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sábado, 26 de setembro de 2020

Jararaca ataca a Vila de Carnaiba de Flores

Em 3 de abril de 1927 Jararaca ataca a Vila de Carnaíba.

Já se passaram 93 anos desde que a outrora bela e formosa Vila de Carnaíba de Flores, foi atacada pelo famigerado cangaceiro Jararaca.

Nesta linda e aprazível cidade interiorana de Pernambuco,
nasceu um dos poetas "mais grandes" da cultura nordestina. Compositor de temas vibrantes, poeta e folclorista, conhecido pelo nome de Zé Dantas.

José de Sousa Dantas Filho tinha apenas 6 anos de idade quendo isso aconteceu.
Vou aqui homenagear, aproveitando o espaço, o Grande Poeta:

Zé Dantas, grande compositor sertanejo, conhecido por suas belas canções, como “O xote das meninas”, “Derramar o Gás”, “A Volta da Asa Branca”, “O Forró de Mané Vito”, “Vozes da Seca”, “Vem Morena”, “Algodão”, “Cintura Fina”, “Imbalança”, “Mané e Zabé”, “Minha Fulô”, “Noites Brasileiras”, “São João na Roça”, “Paulo Afonso”, “Riacho do Navio”, “Sabiá”, “Samarica parteira”, “Siri Jogando Bola” entre outras obras.

Pois bem, voltemos ao ataque do cangaceiro Jararaca.
Carnaíba das Flores, que está situada à margem direita do lendário Rio Pajeú. Foi assaltada pelo temível cangaceiro Jararaca e seu grupo de 13 cabras. Aqui esse artigo, iremos dissertar o histórico que o Padre Frederico Bezerra Maciel escreveu no seu livro CARNAÍBA, A PÉROLA DO PAJEÚ:  

"Procedente das bandas de Sítio dos Nunes, ao chegar ele, alta madrugada, em Carnaíba velha,  espécie de subúrbio com casas separadas e esparçadas do outro lado do rio. Aprisionou o fogueteiro Faustino para que servisse de guia indicando as casas do telegrafista e dos comerciantes da vila.

De 4 horas e 30 minutos para as 5 horas da manhã atravessou o denso e fofo areal do rio sêco com seu grupo e o prisioneiro guia entrando na rua principal pela passagem ao oitão esquerdo do vapor do descaroçador de algodão de manuel josé da silva.

Em todo o percurso da longa, alinhada e bela rua, arborizada de cajaranas e findando na igreja do orago  Santo Antônio, foi o guia mostrando as casas comerciais e residenciais dos principais homens de dinheiro Manuel José, Zé Martins, Major Saturnino Bezerra, Zé Dantas (pai), enfim já perto da igreja do lado esquerdo de quem ia, a casa do telegrafista Emídio de Araújo conhecido por Emídio Grande. Na realidade não devia este ser chamado de telegrafista e sim de telefonista pois o que havia era um telefone na repartição pública federal para passar telegramas. Aproveitando-se ali de um descuido do grupo, conseguiu o fogueteiro fugir pela e cercas de pau a pique e avelós dos roçados das vazantes.

No largo patamar da igreja, os cabras, entre talagadas de cachaça, xaxavam,   batendo como coice das armas na calçada e cantando mulher rendeira, com isso despertando os habitantes do lugar, que logo compreenderam tratar-se de cangaceiros. Em seguida, o próprio Jararaca deu três tiros na porta da entrada da casa
do telegrafista, o qual respondeu, de dentro, com um tiro. Isto fez o grupo temer
entrar na casa. Então, após uns quatro tiros na porta da casa vizinha, residência.
de Zé Veríssimo, que logo fugiu com a esposa pelo portao do muro, rebentaram
a porta da frente e nela entraram. Abriram a mala, quebrando-lhe a fechadura
estragaram as roupas encontradas, rasgando um vestido e queimando outro, nada roubando porque seus donos quase nada possuiam. Vivia o pobre Zé Verissimo
do modesto emprego de caixeiro de balcao na loja do major Saturnino, Na outra
casa, pegada à de Verissimo, morava o cabo Severino, comandante do destacamento, que saiu correndo por detrás, sem detonar um tiro. Os cinco soldados do destacamento, que moravam juntos, em acanhado casebre de António Conserva, guarda da linha, situado no mesmo correr da rua, porem mais em cima, bem no oitão direito da igreja e distante do patamar da igreja de apenas 4 metros, também correram pelos fundos. O soldado Zé Inácio que morava bem na frente do telegrafista e que estava doente de febre tifoide, temendo por sua sorte, enrolou-se num cobertor e saiu pela cerca do quintal para a residència de Joaquim Leandro da Silva, conhecido por Joaquim Borrego, atrás da lgreja, o qual estava ausente.
A familia deste, como todas as outras da vila, deitadas no chão, temendo as balas.
Depois da casa de Veríssimo, entraram os cangaceiros, forçando porta e janela, na residéncia do major Saturnino, situada a 18 casas abaixo. O major estava fora. E sua esposa, D. Naninha Grande, ficou sozinha com a fuga de seu filho, Zé Bezerra, pelo quintal. Os cabras respeitaram a mulher, mas roubaran
rifle e dinheiro. Daí seguiram para a residència de Manuel José,  no outro cordão de rua, bateram na porta.  A esposa Maria Brasileiro foi atender. Dois cangaceiros entraram e foram logo exigindo dinheiro. Manuel José apareceu e disse que o dinheiro estava guardado na loja. Enquanto um cangaceiro acompanhava Maria Brasileiro até a loja, o outro ficou mantendo o esposo como refém.  Na loja Maria teve a presença de espirito de não mostrar o cofre mas tão somente a gaveta do balcão com o apurado do dia e que na ânsia foi logo raspado pelo cangaceiro. Muito dinheiro miúdo em moedas e cédulas, importancia total pequena. O outro companheiro tão preocupado em manter o refém nem atinou mandar abrir o baú onde estavam guardadas as jóias, no qual se sentara de propósito Manuel José. Logo que o primeiro voltou e os dois iam começar contar o dinheiro, ouviram-se tiros do lado de fora. Os dois fugiram levando o dinheiro.

Os carnaibanos começaram a se movimentar para a reação. Ora, cada comerciante
mantinha cabras para defesa em casos como este. Por exemplo, Major Saturnino tinha os cabras João Mororó e João Teotônio; Zé Martins tinha Mané Quitola; Luís e Eliseu Cassiano tinham João Lessa; Zé Dantas tinha Zé Marques, Manuel José tinha seu cunhado Zé Vital... .
E muitos possuíam armas próprias. Uns 20 decididos carnaibanos pulavam de um muro para outro a fim de estabelecer os planos de resistência e tomavam posição nas entreabertas das janelas e em outros resguardos. Os soldados voltaram para o embate. Dois deles que estavam no quartel estabelecido numa casa quase em frente da de Manuel José não podendo fugir começaram a atirar para o ar a fim de intimidar, mais com isso gastando multa munição atoa. Nesse então, das janelas da rua começaram a partir tiros esparsos de ponto. Depois fechou-se o tempo.

Por trás do antigo cemitėrio morava um cidadão da Barra de São Serafim, chamado Manuel Florentino. Conseguiu ele entrar no beco formado pelo vapor de Zé Jordão e o chalé de Zé Martins e fazendo frente ao beco de Manuel José. Deitado, amparou-se nuns paus, ali colocados deitados, a modo de dique para as águas das enxurradas da rua nos tempos de chuva. Dali atirava de ponto na direção do beco de Manuel José, para onde havia corrido alguns cangaceiros por causa dos tiros disparados de vários pontos da rua. Nessa corrida um dos cangaceiros deixou cair seu fuzil no meio da rua. Parte dos cangaceiros, da porta e das janelas da
morada de Manuel José, atirava para dentro da rua respondendo aos detensores.
Outra parte, da esquina do fim do muro da mesma casa respostava ao beco. Pedro
Orenuno ordenou a seu companheiro recém-chegado, Pedro Martins, a ir ver o
Fuzil caido para com ele fazer boca de fogo, isto é, lhe dar cobertura sustentando o fogo.
Arrastando-se, o xará apanhou o fuzil e permaneceu ali, no mesmo ponto, deitado, atirando. Quando o tiroteio já com quase 2 horas cessou um pouco, disse Pedro Florentino ao outro: só se tomar o portão do oitão.
Quando atravessou a rua entrou no beco, recebeu Pedro Florentino as cargas de um rifle peiado e de um fuzil, 
utilizados por dois cangaceiros. Por sorte apenas um balaço de fuzil o atingiu na parte superior da coxa atravessando-a sem atingiu o osso. Colando-se na parede, revidou Pedro Florentino e
de ponto no cangaceiro do rifle, acertando-lhe na mão, o qual deixou a arma no canto da parede e nesta imprimindo de sangue sua mão ferida. 
Pelo portão detrás do muro, ainda na mesma casa fugiram os restantes cangaceiros. Abrindo a porteira do curral, pularam a cerca que dá para a vazante e desta ganhararm o 
rio. Prenderam Manuel Torquato para mostrar o caminho do Sítio dos Nunes.
Pegaram dois cavalos para os baleados. Torquato safou-se, dizendo; - Lá vem a policia! Rumaram eles para o Serrote do Capim ou para a serrinha dos Eustórgios. Atrás deles, saíram alguns mascates de Carnaiba, como Zé Agostinho
conhecido por Zé Boa Vista, Elpidio do Velho Brejeiro, os empregados de Zé Martins, além de João Mororó... não os encontrando, nem deles tendo noticia.
Também não tinham rastejadores para tomarem a pista. Afora o rifle, peiado
com um lenço grande, deixado no beco, foi encontrado, dentro da roça, um bornal com farinha, carne e rapadura, cuja correia partira, de certo, no momento de seu possuidor pular a cerca.

Os cangaceiros, como os militares da policia, não possuíam tática de guerra.
Tipico o ataque de Jararaca a Carnaíba. Por isso, o que Ihes faltava em estratagema, sobrava em desmandos e perversidade. Somente Lampião, naquela época
no Sertão, sabia usar de tática e que táticas geniais! Mais tarde surgiria seu irmão
Ezequiel com pendores táticos, mas prematuramente morto."

Do livro CARNAÍBA, A PÉROLA DO PAJEÚ do escritor Padre Frederico Bezerra Maciel. 

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

FLOR DO PARNASO


FLOR DO PARNASO 
- Por Raul Meneleu
Quando no Parnaso estou, Com altos pensamentos antológicos, buscando entrar no coração desta mulher - pois flor é - encontro-me em uma sala de visitas. Quisera ir até à cozinha, pois sei que é lá que a encontrarei como realmente é.

Quando insisti, ela abriu o sorriso largo de boas vindas, como se quisesse me fazer um afago. Lá chegando mostrou-me seu eu recitando
OS LÍRIOS.

"Certa madrugada fria
irei de cabelos soltos
ver como crescem os lírios.

Quero saber como crescem
simples e belos — perfeitos! —
ao abandono dos campos.

Antes que o sol apareça
neblina rompe neblina
com vestes brancas, irei.

Irei no maior sigilo
para que ninguém perceba
contendo a respiração.

Sobre a terra muito fria
dobrando meus frios joelhos
farei perguntas à terra.

Depois de ouvir-lhe o segredo
deitada por entre os lírios
adormecerei tranqüila."

Emocionei-me por esta pequena flor ter me dado um pouco de seu perfume, e pedi mais... ela então recitou-me SERENA,

"Essa ternura grave
que me ensina a sofrer
em silêncio, na suavidade
do entardecer,
menos que pluma de ave
pesa sobre meu ser.

E só assim, na levitação
da hora alta e fria,
porque a noite me leve,
sorvo, pura, a alegria,
que outrora, por mais breve,
de emoção me feria."

Bibliografia
Henriqueta Lisboa (1901-1985)
OS LÍRIOS, de A Face Lívida (1945)
SERENA, de Azul Profundo (1950-1955)


Natureza Belicosa Que Possuimos

Essa natureza belicosa que possuímos.

Senti a pequenez do homem perante o universo quando comecei a raciocinar como somos dependentes uns dos outros. Emocionamo-nos com tantas coisas! Um animalzinho que passa à nossa frente, sendo ele um gatinho, cão, beija-flor ou outro qualquer que vejamos até mesmo em filmes. Por que somos assim? Ao mesmo tempo em que amamos, odiamos; ao mesmo tempo em que queremos paz fazemos guerra? Emocionamo-nos em ver a pureza de uma criança e sorrimos, pois desejamos que o mundo seja visto pelos olhos dela. Somos e estamos mais pretensos a viver do lado do amor e da paz.

Essa natureza belicosa que possuímos algum dia será perdida, pois ao avançarmos como civilização, indo à busca de bons relacionamentos com o próximo, seremos pessoas amáveis e mansas. Sim, estamos sendo ainda preparados para nos tornar membros de uma grande confraria do universo onde residem outros seres que já são mansos e como nós, no passado também tiveram de empreender esforços da convivência pacífica.

É lógico que o processo tanto para nós como para algumas dessas entidades que vivem em planos diferentes do nosso, não está totalmente completo, pois alguns poucos ainda insistem em sua belicosidade. Mas o exemplo da maioria que se esforça vencerá e em algum momento todo o universo jubilará e as palavras de Isaias, um dos maiores profetas da antiguidade, irá se cumprir:

“O ermo e a região árida exultarão, e a planície desértica jubilará e florescerá como o açafrão. Sem falta florescerá e realmente jubilará com exultação e com grito de júbilo. Terá de se lhe dar a própria glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e de Sarom. Haverá os que verão a glória de Deus, com seu esplendor.

Fortalecei as mãos fracas e firmai os joelhos vacilantes. Dizei aos de coração ansioso: “Sede fortes. Não tenhais medo. Eis que vosso próprio Deus chegará com a própria vingança, Deus, até mesmo com retribuição. Ele mesmo chegará e vos salvará.”

Naquele tempo abrir-se-ão os olhos dos cegos e destapar-se-ão os próprios ouvidos dos surdos. Naquele tempo o coxo estará escalando como o veado e a língua do mudo gritará de júbilo. Pois no ermo terão arrebentado águas, e torrentes na planície desértica. E o solo crestado pelo calor se terá tornado como um banhado de juncos, e a terra sedenta, como fontes de água. No lugar de permanência de chacais,  um lugar de repouso, haverá grama verde com canas e plantas de papiro.

E certamente virá a haver ali uma estrada principal, sim, um caminho; e chamar-se-á Caminho de Santidade. O impuro não passará por ela. E será para aquele que anda no caminho, e nenhuns tolos vaguearão nele. Ali não virá a haver leão e não subirá nele a espécie feroz de animais selváticos. Não se achará ali nenhum deles; e ali terão de andar os resgatados. E retornarão os próprios remidos por Deus e certamente chegarão a Sião com clamor jubilante; e sobre a sua cabeça haverá alegria por tempo indefinido. Alcançarão exultação e alegria, e terão de fugir o pesar e o suspiro.”

Infelizmente esses que “chegarão a Sião” não são o Israel de Deus. Israel na atualidade assim como no inicio da EC deixou de ser o povo de Deus, não quiseram aceitar a vinda de Jesus Cristo e por Ele foi dito: “Jerusalém, Jerusalém, matadora dos profetas e apedrejadora dos que lhe são enviados — quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, da maneira em que a galinha ajunta a sua ninhada de pintinhos debaixo de suas asas, mas vós não quisestes isso! Eis que a vossa casa vos fica abandonada. Eu vos digo: De modo algum me vereis até que digais: ‘Bendito aquele que vem em nome de Deus!’”

Até hoje Israel não bendisse Jesus Cristo o filho de Deus. Enganam-se aqueles que acham que esse Israel que ai está é povo de Deus. Povo de Deus são todos aqueles que aceitam Jesus Cristo como seu Salvador. A salvação só vem pelo sangue de Cristo derramado a favor da humanidade, que para merecer tem que aceitar o sacrifício feito por Ele, o Filho de Deus.

Por mais de 1.500 anos antes da vinda de Jesus como o prometido Messias, a nação carnal de Israel foi o povo especial de Deus. Apesar de constantes advertências, a nação, como um todo, mostrou-se infiel. Quando Jesus apareceu, foi rejeitado por esta nação. De modo que Jesus disse aos líderes religiosos judeus: “O reino de Deus vos será tirado e será dado a uma nação que produza os seus frutos.”

A nova nação é congregação cristã, nascida em Pentecostes de 33 EC. Os primeiros membros dela eram discípulos judeus de Jesus, que o aceitaram como seu Rei celestial. No entanto, eram membros da nova nação de Deus não à base da ascendência judaica, mas à base da fé em Jesus. De modo que este novo Israel de Deus era algo ímpar: uma nação espiritual. Quando a maioria dos judeus se negou a aceitar Jesus, fez-se aos samaritanos e depois aos gentios o convite de fazer parte da nova nação. Esta nova nação foi chamada por São Paulo de “o Israel de Deus”.

Em cumprimento das palavras de Jesus, em Pentecostes, quando se derramou o espírito santo e o Israel de Deus nasceu, o Reino foi tirado do Israel carnal e dado à nova nação espiritual.

Sim, como disse no principio, estamos sendo ainda preparados para nos tornar membros de uma grande confraria do universo onde residem outros seres que já são mansos e que nunca tiveram de empreender esforços da convivência pacífica.

Por enquanto o Israel atual é um país beligerante com seus vizinhos e seus vizinhos beligerantes com Israel. Têm que chegar a um acordo. A paz e a tranquilidade só chegará, quando o principal poder bélico, Israel, ceder aos anseios da população palestina, assim com seus anseios foram agraciados quando o Estado de Israel foi fundado.  Os palestinos têm o mesmo direito que o povo judeu tiveram em maio de 1948 em terem seu próprio Estado.

Com certeza podemos dizer também que a criação de um Estado Palestino não iria resolver de imediato o conflito. Pelo menos ajudaria a amenizar um dos principais problemas que foi a não delimitação do território da Palestina em maio de 1948.

Devemos lembrar que a região em que se encontra a cidade de Jerusalém, em Israel, é também considerada sagrada para três das maiores religiões monoteístas do mundo: o cristianismo, o judaísmo e o islamismo. Em alguns lugares do planeta você percebe a convivência pacífica dessas três religiões, assim como na cidade medieval de Toledo na Espanha. O problema no Oriente Médio é político. Os demais problemas, como o religioso, serão resolvidos por certo pois o Deus dos mulçumanos, dos judeus e dos cristãos é o mesmo.

Sim, só o longo aprendizado relativo à paz baseada no amor de Cristo fará que o mundo se transforme. Jesus em suas palavras maravilhosas e seu exemplo ímpar, disse: “Eu sou o pastor excelente; o pastor excelente entrega a sua alma em benefício das ovelhas. O empregado, que não é pastor e a quem não pertencem as ovelhas como suas próprias, observa o lobo vir e abandona as ovelhas, e foge — e o lobo as arrebata e espalha — porque é um empregado e não se importa com as ovelhas. Eu sou o pastor excelente, e conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e entrego a minha alma em benefício das ovelhas. E tenho outras ovelhas, que não são deste aprisco; a estas também tenho de trazer, e elas escutarão a minha voz e se tornarão um só rebanho, um só pastor”.

em 7 de agosto de 2014

Raul Meneleu às 08:07:00

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Lampião, o eterno fugitivo.

Lampião, o eterno fugitivo.
Por Raul Meneleu
Toda vez que tentamos enquadrar e definir Lampião, ele foge. Talvez até por conta de dificuldades que temos nos dias de hoje em estudar sua história, por conta de não termos mais referências vivas dos que andaram com ele ou o combateu, que possam tirar dúvidas surgidas por novas avaliações.
Herói ou bandido? Violento ou amoroso? Justiceiro ou generoso?  É isso. Toda vez que  procuramos definir Virgulino Ferreira da Silva, encontramos em sua história diversos caminhos que nos levam achá-lo bandido, herói violento, amoroso justiceiro e generoso.
Querem saber: ninguém está pondo em dúvida a existência de Lampião, assim como não podemos ver com cem por cento de garantia as histórias que se fala sobre ele e que cobrem a sua figura. E o que é pior, é que, com o passar dos tempos, vai ser cada vez maior o volume de versões a seu respeito,  cada vez fica mais longe da verdade em tal história. Não que duvidemos 100% da história dita oficial.
Se formos verificar, existem pelo menos dois "Lampiões". Um é aquele que cresceu em um ambiente violento onde a palavra do coronel, decidia sobre a vida e a morte daquelas pessoas que moravam ao seu redor e marcados por lutas sangrentas entre famílias de grandes proprietários de terra. O outro Lampião, é aquele jovem que trabalhava como tropeiro para seu pai, varando as veredas do sertão, levando mercadorias para as vendas das cidades, chamadas bodegas e também levar mercadorias para os comerciantes de ferramentas, tecidos, utilidades domésticas  e até mesmo para pequenos industriais com seus alambiques e engenhos de fabricar rapaduras e mel. Chegou até mesmo transportar mercadorias para o grande industrial Delmiro Gouveia em sua fábrica de linhas, no distrito de Pedras, atual Delmiro Gouveia, município brasileiro no estado de Alagoas.
Lampião, aliás virgulino, era também um bom artesão. Ele fabricava celas, arreios, capas para facões, chicotes de couro e também era um bom domador de cavalos e burros Era bastante conhecido na região. Além disso ele era um ótimo versejador e tocava sanfona de 8 baixos que acompanhava os seus versos. Ora, era um rapaz que por ter seu trabalho, seu ganho e seu sustento, quando estava em casa principalmente nos fins de semana, onde ia para aquelas festinhas, aqueles arrasta-pés tão famosos no sertão, com dinheiro no bolso para consumir bebidas e gastar com os seus amigos, só podia ser famoso mesmo! Isso causava inveja a alguns rapazes e entre eles o Zé Saturnino, que era filho de um fazendeiro que possuia mais posses que o pai de Lampião, Zé Ferreira.
Virgulino foi poeta, foi amigo, foi valente, foi namorador. Tornou-se o homem que viveu à margem da lei depois que passou a ser perseguido pelos seus inimigos que tinham inveja de sua juventude e da sua capacidade em conquistar amigos.
A partir de 1922, quando assumiu o grupo de cangaceiros que participava, conseguiu criar a seu redor, um imaginário fabuloso. Quando se tornou uma pessoa bastante perseguida pelas volantes policiais, que constantemente estavam no seu encalço, foi criado então esse imaginário. Criado Por muitos repentistas que faziam os seus cordéis para serem vendidos nas feiras das cidades do nordeste, onde
alguns deles chegavam a tocar sanfonas e violas, mostrando nos seus versos  versões imaginárias desse homem tão perseguido. Eram histórias mirabolantes nessa cultura que se escrevia e que explodia nos cantos da pobreza e da própria fome dos sertanejos.
Lampião nunca apresentou pra ninguém uma plataforma política ou um programa de reinvindicações sociais, mas traduziu como ninguém a  insatisfação popular contra um regime autoritário que já perdurava há muito tempo e que infelizmente até os dias de hoje persiste. Regime autoritário de nossa história, que ficou conhecido como República Velha, se bem que na República Nova, que já se iniciou corrupta, pois tinha os mesmos personagens corruptos da Velha, na sua linha de frente. Não é a toa que Jornais da época que recebiam benesses do governo, procurassem mostrar Lampião com imagem de criminoso de alto grau de delinquência, procurando com isso denegrir totalmente o lado humano e social vivido por lampião e seus cangaceiros.
Contrário a isso,  de Lampião traduzir como ninguém a insatisfação popular, os poetas de cordel que estavam constantemente nas feiras das cidades do nordeste, mostraram um Lampião valente, com alto grau de capacidade libertadora dos pobres, suas lutas contra os poderosos e que até hoje é lembrado e cantado pelos poetas e repentistas. É Por isso que, tão impressionante figura lendária de Lampião seja um pretexto para acabar com as injustiças sofridas pelos mais pobres.
Aqueles que persistem em falar mal de Lampião, não vêem ou fazem que não ver, que em um ambiente seco do sertão, na catinga nordestina, outras crianças, com suas famílias, sofrem o descaso das autoridades até os dias de hoje.
Lampião tem de ser examinado pelos olhos da sociologia e não pelo olhar policial, pois já fazem mais de 80 anos de sua morte. Foram muitas histórias de ódio, mas também teve muitas histórias de amor e de generosidade, pois Lampião também foi capaz de amar.
Realmente meus amigos, falarmos desse personagem histórico, desse mito, nunca é, colocar um ponto final nessa história. Porque Muitas ainda estão escondidas e à medida que o tempo passa,  se refaz cada versão dessa história.

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

O Sete de Setembro

Do amigo José Bezerra


Amanhã, 7 de setembro, será feriado. De quê? Não venham me dizer que é da independência do Brasil.
Engana-se quem pensar que o Brasil se tornou independente “num estalar de dedos”, com uma simples proclamação de D. Pedro de Alcântara.
O “grito” de Dom Pedro na beira do Riacho do Ipiranga, proclamando a independência do Brasil, assistido apenas pela comitiva que o acompanhava, não passou de um *ato simbólico* num episódio galante em que um príncipe português, confiando em que não sofreria represálias de seu pai, declarou o rompimento com Portugal. Porém, na prática, quase nada mudou com o 7 de Setembro. A independência do Brasil era uma coisa fictícia, pois Portugal continuou considerando o Brasil parte integrante do *Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves* e pretendia reconduzi-lo à condição de simples *colônia*.
A proclamação de D. Pedro no Ipiranga poderia vir a ter o mesmo desfecho de episódios anteriores, tais como, a *Inconfidência Mineira* (1789), a *Conjuração Carioca* (1794), a *Conjuração Baiana* (1796), a *Conspiração dos Suassunas* (1801), a *Revolução Pernambucana* (1817) e a *Confederação do Equador* (1824). O episódio do Ipiranga em 7 de setembro de 1822 encontrou eco efetivo apenas no Rio de Janeiro, Minas e São Paulo. Portugal reagiu. Cinco províncias brasileiras – Bahia, Piauí, Maranhão, Grão-Pará e Cisplatina – continuaram leais ao rei e às Cortes de Lisboa.
Quanto aos fatos precedentes da independência, a historiografia oficial pôs seus holofotes sobre a Inconfidência Mineira, enfatizando exageradamente a sua importância. *A Inconfidência Mineira não foi nada em comparação com a Revolução Pernambucana de 1817*. O que houve em Minas Gerais não passou de uma conspiração inocente de *intelectuais platônicos* que se reuniam em saraus literários.
O Brasil tornou-se de fato politicamente independente foi nas lutas travadas nos mares e campos baianos, que culminaram no *2 de julho de 1823*, quando as tropas portuguesas foram expulsas.
Infelizmente os historiadores não dão a devida importância ao episódio do 2 de Julho. Os próprios baianos se encarregaram de transformar a comemoração do 2 de Julho num folguedo folclórico e os políticos aproveitam a ocasião para subir nos palanques. O Aeroporto de Salvador denominava-se *Aeroporto Internacional 2 de Julho*, mas um deputado baiano desmiolado propôs e seus pares aprovaram a mudança do nome, pondo eu seu lugar o de um político inexpressivo.
Nós, nordestinos, precisamos conhecer a história da nossa terra. Costumo dizer que a melhor forma demonstrarmos amor à nossa terra é estudando a sua geografia e a sua história.
Você quer conhecer em profundidade a Revolução Pernambucana de 1817, a Confederação do Equador e os fatos que precederam o 2 de Julho? No meu *Capítulos da História do Nordeste* eu conto em detalhes, praticamente dia a dia, mês a mês, os entreveros ocorridos entre 1921 e 1923, destacando a figura heroica de Cipriano Barata, a morte de sóror Joana Angélica, as lutas travadas em Itaparica, Cachoeira e outras vilas do Recôncavo, a atuação do bravo general Labatut e de Lorde Cochrane, a Batalha de Pirajá, o cerco à cidade de Salvador e a capitulação do comandante português, general Madeira de Melo.
Confiei a venda do meu livro ao *Professor Pereira – contato pelo WhatsApp (83) 9 9911-8286*. (Gosto de escrever, mas não sei vender meus livros: se pudesse dava todos de graça aos amigos.)

Dr. Leandro Cardoso responde ao amigo José Bezerra:

Duas palavras sobre a inpendência do Brasil:
Uma das mais sangrentas batalhas pela nossa Independência foi a Batalha do Jenipapo, ocorrida em 13 de março de 1823, nas margens do Riacho Jenipapo em Campo Maior, Piauí.
O Piauí era uma província estratégica para Portugal, tanto é que D. João VI designa para comandá-la o Major João José da Cunha Fidié, experimentado militar nas lutas contra Napoleão Bonaparte. Portugal, ao que parece, já sabia que não conseguiria manter todo o território brasileiro sob suas asas, então concentrou sua atenção e suas forças na província do Piauí, pois do Piauí para o oeste (Maranhão e Grão Pará) não havia simpatia ou focos de “independência”. Ou seja: o Brasil de quebraria no Piauí.
E Portugal garantiria para si todo o Norte.
Entretanto, o Juiz João de Deus e Silva e o grande comerciante de Parnaiba Simplicio Dias da Silva, proclamam a independência em Parnaíba (norte do Piauí), influenciados pelos cearenses. Vale lembrar que a capital do Piauí na época era Oeiras, muito distante de Parnaíba. Então quando Fidié soube do ocorrido, arregimentou seus soldados e a artilharia e marchou sobre Parnaíba com força total, deixando desguarnecida a capital Oeiras. Esse foi seu erro.
Quando ele chega em Parnaíba e se apossa da cidade (os que proclamaram a independência fugiram para o Ceará, pois não tinham homens suficientes para confrontar Fidié), e manda rezar um TeDeum na igreja de Nossa Senhora das Graças em homenagem a Dom João VI.
Nesse ínterim, Oeiras é tomada por Manuel de Sousa Martins (futuro Visconde da Parnaíba), que tomar o quartel e a casa da pólvora.
Quando Fidié fica sabendo que Oeiras caiu, fica possesso. Deixa alguns soldados em Parnaiba, guardando a cidade e volta no rumo de Oeiras para retomar a cidade, pois ele achava que não teria qualquer resistência dos piauienses. Ledo engano.
No meio do caminho, na altura de Piracuruca ele tem o primeiro confronto com os brasileiros: o combate do Jacaré, que foi uma pequena escaramuça.
Ele segue adiante e na altura de Campo Maior nas margens do Riacho Jenipapo ele se depara com os brasileiros (piauienses, maranhenses e cearenses), armados com foices, fações, espadas e poucas armas de fogo, na sangrenta Batalha do Jenipapo, onde mais 200 brasileiros perderam a vida. Fidié os massacra, mas comete outro erro: julga que Oeiras estaria fortemente guardada. Ledo engano. Os poucos brasileiros que guardavam Oeiras não seriam sequer ameaça a Fidié.
Mas o que ele faz: atravessa o Rio Parnaíba na altura do Porto de Estenhado (hoje cidade de União) e vai para o Maranhão para tomar Caxias importante ponto comercial da região.
Os brasileiros se reorganizam e cercam Fidié em Caxias, pois este havia sofrido muitas deserções e acaba sendo preso em Caxias e conduzido para São Luis.
Essa foi, portanto, batalha que garantiu a unidade da região meio norte e Norte do Brasil.
Nós perdemos a batalha, é verdade; mas ganhamos a guerra.
LEANDRO CARDOSO: Outra história interessante sobre as lutas da Independência no Piauí:
Um dos revolucionários e propagadores do movimento era Leonardo Castelo Branco. Ele foi traído e entregue aos portugueses no Porto de Melancias, no Rio Parnaíba. Foi conduzido para São Luis e de lá para a Famosa Prisão do Limoeiro em Portugal. Escreveu cartas para a família usando o próprio sangue como tinta, e fez uma promessa a Nossa Senhora das Dores que se saísse com vida de lá, acrescentaria o nome da Mãe de Deus ao seu próprio nome. E assim foi feito.
Foi libertado, mudou o nome para Leonardo de Nossa Senhora das Dores Castelo Branco e faleceu em 1873 em Campo Maior.

domingo, 6 de setembro de 2020

Padre Cícero e o homem que o olhava no caixão

Sempre quando olhava e olho essa foto do Padre Cícero morto no seu caixao, ficava e fico imaginando quem eram essas pessoas ao redor.
Hoje consegui identificar a pessoa que está ao lado do Padre olhando para seu rosto. Trata-se do Senhor José Bezerra, fazendeiro em Juazeiro, pai do ex-governador do Ceará Adauto  Bezerra.
Veja Aqui