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terça-feira, 30 de agosto de 2016

O CHAPEU DE LAMPIÃO

O chapéu de Lampião trazia diversas moedas e medalhas de ouro dentre outros adornos. 

Os motivos e as estrelas dos chapéus dos cangaceiros variavam muito e isso tinha que ver com o status de um cangaceiro para outro. Pelo tamanho e pelo ouro e medalhas de ouro dos enfeites, permitia-se fazer a comparação da importância que o mesmo tinha. Sabemos de cangaceiros ricos, tais como Zé Baiano, que emprestava dinheiro a comerciantes e fazendeiros e de importância como o chefe de seu próprio bando, Corisco, que através de suas indumentárias mostravam seu status no grupo. 

"Certos motivos, é possível observar nas fotografias, representam flores brancas cercadas de um círculo sobre fundo branco, como no chapéu de Lampião; outros parecem árvores estilizadas feitas de couro branco, ou como o chapéu de juriti e outros ainda, que representam estrelas brancas com oito ramificações sobre fundo negro, como o de Corisco. Todos esses chapéus eram enfeitados com medalhas e moedas. A base e as correias do chapéu de Lampião estavam de tal forma carregadas que um jornalista, descrevendo-as depois da morte do cangaceiro, diz que se tratava de uma "verdadeira exposição de numismática." - Citação da escritora Elise Grunspan-Jasmin em seu livro Lampião, senhor do sertão - Frederico Pernambucano de Melo faz referência à exposição de numismática citando o jornal paulista Diário de São Paulo de 31 de julho de 1938,

Após a morte de Lampião, as Forças Volantes apossaram-se de suas roupas e de seus acessórios. Essas roupas foram inventariadas e expostas, durante algum tempo, na caserna da Polícia Militar de Maceió, antes de serem expostas numa das vitrines do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. 

Eis a descrição do chapéu de Lampião dada pelo inventário montado em 26 de novembro de 1938, no quartel-general do regimento de Maceió, datilografado pelo aspirante Messias Ferreira da Silva e assinado pelo coronel T. Camargo Nascimento. O ato de inventário conserva-se atualmente no Instituto Histórico e Geográfico de Maceió, Alagoas.

CHAPEUDe couro, tipo sertanejo, ornado em alto relevo em suas abas, com seis signos de Salomão; barbicacho — de couro, com 46 centímetros de comprimento e ornado em ambos os lados com cincoenta e cinco (55) peças de ouro, de confecção variada, como sejam: botões para colarinho, para punhos e cartões tipo visita, com variadas inscrições, como "AMOR", "RECORDAÇÃO", "LEMBRANÇA" e "AMIZADE", e em alguns, um "P" como inicial e em outro "C.L", e mais três anéis, sendo um com pedra verde, outro uma aliança e o terceiro, um de identidade gravado o nome "SANTINHA"; 

TESTEIRAde couro com quatro centímetros de largura e vinte e dois centímetros de comprimento, onde estão afixadas as seguintes moedas e medalhas: duas com a gravação "DEUS TE GUIE", duas libras esterlinas, uma moeda brasileira de ouro com a efigie de "PEDRO II", de 1885, e ainda duas brasileiras de ouro, respectivamente de 1776 e 1802; 

BARBICACHO TRAZEIROde couro com as mesmas dimensões da testeira e ornado com as seguintes peças de ouro: duas medalhas com a inscrição da palavra "AMOR" e uma com a mesma inscrição e um brilhante pequeno e quatro outros de desenhos diferentes. 

Como percebemos na atualidade, o chapéu é o ponto principal para reconhecimento de um traje cangaceiro. É a fachada ostensiva. Em nosso encontros de discussão e conhecimento da história, encontramos amigos nossos, vestidos como cangaceiros onde o destaque principal é o chapéu. 

Foto do filme de Benjamin Abrahão
Frederico Pernambucano de Mello em seu livro Estrelas de Couro, referindo ao chapéu, nos fala das missões silenciosas, caminhando o bando por lugar aberto, sujeito a ser avistado de longe, ou entrasse em canoa para atravessar o São Francisco, Lampião advertia a tirar o chapéu. Era como que o único detalhe de se saber quem era cangaceiro fosse o chapéu. Era a condição de se ser cangaceiro. E ao tira-lo da cabeça, estavam  disfarçados de volantes e isso era estratégico. 

Foto do filme de Benjamin Abrahão
"Como expressão de arte, o chapéu tem vida própria, podendo ser lido, em seus aspectos estético e místico, com ou sem o geral da vestimenta... vistosos, ilhoses e circunstancialmente fitas, há de ser apreciado no conjunto que encerra em harmonia com a cabeça, não resistindo à decomposição. Os elementos, por si, ou são, no máximo, discrepâncias de padrões conhecidos milenarmente ou, pior, séries industriais, o que de mais fundo podendo arrancar-se de cada um destes não indo muito além do que vimos, salvo quanto a algumas sugestões adicionais ligadas à flora sertaneja. As fotografias depõem com eloquência. A foto, muito nítida, das cabeças de Lampião e seus homens, colhida na escadaria da Prefeitura de Piranhas, Alagoas, no dia mesmo do combate do Angico, apresenta treze chapéus arrebatados aos cangaceiros pela volante. Não há dois iguais. Tão ricos em tema e valor material quanto o do chefe, sim. O de Luís Pedro, lugar-tenente do bando, igualmente abatido, ilustra ambas as vertentes. O mesmo se diga quanto aos outros dois comentados, o de Zé Baiano e o de Corisco. Os demais, estando longe de ser pobres, rivalizam mais propriamente no que toca à estética. Registre-se ainda terem sido conjuntos notáveis, em todos os aspectos, os chapéus de Moderno, de Mariano, de Zé Sereno, de Gato, de Canário, de Juriti, de Balão, subchefes a serviço do capitão. E não se deixe de insistir no que ouvimos dos ex-cangaceiros Candeeiro e Barreira: que ao chefe ou subchefe, padrinho ou patrão, cabia enfeitar seus afilhados, sem exclusão dos riculutas [recrutas]. Os cabras sob sua direção, enfim. A tarefa consistindo não somente no fornecimento dos metais nobres, do pouco ouro e da alguma prata como vimos, mas também do auxílio na confecção dos ornatos. Nada rara a prática do padrinho confeccionar peça na intenção de presentear o afilhado. - Estrelas de Couro pgs 73-74.

Foto do filme de Benjamin Abrahão
E de onde vinha esses chapéus? O próprio autor de Estrelas de Couro nos fornece a resposta quando nos informa que eram confeccionados com couro de veado e vinham de Rio do Sal, povoação próxima a Paulo Afonso na Bahia e que eram confeccionados por mestre Duda, Joaquim Ribeiro dos Santos, casado com uma tia de Maria Bonita, irmã de dona Déa. As peças vinham apenas com a barbela de prender no queixo, deixando os enfeites para serem confeccionados em tempos de coito manso.



domingo, 28 de agosto de 2016

A importância de lembrar os assassinados por Lampião

Cassimiro Gilo sobrevivente da chacina
(com o neto Djalmir - filho de D. Dejinha)
Foto do livro As Cruzs do Cangaço
Hoje 28 de agosto celebra-se a lembrança de um dos maiores crimes cometidos por Lampião e seus cangaceiros. Trata-se do assassinato de uma família quase em sua inteireza, onde apenas um dos filhos do patriarca escapou por não se encontrar em casa, Cassimiro Gilo, com 15 anos de idade. Ontem, 27 de agosto de 2016, foi celebrado a missa marcando 90 anos da chacina da família, onde o Grupo Florestano de Estudos do Cangaço - GFEC, organizou a Missa de 90 anos da chacina da família Gilo

Estiveram presentes os membros remanescentes da família e os amigos João de Sousa Lima, Marcos de Carmelita, Cristiano Ferraz, Manuel Serafim, Lourinaldo Teles, Betinho de Numeriano, Giovane Macário e Ana Amélia, que atuam na história do cangaço, relembrando através de seus escritos as perversidades de Lampião e seus cangaceiros. A família Gilo e convidados ouviram o Padre italiano Giovanni Malacrida, da paróquia de Floresta realizar a Missa de 90 anos da chacina da família Gilo.

A MORTE DE MANOEL DE GILO 

Quando estive no local do ataque de Lampião à casinha de pau a pique onde Manoel Gilo residia com familiares, encontrei apenas um desvão cavado, onde vim a saber que era um compartimento tipo porão, onde era usado para armazenar gêneros alimentícios e sementes. Segundo nossos guias, os amigos Marcos Antonio de Sá e Cristiano Ferraz, autores do livro "As Cruzes do Cangaço", já havia pouca munição restante e os
"rifles esquentaram tanto que chegaram a queimar a coronha e tinham de ser colocados dentro de um coxo com água, para tentar resfriá-los. Lampião percebeu a posição de onde os tiros estavam sendo disparados, passando perto deles, e ordenou que os cangaceiros atirassem mais na direção das telhas, conseguindo atingir os que estavam naquele local, chegando a derrubar a linha da casa. A aflição e o desespero tomaram conta de todos. A casa de barro feita de pau a pique já se encontrava completamente destruída, devido à quantidade de tiros. A luta estava chegando ao fim, os Gilo não tinham mais a quem recorrer. A artilharia pesada em cima deles não dando trégua pouco a pouco foi tirando o ânimo dos sitiados. A morte com seu cajado anunciava a sua chegada. Do outro lado, Lampião e sua horda de malfeitores cantavam gritos de vitória, anunciando o fim da batalha. Por volta das onze horas a munição dos Gilo acabou e o tiroteio foi cessado. O silêncio dominou o ambiente. Dentro da casa os homens estavam mortos, restando apenas Manoel Gilo, que estava ferido e com as mãos em carne viva, devido ao aquecimento das armas. As mulheres não foram atingidas pelos disparos e estavam todas dentro do aloque. Pacífica segurava o filho pequeno, Manoel, que chorava muito. Dona Alexandra, Lulu e Maria Pequena estavam em prantos, vendo seus familiares e amigos mortos. Lulu ainda não sabia que o seu pai, João Gabriel de Barros, o Janjão, tinha sido assassinado pelos bandidos, junto ao amigo Chico de Rufina. Os cangaceiros derrubaram a porta da casa, retiraram Manoel e o levaram à presença do chefe. Lampião olhou para Manoel e disse: - Manoel de Gilo, se você garantir de andar comigo eu garanto o resto da sua vida. E Manoel respondeu: - Eu num garanto não, porque a minha família já se acabou toda e eu num posso andar com você não. Manoel, segurado pelos cangaceiros, perguntou a Lampião o motivo de ele ter atacado a sua família, dizendo que nunca fora seu inimigo. Lampião, sentindo a fibra e a coragem do sertanejo, então falou: - Você pensou que podia mangar de mim, Mané de Gilo? Quem fez, eu vim aqui foi essa carta que você mandou pra mim. Lampião apresentou a famigerada carta, e Manoel defendeu-se, dizendo: - Essa carta é uma mentira, por que eu num sei ler e nem escrever, como é que eu ia escrever? No que Lampião disse: - Rapaz, cuma é essa história? E Manoel de Gilo virou-se para Horácio e continuou: - Isso ai tudo foi por conta desse bandido, desse ladrão safado, que me jogou nessa ratoeira. Nesse momento Lampião já começava a acreditar nas palavras. Foi quando Horácio, sem dar tempo ao seu desafeto defender-se, chegou sorrateiramente por trás de Manoel e fez disparo com seu parabélum, atingindo-o mortalmente na altura do pescoço. Lampião percebeu então o que tinha se passado, a trama na qual ele tinha sido envolvido, fora usado por Horácio para concretizar a sua traiçoeira vingança. Os cangaceiros arrastaram os corpos, colocaram no terreiro da casa e saquearam todos os objetos de valor que enconiraram. Lampião, revoltado com a atitude de Horácio, pensou em matá-lo. Discutiram, os dois titãs se encararam e por pouco não aconteceram  mais mortes. Aos pés da quixabeira que ficava no terreiro, uma cena macabra, sete corpos espalhados pelo chão, entre eles: Gilo Donato e os filhos Manoel de Gilo, Evaristo Gilo, Joaquim Gilo, Henrique Damião (genro), Permínio (parente) e José Pedro de Barros (vizinho e parente). Dona Alexandra, encostada na árvore, desconsolada com o filho Manoel no colo, afagava seus cabelos lavados de sangue, perplexa, em estado de choque, sem conseguir acreditar no que tinha acontecido. Um pouco afastado da casa, junto à cerca, estava morto Ernesto do São Pedro, que pagou com a vida sua lealdade à família Gilo. Perto dali, junto aos escombros restantes da casa de Ezequiel Damião, estavam os corpos de Chico de Rufina e João Gabriel de Barros (Janjão). No Riacho do Arcanjo, localizado na estrada que ligava Floresta ao povoado de Barra do Silva, embaixo de uma quixabeira, estava Pedro Alexandre, assassinado pelo cangaceiro Barra Nova. Alexandre Ciríaco fora deixado no local onde morreu, a cerca de duzentos metros do epicentro da tragédia." - Trecho do livro AS CRUZES DO CANGAÇO pg 123

Como vimos nesse relato cheio de detalhes, presenciamos novamente naquele local a tragédia, a dor sentida, usando cada um de nós de empatia, por aqueles que passaram por tal sofrimento.

Urge que estejamos alertas para fazermos sempre essas celebrações em lembranças dos assassinados por tão famigerado bandido que assolou o sertão nordestino no século dezenove. Urge que em nossos próximos encontros de estudiosos da Saga Cangaço, façamos-nos lembrar de famílias destruídas por cangaceiros tais como Lampião, Corisco, Gato e outros, que infelizmente alguns teimam em "branquear" suas histórias com um manto de justiceiros, o que nunca foram.

Lampião era um bandido feroz e desalmado e em sua sanha assassina matou a muitos e destruiu lares. Abaixo apenas para lembrar esses acontecimentos deixo registrado a apresentação da tragédia feita à família Gilo e logo abaixo, outra tragédia praticada nos estertores do cangaço, logo após a morte de Lampião, que foi o assassinato de outra família no sertão alagoano; a família do Vaqueiro Domingos Ventura, para que os amigos tenham conhecimento: 

A Chacina da Família Gilo por Lampião 

A narrativa abaixo, do Senhor Celso Rodrigues, foi feita para mais de uma centena de pesquisadores, historiadores e admiradores do tema Cangaço. Foi proferida na Fazenda Patos, no município de Piranhas no Estado de Alagoas, Brasil, que foi o palco de uma das maiores atrocidades desse cangaceiro Corisco para vingar a morte de Lampião, o Rei dos Cangaceiros. Corisco matou seis pessoas e degolou suas cabeças e as enviou para o Tenente João Bezerra, comandante das Volantes que trucidaram Lampião, Maria Bonita e alguns cangaceiros. Eram as vítimas pessoas inocentes que não tiveram nada com a morte de Virgulino Ferreira, o Lampião. Foi o próprio delator quem indicou a Corisco que a traição, tinha vindo da família do vaqueiro, o Senhor Domingos Ventura. Foram assassinados além dele, sua esposa e mais quatro membros de sua família.

A Vingança de Corisco no Palco dos Inocentes 








terça-feira, 16 de agosto de 2016

Volantes e Cangaceiros - Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come

O velho fazendeiro dizia a seu hóspede, que lhe pedira para passar uma noite arranchado em seu alpendre, visto o tempo ter fechado no horizonte próximo com nuvens escurecidas de chuva.

- Tem que ter cuidado pois essa região está infestada de cangaceiros!

E o mascate que pela primeira vez aventurava-se por aquela região, concordava com o balançar de cabeça e olhos arregalados. Vestia-se como um dandy. Seu modos finos e trejeitos denunciavam-lhe como um citadino que tentava imitar, e o fazia com perfeição, os modos finos daqueles que tinham bom gosto e senso estético, mas que não necessariamente pertenciam à nobreza. 

Trazia junto com ele, muitas quinquilharias de uso doméstico, juntamente com finos tecidos no intuito de vender para aqueles que tinham dinheiro para isso. As quinquilharias não; essas eram geralmente de preço acessível para as donas de casa em geral. Toda a mercadoria armazenada em uma cafuringa pequena, tipo T modelo 1929 da Ford.

A mulher e as filhas do fazendeiro, não saiam de perto, admirando aquele homem de fino trato e de olho nas mercadorias que ele lhes mostrava. As de uso doméstico mais cobiçada pela mulher do fazendeiro, e pelas filhas os mimosos e coloridos tecidos que poderiam fazer vestidos de festa.

- Pois bem, dizia o fazendeiro, "tive até que contratar jagunços pra proteger nossa propriedade e a gente. O governo seu moço, não cuida do sertão e abandona toda essa gente dessas bandas..."

A noitinha já tinha chegado e estavam sentados à mesa para fazerem a refeição da janta quando ouviram pisadas lá fora e um barulho de confusão. O fazendeiro levantando-se, foi abrir a porta e deparou-se com soldados de polícia, segurando os dois jagunços que tinha contratado e que foram presos pelo comandante da volante que apresentava-se à frente.

- Ora, ora, então quer dizer que coiteiro agora se protege com jagunços em armas né? Disse de chofre o tenente que comandava a volante.

- Que é isso seu tenente... esses homens estão ai pra proteger a gente dos cangaceiros! Disse o fazendeiro.

O tenente olhando pra dentro da casa, viu a mulher, as filhas e aquele homem engraçado com aquelas roupas apertadas, e entrando sem pedir licença foi dizendo:

- Quem é você cabra? O que está fazendo por essas bandas? É seu aquele caminhãozinho que tá lá fora?

E o comerciante, levantou-se e todo aprumado respondeu a inquirição:

Me chamo Aderbal Ventura, sou do Recife e estou nesse sertão de Deus para trazer progresso para essa gente tão abandonada. Minhas mercadorias estão como o Senhor pode ver, naquele canto ali, apontando para a lateral da sala.

- Pois muito bem 'seu" Aderbal, vá se afastando pro lado pois a conversa aqui não lhe compete. E virando-se para o fazendeiro disse: "Soubemos que o senhor está acoitando cangaceiros e viemos aqui pra lhe dar um aviso!"

Ao ouvir isso, o fazendeiro ficou lívido de temor e disse de imediato: "Como! Estou gastando dinheiro pra manter cangaceiros fora de minhas terras e protegendo minha família como o senhor pode bem ver com esses dois homens que estão ai presos! Como pode dizer isso?"

- Esses dois cabras estavam armados ali na porteira e devem fazer parte do bando que se acoitou aqui. Diga a verdade homem!

- Esses dois foram contratados por mim para proteger a fazenda e não são cangaceiros não "seo" tenente!

O tenente olhando malevolamente para a moças e para a mulher do fazendeiro, que entraram no quarto com medo, disse a seu sargento:

- Oiticica, pega um desses cabras, esse mais moço... e leve ali pra fora e tenha uma conversinha com ele pra ver se ele abre o bico.

De dentro da casa, todos ouviam a peia cantar em cima do pobre rapaz, que gritava espavorido da surra que tomava.

- Senhor tenente... mande parar por favor! - disse Aderbal.

- Que nada senhor Aderbal, o senhor tá passando por aqui pela primeira vez e não conhece essa corja de fazendeiros coiteiros de cangaceiros! O senhor vai ver que esse safado - se referido ao dono da casa - é coiteiro sim!

O fazendeiro olhava fixamente para o oficial e disse: "Isso que o senhor está fazendo é pior que os cangaceiros fazem!"

O tenente com muita raiva, partiu pra cima do velho e disse-lhe: "Véio safado é melhor você calar a boca senão lhe meto a chibata!" - Nisso o sargento vinha entrando na casa e disse: Senhor, o homem desmaiou,o que faço? E o tenente disse: "Pega o outro" - E o outro jagunço foi levado e feito o mesmo serviço com ele. Apanhou até dizer chega, mas não disse nada que incriminasse o dono da fazenda.

O Tenente, abriu a porta e disse para o cabo que guarnecia a porta: Juventino, vá lá na cozinha e pegue a empregada e leve ali pra fora pra ela se explicar também!

O velho fazendeiro, com ira nos olhos arregalados por ver tanta perversidade, disse: "Essa é sua autoridade tenente! Bater nas pessoas de bem?"

- Cala a boca véi safado, senão lhe meto uma bala nela!

Foi quando a mulher do fazendeiro e as filhas, chorando e gritando pedindo que parassem com aquilo, saíram do quarto e a mulher do fazendeiro foi dizendo: "Eu conto tudo "seo" tenente! Não faça nada com meu marido!" - e o chororô aumentava e as moças tremiam de medo - E ouvia-se o clamor da empregada sendo surrada no pátio da fazenda. A lua iluminando com sua luz prateada, o terreiro, o curral e os bois deitados como se tudo estivesse bem. Os soldados riam daquela cena, espichados pela calçada do alpendre. A empregada não tinha levado nem três lamboradas de cipó de pau-ferro, quando gritou que iria falar.

- Eu conto... eu conto tudo... - gritava a mulher. - "eles estiveram aqui a cinco dias atrás... estão agora lá naquele lagêdo das seriemas. Ficaram aqui apenas uma noite e foram embora. Ouvi eles dizer que iam pra Seriema "seo" tenente!"

- Não disse senhor Aderbal? O senhor pode entender de comércio, mas quem entende de coiteiro sou eu. - E virando para o sargento disse: "Solta todo mundo! Vamembora gente, vamo pegar esses safados!"

Esvaziaram a dispensa, saquearam o que podiam saquear, e a soldadesca invadiu a casa e levaram também muitas bugingangas e tecidos do dandy que olhava estupefato sua mercadoria sumir na noite adentro.

Já eram umas quatro horas da manhã e o dandy arrumando o restinho de sua mercadoria na cafuringa, ouviu quando a empregada disse baixinho para a patroa "que tinha mentido para se ver livre da peia."

- Fala baixo menina, fala baixo... dizia a patroa.

A manhãzinha já vinha clareando tudo e o sol amarelado despontava. A chuva que prometera arriar no sertão tinha ido embora como se dissesse que aquela terra não merecia suas águas. O galo cantava e o mascate apressado para ir embora dali, rejeitou o convite do fazendeiro para tomar café. O fazendeiro despediu-se dele dizendo:

Tá vendo "seo" Aderbal... é cangaceiro de um lado e a volante do governo por outro!



domingo, 14 de agosto de 2016

CANGACEIROS: Perversidades e Violências

Comecei a ler e marcou-me a narrativa do autor, que conta-nos um acontecido que se deu nas entranhas da caatinga dos cardeiros espinhentos, do sertão das almas que pedem chuva e quando essa não vem, choram. Choro esse para molhar o chão ressequido que recebe aquela secreção de cor do sofrimento suspirado e salgado e salgado fica cada vem mais, o chão. 

Certo dia, conta-nos José Lins do Rego, apareceu na cidadezinha que estava perdida na caatinga do sertão pernambucano um homem com uma viola nas costas, um saco nas mãos e atravessado em seu peito uma rede de dormir servindo de colete. Era um cantador desses que o sertão já vira por diversas vezes perambulando pelas feiras populares.

O cantador chamava-se Deocleciano e em cada cidadezinha que passava, as pessoas conheciam sua força expressiva pois contava estórias que faziam aquela gente chorar, rir e admirar sua desenvoltura e que deixavam marcadas nas mentes como um ferro de marcar gado aqueles que o escutavam. "Fora amigo de cangaceiros. Não dizia nada para não ser tomado como espia. Deus o livrasse de cair na mão de uma volante, de tenente de polícia. Conhecia cangaceiro de verdade. Nem era bom falar."

Antônio Bento, que ajudava na igreja, como coroinha, se tornara seu amigo por admirar a vida de liberdade daquele menestrel vagabundo e ouvia atento suas narrativas. Só dizia tais para Bentinho (como todos o chamavam) para que ele pudesse avaliar sua força mostrada aos cangaceiros, cabras que gostavam de ouvir viola nas noites de lua, nos ermos da caatinga. Cantava para eles com paixão. 

"Lá para as bandas de Princesa estava aparecendo agora um Ferreira, que era um bicho danado. Diziam que ele estava vingando a morte do pai. E que não respeitava nem os coronéis do cangaço! - Menino, não queira ver cangaceiro com raiva. Dê por visto um demônio armado de rifle e punhal. Eu estava uma vez numa fazenda perto de Sousa. Chegara lá depois de dez léguas tiradas a pé. O homem me deu pousada. Dormi no copiar da casa, na minha rede.
No outro dia, mais ou menos por volta das duas da tarde, nós estávamos na mesa, na janta, quando vimos os cangaceiros na porta. A família correu para as camarinhas e eu e o velho ficamos mais mortos do que vivos, estatelados. Era Luís Padre com o bando dele. "Velho safado!", foi ele gritando logo, "se prepare para morrer." O homem se levantou e foi duro como o diabo: "Estou pronto bandido, faça o que quiser". 
Luís Padre perguntou pelas moças. Queria comer. O pessoal estava fome. E foi andando para o interior da casa. O velho pulou em cima dele como uma cobra. Nisto os cabras se pegaram ele. "Amarre esta égua", gritou Luís Padre. As moças e a velha correram para a sala de janta, fazendo um berreiro como se fosse para defunto. "Meninas", disse o chefe do bando, "nós queremos é de comer. Deixa a velha na cozinha. Nós queremos é conversar com vocês." 
Nisso a velha caiu nos pés de Luis Padre: "Capitão, respeite as meninas! Não ofenda as minhas filhas, capitão!" - "Ninguém vai ofender as meninas, velha cagona!" E foi uma desgraça que eu nem tenho coragem de contar. Os cabras estragaram as moças. Ouvi o choro das pobres, os cabras gemendo no gozo, o velho urrando como um boi ferrado. Foi o dia mais desgraçado de minha vida.
No começo eles quiseram me dar. Contei que não era dali. O homem me dera uma pousada. Eu era um cantador. Então botaram as moças quase nuas no meio da casa. Tinham que dançar. Nunca na minha vida vi cara de gente como a cara das moças. Estavam de pernas abertas até grudadas nos cabras. Toquei viola e cantei até de madrugada. Fiquei rouco, com fala de tísico. Depois eles deram uns tiros no velho e meteram o pau na na mulher. Tive que sair com o grupo até longe. Me disseram horrores. Se a polícia chegasse no Espojeiro, tinha sido coisa minha. Quando me vi solto na caatinga, estava como um defunto, nem podia dar dois passos. Era de noite. O céu do sertão era um lençol de algodão com a lua. Não tive mais coragem de andar. Estendi minha rede debaixo de um pé de umbú e dormi. Dormi tanto que acordei com sol na cara. A minha goela queimava como se eu, tivesse comido um punhado de pimenta. O meu corpo estava podre. E nem quis mais pensar na noite da desgraça. Menino, dois meses depois, ainda tinha na cabeça o velho esticado no chão, as meninas dançando, a velha chorando. Tive até medo de ficar doido. Foi ai que pus a história no verso. E na feira de Campina Grande, quando cantei a coisa pela primeira vez, vi gente chorando e mulher se benzendo. O dono do hotel mandou botar no jornal da Paraíba a cantiga que eu tinha feito. Um sujeito do Ceará mandou um recado. Queria que eu dissesse as coisas para ele passar no papel. O velho Batista da Paraíba fez umas loazinhas parecidas, igualzinhas aos versos que ele tirava para Antônio Silvino, e botou para vender nas feiras."

Essa narrativa, de José Lins do Rego, grande escritor da moderna literatura brasileira, é ficção das boas. Mas quem duvida que essas coisas aconteceram de verdade? Devem ter ocorrido diversas vezes, pois raça mais miserável e perversa que a de cangaceiros não existiu no sertão nordestino. 

sábado, 13 de agosto de 2016

Lampião Azul

As volantes vinham bem "pertin", estava nos "casco" dos "cangacêro". Todos iam numa pisada só, como se corressem junto com o vento. Lampião na retaguarda e dona Maria na frente do grupo. Como um Lobo protegendo os seus, o "doca" ia vigiando o passar de vassoura de galhos feita por um dos seus que estava mais atrás apagando os rastros. 

Apaga rastros acolá e ali e chegam num grande lagêdo e ficou mió pros disfarce. Correram rente a um terço de Nossa Senhora, desenhado nas pedras quando ela passara a muito tempo por ali, e agora era como se fosse um aviso dizendo "venham por aqui".

Cansados chegaram a um local escondido por entre a caatinga branca. Estavam todos com suas vestimentas de mescla azulada qui nem o manto da Virgem. 

- Qui lugar é esse "meu capitão?" - disseram todos em uníssono.

Lampião com aquele olho bom, alumiou de espanto seu olhar e viu o branco das árvores retorcidas, secas como estivessem mortas. Olhou pro céu e viu aquelas nuvens grandes e brancas, tipo aquelas que enfeitavam os pés da Santa, um sinal de paz momentânea. A pureza do azul, cor do manto de Nossa Senhora, também era a cor da água, que espantado via naquele canto das pedras. Tinham se deparado com um oásis perdido naquele sertão quente e ressequido a Deus dará.

Muito ligado à natureza, Lampião mais que ninguém, assim como sertanejo calejado, carregava em sua indumentária as cores “puras” do universo; o vermelho do sangue, para ele o “encarnado” que lhes dava força, estava enrolado em seu pescoço em um belíssimo lenço de seda.  Como também todo homem do sertão, ele tinha uma relação de verdadeira adoração com a água, sempre tão escassa, o que fazia com que o azul fosse a cor do acalanto e da serenidade. Olhou para o sol, com a mão esquerda em pala e enxergou o amarelo, do ouro e da riqueza. Por vezes, todas as cores juntas, em combinações faziam-no manso.

- Aqui nóis se acoita hoje cabroeira! 

E todos aliviados daquela persiga feroz dos valentes nazarenos, trataram de descansar um pouco daquela sina maldita de perseguidos.

Ao cair a tardinha, ao tomar seu banho naquelas águas límpidas e azuis, sentiu um perfume delicioso, e um ouviu um som estranho e melancolicamente cadenciado, carregados pelo vento. Nunca tinha sentido tal perfume e ouvido aquela música. Era um ritmo cadenciado e choroso, como se quem estivesse cantando e tocando aquela viola estivesse chorando. Falava da desdita de viver nas agruras da caatinga, sem que ninguém tivesse um pouco de pena dele. 

Lampião foi se aproximando devagar, daquele local de onde provinha aquele som tristonho e de onde vinha aquele perfume. Viu um frasco caído e um líquido incolor a escorrer nas pedras do lagedo, quando de  repente deparou-se com um grande homem negro, acorrentado pelos pés a um tronco de baraúna. Estava com a viola na mão e dedilhava de forma compassada enquanto seu lamento saia de seus pulmões enfraquecidos pela desdita. Lampião olhando fixamente, ficou pasmo quando aquela imagem sumiu de repente de sua única vista boa. Esfumaçou-se instantaneamente. Ele pasmo, e consigo mesmo falando, gaguejava e dizia: ... esse local é encantado! Esse local é encantado!

Depois que a correria passou, e com alguns dias acoitados naquele local maravilhoso, Lampião e seu bando descansaram das refregas com as volantes. Ouviram sempre à mesma hora, aquela música tristonha e calmante, que faziam todos aqueles homens rudes pensarem na vida e acalmarem-se de sua violência com aquele perfume exalado das entranhas das rochas. 

Depois de saírem daquele local, nunca mais esqueceram aquele som maravilhoso e só depois de muito tempo vieram a saber que naquele local, há muitos anos atrás existia uma grande fazenda, que tinha muitos escravos, onde o seu Senhor vaidosíssimo não abria mão do seu perfume predileto; e que a música chamava-se Blue.

Acertaram entre si, que doravante em seus bailes perfumados, lembrariam dessa música e Lampião, vaidosíssimo, prometera a sua linda Maria, sempre usar o perfume que se tornou seu predileto também, o Fleurs D’Amour, da maison Roger & Gallet, fragrância essa criada em 1904 e, até o ano que aconteceu a grande tragédia de sua morte, e sempre vestir azul.


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quinta-feira, 11 de agosto de 2016

CANGAÇO - Cadim Machado, último coiteiro de Corisco

Essa postagem efetuada pelo confrade Geziel Moura na página do Grupo Público HISTORIOGRAFIA DO CANGAÇO, no Facebook, só vem a enriquecer o debate sobre essa saga que divide-se em diversos atos, cada qual mais impactante que o outro. Temos nessa reportagem do Geziel, o depoimento de quem viveu à época de um dos mais sádicos episódios do cangaço, que foi o assassinato cometido por Corisco e seu bando quando aniquilou estupidamente quase toda uma família, por ter recebido uma informação que achava ser verdade.

Essa história nunca poderá ser esquecida. O local da tragédia permanecerá para sempre na memória registrada por aqueles que escrevem e estudam o cangaço cujos principais personagens dele foram Lampião e Corisco. 

Estivemos nessa casa e já estava caindo aos pedaços, abandonada, e com certeza não resistirá por muito tempo. Mas a história selará sobre o local sua marca indelével pois já foi escrita em diversos livros e documentários como o que fiz, quando o chamei de A Vingança de Corisco no Palco dos Inocentes, quando uma comitiva de apreciadores da Saga do Cangaço, reuniram-se e escutaram essa essa narrativa feita pelo Senhor Celso Rodrigues.

História essa, registrada para mais de uma centena de pesquisadores, historiadores e admiradores do tema. Foi proferida na Fazenda Patos, no município de Piranhas no Estado de Alagoas, Brasil, que foi o palco dessa atrocidades cometida por Corisco e seu bando, para vingar a morte de Lampião, o Rei dos Cangaceiros. 

Corisco matou seis pessoas e degolou suas cabeças e as enviou para o Tenente João Bezerra, comandante das Volantes que trucidaram Lampião, Maria Bonita e nove cangaceiros. Eram as vítimas pessoas inocentes que não tiveram nada com a morte de Virgulino Ferreira, o Lampião. Foi o próprio delator quem indicou a Corisco que a traição, tinha vindo da família do vaqueiro, o Senhor Domingos Ventura. Foram assassinados além dele, sua esposa e mais quatro membros de sua família.

O amigo Geziel Moura inicia sua postagem:


"Em março de 2015, o escritor e pesquisador Sérgio Dantas e eu, tivemos a honra de entrevistar em Caboclo (AL), provavelmente, o último coiteiro de Lampião e Corisco, na região de Pão de Açúcar (AL), o senhor Cláudio Alves Fontes, o Cadim ou Cadinho Machado, falecido no inicio deste ano. Naquela ocasião, ele nos contou como ocorreu, a chacina da família de Domingos Ventura, pelo grupo de Corisco, com riqueza de detalhes.

Algum tempo atrás, produzi um vídeo de 30 min, que constam imagens atuais da Fazenda Patos e o áudio da entrevista que ele nos concedeu. Aproveito para agradecer novamente, o escritor José Bezerra Lima Irmão, que nos colocou na pista, desta extraordinária fonte do cangaço em AL. Segue portanto o link...."


Até então os comentários sobre essa postagem de Geziel, mostram o interesse que causou entre aqueles de sua lista de amigos. Vejamos alguns:


Noádia Costa Maravilha!!
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Junior Almeida Na minha opinião, Joca Bernardo foi o cabra mais desprezível de toda a história do cangaço. Acho até que mais do que Horácio Grande.
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Noádia Costa Concordo com vc Júnior. Mais terminou tendo um fim horrível. A chamada lei do retorno.
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Junior Almeida Morreu no desprezo
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Noádia Costa Exatamente!
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Margarida Santana Lopes Nascimento Cumpadi Geziel Moura, por onde andava essa relíquia que eu nunca tinha achado seu canal no You tube??.

Noádia Costa Geziel Moura sempre nos trazendo preciosidades em relação a história do Cangaço. Um verdadeiro vaqueiro da história.
Chagas Nascimento Muito bom. valeu Geziel Moura!!!
Chagas Nascimento Só falhou em poucos dados, alguns nomes, que é natural dada a sua idade avançada. Mas admito que foi uma das melhores reportagem que eu vi. O Sr. Cadin Machado, falou com segurança de quem vivenciou os fatos.

Geziel Moura Cadinho Machado era filho adotivo de João Machado proprietário da Fazenda Beleza, e serviu a Dadá enquanto ela estava grávida, provavelmente de Sílvio Bulhões, e disse que o parto ocorreu na vizinha Fazenda Detrás da Serra, local exato da famosa Pia de...Ver mais
Nota da foto: Cadinho Machado era filho adotivo de João Machado proprietário da Fazenda Beleza, e serviu a Dadá enquanto ela estava grávida, provavelmente de Sílvio Bulhões, e disse que o parto ocorreu na vizinha Fazenda Detrás da Serra, local exato da famosa Pia de Corisco. Ressalto, que tal estrutura rochosa, nunca pertenceu a Fazenda Beleza. Segue a Pia Original de Corisco. Fizemos 2 horas de entrevista, neste vídeo só a parte da chacina.


Geziel Moura Veja o executor da família de Domingos Ventura, no momento que se entregou em Santana do Ipanema, com o grupo de Português.

Noádia Costa A Quitéria na minha opinião era uma das cangaceiras mais bonitas. Pena que não temos muita informação sobre essa cangaceira.
Geziel Moura Noádia o companheiro dela, era chamado de Pedra Roxa, este ao lado de Velocidade, recebeu este apelido por ser natural de um povoado com este mesmo nome "Pedra Roxa", localizado na Região de Mata Grande (AL), perto da Fazenda Serrote Preto, e que ainda existe, até hj 😊
Noádia Costa Valeu Geziel Moura. Engraçado que tem várias pessoas que insistem em dizer que Quitéria era companheira de Português.

Geziel Moura Talvez por está com a mão no ombro do cabra.