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domingo, 12 de julho de 2015

A bendita Pedra Hume

Essa foi contada mais de nem sei quantas vezes pelo sertão nordestino esse fato que vos narrarei assim como me foi contado. Lá pras bandas da serra da Pedra dos Milagres residiam Maria do Rosário, moça formosa, charmosa, pele de canela, dentes alvos de marfim, cabelos negros longos, escorridos pelas costas até quase na cintura, olhos castanhos e sorriso cativante, brejeiro que encantava a todos e José Pedro, rapagão alto e bonito, tez clara, queixo quadrado de homem másculo, cabelos cheios e sorriso que mostravam sua perfeita dentadura. Era o rapaz mais desejado pelas moças da redondeza.
Pois bem, em uma das festas do padroeiro da cidade, que por todos sabido, dito como santo casamenteiro, Santo Antônio reinava imponente nos corações dos rapazes e moças. Foi nessa festa alegre da comunidade que os dois iniciaram o namoro. Santo Antônio como cupido, iniciara mais um provável casamento que por certo vingaria filhos valentes para o crescimento e desenvolvimento de sua cidade.
Belo dia, em conversas escondidas até mesmo do Santo, José Pedro impaciente para ter Maria do Rosário mais plenamente em seus braços, convidou-a para fugirem para São Paulo, terra de promessas de ganho e vida melhor. Para a surpresa de José Pedro, a sua bonita Maria do Rosário concordou de imediato. Marcaram o dia seguinte, onde os dois escondidos de seus pais, aprontariam suas malas com o pouco de roupas que possuiam e iriam aguardar na casa de um parente que morava na próximo a estrada, o pau de arara que sairia da cidade em rumo da terra da esperança de todo nordestino naquela época.
Imaginem a confusão que se deu. O pai da moça enfurecido foi bater no local em que se arrancharam e juntamente com a mãe de Maria do Rosário exigiram que pelo menos os dois casassem antes de arribar pra São Paulo.
Mas tinha sido naquela noite que José Pedro conhecera plenamente a Maria do Rosário e em um gesto que ninguém esperava, quis devolver a moça aos pais sob o argumento que ela não era mais virgem. Ai foi que a confusão ficou maior ainda. O pai e a mãe de Maria do Rosário indignados, exigiram que a filha se pronunciasse.
A bela Maria, cabisbaixa, com um sorriso amarelo no rosto, foi contando o que já tinha falado para José Pedro quando ele descobrira nos finalmente daquela primeira noite que ele não era o primeiro na vida de Maria. O pai em desespero não a aceitou de volta sob o argumento que não tinha sido consultado para que ele levasse sua filha embora. E que se ele tinha feito isso era porque tinha sido mais safado que ela pois tinha desonrado a ele como pai e homem que era. E outra, disse, se José Pedro não consumasse o casamento no cartório, pois na igreja por certo Santo Antônio não aceitaria, ele iria ser morto naquele instante e todos iriam dar-lhe razão pois lavava a honra de sua filha enganada com o sangue dele. José Pedro engolindo calado pois sabia que o velho tinha fama de matador, também de cabeça baixa aceitou a proposta do futuro sogro pois sabia da besteira que tinha feito.
O casamento foi lavrado em cartório e os dois rumaram pra São Paulo onde fincaram raízes e tiveram muitos filhos.
Ah... o título da estória né? Pois bem, a mãe de Maria sabia que ela não era mais virgem, pois essa tinha tido um namorico de apenas um dia nas festas do ano antes, onde encantou-se com um rapaz que visitava a cidade e esse experimentou Maria antes de José Pedro, e essa como não tinha pegado barriga contou apenas para a mãe com medo, pois sua mestruação tinha atrasado. Sua mãe na hora do entrevero na casa do parente, tinha chamado Maria a um canto e tinha dito: "Mulher... nem pra ter lavado com pedra-hume?"