Alemanha Comemora 25 anos da queda do Muro de Berlim
O dia começou com uma missa na Capela da Reconciliação, construída na 'Faixa da Morte', que separava os dois lados da cidade. Uma breve cerimônia oficial do governo alemão foi realizada sob o céu nublado e um frio penetrante, que não afugentou as dezenas de pessoas presentes.
Alemanha é reunificada em 1990
Após 45 anos de divisão, diferenças regionais tiveram de ser superadas
A queda do Muro de Berlim, em 1989, foi a deixa para a reunificação da Alemanha, concretizada em 3 de outubro de 1990, 45 anos depois de o país, derrotado na Segunda Guerra, ter sido dividido. Nesse dia, os alemães comemoraram também a recuperação de sua soberania, com a retirada das forças de ocupação dos países aliados, vencedores da guerra: no lado ocidental, Estados Unidos, Grã-Bretanha e França; no lado oriental, União Soviética.
Por trás da palavra reunificação, havia a anexação da República Democrática Alemã (RDA, comunista) pela República Federal da Alemanha (RFA, capitalista). O colapso do comunismo deixara à mostra um país falido, com uma máquina industrial antiga e emperrada. Para absorvê-lo, o governo da Alemanha ocidental teria que desembolsar bilhões de marcos, mas o chanceler da Alemanha ocidental, Helmut Kohl, tinha pressa em concretizar o projeto político.
Os empecilhos foram caindo. Kohl obteve do presidente soviético Mikhail Gorbatchov o sinal verde para que a Alemanha unificada se tornasse membro da Otan - uma exigência das potências ocidentais. O fantasma da superpotência nazista e os males por ela causados ainda assombravam a Europa. Um ministro do gabinete de Margaret Thatcher, numa entrevista infeliz a um jornal, chegou a comparar a Alemanha unificada ao Reich nazista. Entre alguns alemães havia o mesmo medo. O escritor Günter Grass lembrou que o Estado unitário alemão "foi a condição que permitiu o surgimento de aberrações como Auschwitz".
Outra questão importante, a da moeda, foi sepultada em 1º de julho, com a integração econômica e a adoção do marco ocidental pela RDA. Mas havia outras barreiras a serem derrubadas. Enquanto na rica Alemanha ocidental reluziam as marcas da prosperidade, os alemães orientais haviam se distanciado do consumismo. Em Berlim, saía-se da parte ocidental, com frisson e moderna, para se entrar em outra cidade, triste e decadente. Os ocidentais eram "globalizados"; já os orientais, como em todo o bloco comunista, haviam se acostumado à proteção do Estado, não tendo que lutar por emprego ou ser competitivos. Muitos temiam se sentir cidadãos de segunda classe no novo país. Mesmo assim, em dezembro daquele ano, mostraram seu apoio a Kohl, ajudando-o a se eleger o primeiro chefe de governo da Alemanha unificada.
A CONSTRUÇÃO
Acervo: Jornal O Globo