sagrados para os mórmons, não são revelados às pessoas de fora da igreja. De modo que a igreja continua a ser alvo de boatos sensacionalistas. Um exame justo, porém, deve basear-se, não em histórias injuriosas e maldosas, mas nos fatos. O que podemos aprender a respeito dessa religião tão difamada?



A igreja de Joseph Smith hoje
Os mórmons acreditam que sua religião é a restauração da verdadeira igreja, com seu sacerdócio e suas ordenanças. Daí o seu nome oficial: Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Na Igreja Mórmon não há distinção entre clero e leigos. Em vez disso, a partir dos 12 anos, todo adepto do sexo masculino, digno, pode ajudar a cuidar dos vários deveres da igreja, alcançando o sacerdócio aos 16 anos.
A maioria dos cargos na igreja não são remunerados, e as famílias dos Santos dos Últimos Dias participam nos muitos programas patrocinados pela congregação em sua localidade, ou ala. Em nível congregacional, os élderes, os bispos e os presidentes das estacas (distritos) supervisionam os bem-organizados assuntos da igreja. Um conselho de 12 apóstolos, em Salt Lake City, tem jurisdição mundial. Por fim, o presidente da igreja — reverenciado como profeta, vidente e revelador — e dois conselheiros compõem o corpo que preside a igreja, chamado de Quorum da Presidência, ou Primeira Presidência.
Várias ordenanças afetam a vida dos mórmons devotos. O batismo, que significa arrependimento e obediência, pode ocorrer depois que o crente completa oito anos de idade. O lavamento e a unção o purifica e consagra. A cerimônia do endowment (investidura) no templo envolve uma série de convênios, ou promessas, e uma veste de baixo especial, do templo, a ser usada sempre daí em diante, como proteção contra o mal e como lembrete dos votos de segredo assumidos. Também, um casal de mórmons pode selar seu casamento num templo “pelo tempo e pela eternidade”, para que sua família não seja desfeita no céu, onde o casal pode continuar a ter filhos.
O mormonismo tem ganhado aceitação graças a seu programa social, estabelecido para que “a maldição da ociosidade fosse eliminada”. É financiado pelos adeptos da localidade, que renunciam a duas refeições por mês e doam o valor delas à igreja. Além disso, exige-se que os fiéis paguem o dízimo. A família e os amigos suprem os fundos para sustentar os missionários mórmons, em geral jovens que dedicam cerca de dois anos ao serviço.
Abnegação, famílias unidas e responsabilidade cívica são características da vida dos mórmons. Mas quais são as suas crenças?
Os mórmons e a Bíblia
“Cremos ser a Bíblia a palavra de Deus, o quanto seja correta sua tradução”, declara o artigo oitavo das Regras de Fé do mormonismo. Mas acrescenta: “Cremos também ser o Livro de Mórmon a palavra de Deus.” Muitos se perguntam, porém, que necessidade há de outras Escrituras?
O elder Bruce R. McConkie afirmou: “Não há ninguém na Terra que tenha a Bíblia em tão alta conta quanto os [mórmons]. . . . Mas nós não cremos que . . . a Bíblia contenha todas as coisas necessárias para a salvação.” No panfleto Quem São os Mórmons?, o presidente Gordon B. Hinckley escreveu que as inúmeras seitas e religiões “prestam testemunho da insuficiência da Bíblia”.
Os escritores mórmons expressam dúvidas profundas sobre a veracidade da Bíblia por causa de alegadas supressões e erros de tradução. O apóstolo mórmon James E. Talmage, no livro Um Estudo das Regras de Fé, insta: “Leia-se, pois, a Bíblia reverentemente e com cuidado e oração, buscando o leitor a luz do Espírito para poder sempre distinguir entre a verdade e os erros dos homens.” Orson Pratt, um dos primeiros apóstolos do mormonismo, foi ainda mais longe: “Quem garante que um versículo sequer da Bíblia inteira tenha escapado de deturpação?”
Neste respeito, parece que os mórmons não estão a par de todos os fatos. É verdade que o texto bíblico foi copiado e traduzido muitas vezes ao longo dos anos. Todavia, a evidência de que ele, em essência, não foi alterado é esmagadora. Milhares de manuscritos hebraicos e gregos antigos foram escrutinados lado a lado com cópias mais recentes da Bíblia. Por exemplo, o Rolo do Mar Morto de Isaías, datado do segundo século AEC, foi comparado com um manuscrito datado de mais de mil anos depois. Havia sérias adulterações? Ao contrário, certo erudito que analisou os manuscritos declarou que as poucas diferenças encontradas “consistiam principalmente em lapsos óbvios da pena e variações de grafia”.
Depois de uma vida inteira dedicada a estudos intensos, o ex-diretor do Museu Britânico, Sir Frederic Kenyon, atestou: “O cristão pode segurar a Bíblia inteira na mão e dizer sem receio nem hesitação que segura a verdadeira Palavra de Deus, passada sem perda significativa de geração a geração através dos séculos.” De modo que as palavras do salmista ainda são verazes hoje: “As palavras do Senhor são palavras puras: como a prata refinada num forno de barro, purificada sete vezes.” (Salmo 12:6, King James Version) Será que realmente precisamos de mais do que isto?
“Tu, tolo”, censura O Livro de Mórmon, em 2 Nefi 29:6, “dirás: Uma Bíblia, temos uma Bíblia, e não necessitamos mais de Bíblia!” Muitos mórmons, porém, ponderaram nas palavras severas do apóstolo Paulo, na Bíblia, em Gálatas 1:8 (KJ): “Mesmo que nós, ou um anjo do céu, pregássemos qualquer outro evangelho a vós além do que pregamos a vós, que seja amaldiçoado.”
Os eruditos dos Santos dos Últimos Dias explicam que a nova escritura não vai além do que é declarado na Bíblia; é apenas um esclarecimento e uma complementação dela. “Não há divergência entre os dois”, escreve Rex E. Lee, presidente da Universidade Brigham Young. “Tanto a Bíblia como o Livro de Mórmon ensinam o mesmo plano de salvação.” Não divergem mesmo? Considere o plano de salvação do mormonismo.
“Como Deus é, o homem pode vir a ser”
“Embora não nos lembremos disso”, explica Lee, “nós existimos como espíritos na vida anterior”. De acordo com essa crença de progressividade eterna dos Santos dos Últimos Dias, pela obediência estrita o homem pode se tornar um deus — um criador como Deus. “O próprio Deus já foi como somos agora — ele é um homem exaltado, entronizado em céus distantes!”, declarou Joseph Smith. “Tereis de aprender como tornar-vos deuses vós mesmos, . . . da mesma forma como todos os deuses fizeram antes de vós.” Lorenzo Snow, profeta mórmon, disse: “Como o homem é, Deus já foi; como Deus é, o homem pode vir a ser.”
Será que esse futuro é apresentado nas páginas da Bíblia? A única oferta de divindade registrada nela foi a promessa sem fundamento de Satanás, o Diabo, no jardim do Éden. (Gênesis 3:5) A Bíblia revela que Deus criou Adão e Eva para viver na Terra e ordenou-lhes que gerassem uma família humana perfeita que viveria aqui em felicidade eterna. (Gênesis 1:28; 3:22; Salmo 37:29; Isaías 65:21-25) A desobediência proposital de Adão deu início ao pecado e à morte no mundo. — Romanos 5:12.
O Livro de Mórmon diz que se Adão e Eva — anteriormente espíritos — não tivessem pecado, não teriam tido filhos nem alegria e teriam permanecido sozinhos no Paraíso. Assim, sua versão do pecado do primeiro casal envolve relação sexual e gerar filhos. “Adão caiu, para que os homens existissem; e os homens existem, para que tenham alegria.” (2 Nefi 2:22, 23, 25) Segundo os mórmons, os espíritos no céu aguardam uma oportunidade de viver na Terra pecaminosa — passo necessário rumo à perfeição e à divindade. Diz a revista Ensign, dos Santos dos Últimos Dias: “Olhamos para o que Adão e Eva fizeram com grande apreço em vez de com desdém.”
“Esta doutrina [a de que o homem existiu no domínio espiritual]”, diz Joseph Fielding Smith, sobrinho-neto de Joseph Smith, “na Bíblia é apenas discernida através de uma neblina ou névoa . . . porque muitas coisas claras e preciosas foram tiradas da Bíblia”. Ele declara ainda: “Essa crença baseia-se numa revelação dada à Igreja em 6 de maio de 1833.” Portanto, embora aceitem a inspiração da Bíblia, em caso de desacordo, a doutrina dos Santos dos Últimos Dias necessariamente confere maior peso às palavras de seus profetas.
O Livro de Mórmon, pedra fundamental da fé
Joseph Smith exaltou O Livro de Mórmon como “o livro mais correto da terra e a pedra fundamental de nossa religião”. Uma coleção de placas de ouro seria alegadamente a fonte de seus escritos. Onze mórmons testificaram ter visto as placas. Após concluir a tradução do documento, porém, Smith disse que as placas foram levadas para o céu. Assim, não se acham à disposição para análise textual.
A Pérola de Grande Valor (veja o quadro na página 20) fala de um professor de nome Charles Anthon, a quem teria sido mostrada uma cópia de algumas das inscrições, e que ele as declarou autênticas, e a tradução, correta. Mas ao saber a origem das placas, o relato diz que ele retratou seu parecer. Essa história soa incoerente com a afirmação de Smith de que só ele tinha o dom de traduzir o idioma das placas, “o conhecimento do qual foi perdido pelo mundo”. Poderia o professor Anthon verificar a exatidão de um texto que ele não sabia ler e, portanto, não poderia traduzir?
O Livro de Mórmon cita extensivamente da versão King James da Bíblia, cujo inglês shakespeariano já era considerado arcaico nos dias de Joseph Smith. Incomoda alguns de seus leitores o fato de que O Livro de Mórmon, o “mais correto” dos livros, plagia pelo menos 27.000 palavras de uma versão da Bíblia que está, segundo ele dá a entender, repleta de erros e que Smith mais tarde empreendeu revisar. — Veja o quadro na página 24.
A comparação da primeira edição de O Livro de Mórmon com as edições atuais revela a muitos mórmons um fato surpreendente — que o livro supostamente “traduzido . . . pelo dom e poder de Deus” teve sua gramática, grafia e substância várias vezes alteradas. Há, por exemplo, uma confusão patente sobre a identidade do “Pai Eterno”. Segundo a primeira edição de 1 Nefi 13:40, “o Cordeiro de Deus é o Pai Eterno”. Mas, edições posteriores dizem que “o Cordeiro de Deus é o Filho do Pai Eterno”. (O grifo é nosso.) Os dois manuscritos originais de O Livro de Mórmon, escritos em 1830, ainda existem. Um deles, de posse da Igreja Reorganizada de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, tem as palavras “o Filho” acrescentadas entre as linhas.
Quanto a Doutrina e Convênios, livro sagrado para os mórmons, o erudito dos Santos dos Últimos Dias, Lyndon W. Cook, explica no prefácio do livro The Revelations of the Prophet Joseph Smith: “Tendo em vista que algumas revelações foram revisadas pelas comissões incumbidas de organizá-las para publicação, nota-se que houve acréscimos e supressões textuais significativas.” Uma dessas alterações encontra-se em Livro de Mandamentos 4:2 que disse a respeito de Smith: “Ele tem o dom de traduzir o livro . . . Não lhe concederei nenhum outro dom.” Mas quando a revelação foi reimpressa no ano de 1835 em Doutrina e Convênios, ela passou a rezar: “Pois não te concederei nenhum outro dom, até que a tradução esteja completa.” — 5:4.
Enigmas históricos
Alguns acham difícil conciliar a idéia de que cerca de 20 judeus teriam partido de Jerusalém para a América do Norte, em 600 AEC, com a de que, em menos de 30 anos, eles se tivessem multiplicado e se dividido em duas nações! (2 Nefi 5:28) Dentro de 19 anos após a sua chegada, esse grupo pequeno supostamente construiu um templo “segundo o modelo do templo de Salomão . . ., e sua obra, portanto, era consideravelmente formosa” — deveras, uma tarefa colossal! A construção do templo de Salomão, em Jerusalém, levou sete anos e ocupou cerca de 200.000 trabalhadores, artífices e capatazes. — 2 Nefi 5:16; compare com 1 Reis 5, 6.
Os que lêem com cuidado O Livro de Mórmon ficam perplexos com certos eventos que parecem fora da ordem cronológica correta. Por exemplo, Atos 11:26 diz: “Os discípulos foram chamados cristãos pela primeira vez em Antioquia.” (KJ) Mas Alma 46:15, segundo dá a entender ao descrever eventos em 73 AEC, fala de cristãos na América antes de Cristo vir à Terra.
O Livro de Mórmon apresenta-se mais como narrativa histórica do que como tratado de doutrinas. As frases “e aconteceu que” e “e sucedeu que” ocorrem cerca de 1.200 vezes na edição atual — cerca de 2.000 vezes na edição de 1830. Muitos dos lugares mencionados na Bíblia ainda existem, mas a localização de a bem dizer todos os locais citados em O Livro de Mórmon, como, por exemplo, Gimgimno e Zeezrom, é desconhecida.
A história dos mórmons fala de vastos povoamentos no continente norte-americano. Helamã 3:8 reza: “E sucedeu que se multiplicaram e se espalharam . . . de forma tal que começou a ser povoada toda a face da terra.” De acordo com Mórmon 1:7, a terra “se achava coberta com edifícios”. Muitos se perguntam onde estão os vestígios dessas civilizações florescentes. Onde estão os artefatos dos nefitas, suas moedas de ouro, espadas, escudos ou armaduras? — Alma 11:4; 43:18-20.
Ao considerar essas perguntas, os adeptos do mormonismo fazem bem em refletir seriamente nas palavras do mórmon Rex E. Lee: “A autenticidade do mormonismo fica de pé ou cai junto com o livro do qual a Igreja deriva seu nome.” Uma fé fundamentada em conhecimento bíblico sólido, em vez de numa mera oração carregada de emoção, representa um desafio para os mórmons sinceros — bem como para todos os que professam ser cristãos.
Base da restauração
Foi o caos espiritual à sua volta que levou Joseph Smith a desdenhar das seitas antagônicas de seus dias. Outros homens reverentes antes, durante e desde aquela época procuraram retornar à fé verdadeira.
Qual é o modelo para o verdadeiro cristianismo? Não é Cristo, que deixou “um exemplo, para seguirdes os seus passos”? (1 Pedro 2:21, KJ) O contraste entre a vida de Jesus Cristo e a teologia dos Santos dos Últimos Dias é berrante. Embora Jesus não fosse asceta, sua vida simples era destituída de qualquer ambição de riqueza, glória ou poder político. Ele foi perseguido porque ‘não era do mundo’. (João 17:16, KJ) O principal objetivo do ministério de Cristo era glorificar seu Pai, Jeová, e santificar Seu nome. Esse também é o objetivo dos verdadeiros discípulos de Jesus. Consideram sua própria salvação como de importância secundária.
Jesus ensinou a Palavra de Deus, citando-a sem reservas e vivendo-a. Brigham Young disse a respeito da Bíblia: “Temos esse livro como nosso guia, como regra de conduta; nós o temos como o alicerce de nossa fé. Ele aponta o caminho para a salvação.” (Journal of Discourses, Volume XIII, página 236) Ele instou, portanto: “Peguem a Bíblia, comparem a religião dos Santos dos Últimos Dias com ela, e vejam se passa na prova.” (Discourses of Brigham Young) Não somente o mormonismo, mas todas as religiões que professam ser cristãs, têm de submeter-se a essa prova, pois Jesus disse: “Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade.” — João 4:23, KJ.

O mormonismo: restauração de todas as coisas? Matéria da revista Despertai 8 de novembro de 1995 editada pela Torre de Vigia - SP.