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terça-feira, 25 de dezembro de 2018
Comentários ao livro Apagando o Lampião
sábado, 1 de dezembro de 2018
Os Vagalumes de Maria Bonita
Na história do Cangaço precisamos ter cuidados em fazermos afirmativas, pois as contradições que muitas vezes, senão em maioria, nunca foram propositais.
Destaco o depoimento da cangaceira Sila, quando, contando que na noite anterior do fatídico dia da morte de Lampião e Maria Bonita, junto com mais nove cangaceiros, estava sentada em uma pedra, conversando com Maria e que viu lampejos que ela achava que poderiam ser fachos de lanternas, mas que fora dissuadida por Maria Bonita, que lhe dissera que eram apenas luzes dos vagalumes. Ela então talvez convencida naquela ocasião, que realmente eram lâmpadas de vagalumes, não ficou preocupada e nem disse isso ao seu companheiro Zé Sereno quando chegou em sua barraca. No depoimento ela diz que após o acontecido, lembrando dessa conversa, esta lhe marcou a mente, que eram soldados fazendo o cerco ao Angico. Mas pergunto: que hora era aquela da conversa, se o ataque se deu cedinho pela manhã e temos testemunhos de soldados, que disseram que às 3 horas da manhã, não tinham ainda atravessado o Rio São Francisco?
A mente humana pode ser convencida por algum fato lembrado, mas que necessariamente tal fato não se deu.
Boa parte das lembranças do ser humano é falsa. Jamais aconteceu. Não passa de mentiras inventadas pelo cérebro, fizem os psicólogos.
Parte das lembranças é pura imaginação. Isso porque a memória não é um registro da realidade – é uma interpretação construída pela mente. O nosso cérebro inventa o mundo, das cores que a gente vê às experiências que a gente vive. E edita essas informações antes de gravá-las.
Boa parte das lembranças é falsa. Jamais aconteceu. Não passa de mentiras inventadas pelo cérebro. Lembrar é imaginar, e imaginar é distorcer.
Em uma reportagem de Gisela Blanco e Bruno Garattoni publicado na revista Super Interessante de julho de 2018, reportando sobre isso, mostra que essas lembranças sempre afloravam no consultório de algum psicólogo, depois de sessões de terapia com técnicas de hipnose e regressão e se descobriu muitos casos de falsas memórias, que haviam sido acidentalmente induzidas por psicólogos durante sessões de hipnose. É aquela história que de tanto se falar se acredita.
"É uma interpretação construída pela mente. O nosso cérebro inventa o mundo, das cores que a gente vê às experiências que a gente vive. E edita essas informações antes de gravá-las, explica o psicólogo cognitivo Martin Conway, da Universidade de Leeds. Cientistas da Universidade Harvard pediram a voluntários que se lembrassem de uma festa em que tinham estado. Em seguida, eles deviam imaginar uma festa que ainda não havia acontecido. Os pesquisadores monitoraram as cobaias durante todo o experimento e descobriram que, nos dois exercícios, sua atividade cerebral foi praticamente a mesma. Ou seja: os mecanismos que usamos para acessar nossas memórias são os mesmos que usamos para imaginar as coisas. Uma pessoa pode ter lembranças erradas ao ler o que está gravado corretamente na sua memória,
Vocês podem até se lembrar do principal, mas todo o resto será distorcido – com direito a várias informações criadas pelo cérebro. Já que a memória e a imaginação usam os mesmos mecanismos, a mente não vê problema em dar uma inventadinha para completar as lacunas.
Essa tendência é tão forte que a Justiça possui artifícios para se defender disso, e ver se os relatos de testemunhas estão contaminados pela imaginação. Além de propor situações que não aconteceram (como no caso do americano Paul Ingram), os interrogadores evitam perguntas indutivas (“ele estava usando um boné, certo?”) ou que envolvam raciocínio negativo (“isso não está certo, né?”), pois elas acabam levando o cérebro a distorcer as memórias. Mas não há uma maneira de determinar, cientificamente, se uma lembrança é real. Nem mesmo o detector de mentiras consegue desmascarar falsas memórias, e por um motivo simples. Sabe aquela máxima que diz: uma coisa não é mentira quando você acredita nela? Pois é.
Apesar de tudo isso, é difícil imaginar uma sociedade que não acreditasse na memória das pessoas. Não existiria verdade nem realidade coletiva, pois cada indivíduo viveria isolado em seu próprio mundo de lembranças. “A crença na memória é fundamental para várias instituições da sociedade, como a Justiça e as escolas”, afirma Schacter. Ainda bem. Pois, no futuro, nossas memórias serão totalmente diferentes."
Então amigos, não era porque Sila estava mentido. Ela e Maria Bonita realmente conversaram naquela pedra e a lembrança que Sila teve quando algum tempo depois, alguns dias depois ou talvez meses, quando ela lembrou ficou gravado em sua mente que aquelas luzes de lanternas eram dos Soldados. Mas não poderia ser pois, a que horas elas estavam conversando em cima daquelas pedras? Era 3 horas da manhã? Eu duvido que isso se deu nessas horas entre 3 e 4 da manhã! Provavelmente deveria ser, essa conversa, antes de 22h.
Mas aí já entra da minha parte essa interrogação. Mas sinceramente acho muito difícil que essa conversa tenha se dado as 3 horas ou 4 horas da manhã pois os soldados ainda estavam atravessando o rio.
RAUL MENELEU
30 de novembro 2018
Créditos
Foto de Sila: print screen Prog. do Jô
Fotos: Benjamim Abraão
Documentário: Aderbal Nogueira
quarta-feira, 14 de novembro de 2018
O Passarinho Encantado
Alicia você já ouviu a história do Passarinho Encantado que voou para o quintal da vovó Quinhaflor?
segunda-feira, 12 de novembro de 2018
O Gatinho Amarelo
Gatinho Amarelo |
Pois bem, certo dia apareceu na porta da casa, uma gatinha linda, com pelos pretos. Ela estava com três filhotinhos. A vovó Quinha perguntou para a gatinha, depois de dar bom dia pra ela:
▪Como se chama linda dama?
▪E seus três filhotinhos como se chamam?
O Que Aprendemos com essa estorinha?
▪Sermos amorosos com os ANIMAIS.
▪Sermos pessoas hospitaleiras.
▪Cuidarmos bem de nossos animais, não maltrata-los.
▪Não abandonarmos nossos animais.
domingo, 11 de novembro de 2018
NAZARÉ DO PICO e sua gente.
A Formiguinha Alícia
▪Aprendemos o que é recreio.
▪Aprendemos o que é sirene.
sábado, 10 de novembro de 2018
O Sol dorme e acorda bem cedinho
sexta-feira, 9 de novembro de 2018
Lampião, o tira febres
quinta-feira, 1 de novembro de 2018
Padre Cícero e Padre Felix - o acerto.
Estive recentemente com o amigo João Bosco André na cidade de São José do Belmonte, em encontro de pesquisadores, historiadores e escritores das Sagas do Nordeste, o famoso Cariri Cangaço, onde visitamos muitos locais históricos da vida de Lampião e das grandes querelas entre os Carvalho e Pereira, nesse caldal incrível de histórias, inclusive a da Pedra Bonita, local que Ariano Suassuna imortalizou como Pedra do Reino. Conversamos muito pois nos hospedamos na Fazenda Alto do Guerra, pertecente à dona Olímpia Novaes. Muitas histórias e causos revividos. O amigo Bosco é uma fonte inesgotável delas.
Um sono de dois minutos
Dizem os ribeirinhos do Velho Chico, que tem uma hora que ele para para dormir. Dorme apenas dois minutos. O Professor, escritor e memorialista Luiz Antonio Simas em seu livro
"Pedrinhas miudinhas: ensaios sobre ruas, aldeias e terrenos" nos fala de sua alma que... "Nos dois minutos de sono do rio, os peixes se aquietam, as cobras perdem a peçonha e a mãe d´água se levanta para pentear os cabelos nas canoas. Os que morreram afogados saem do fundo das águas em direção às estrelas. Esse sono do rio não deve ser, de maneira alguma, interrompido, sob pena de endoidecer quem despertou as águas."
E prossegue dizendo que anda matutando, como sujeito alumbrado que é pelas brasilidades caboclas – a respeito do que os ribeirinhos ensinam sobre o descanso do rio e conclui que vez por outra é mesmo necessário adormecer no tempo e sossegar como as águas.
Tem razão o Professor! Ando pensando em também parar por dois minutos. De preferência nessa linda e hospitaleira cidade alagoana, fronteira com o meu Sergipe. Banhada pelas águas desse belo rio.
E ele, não o rio, prossegue, banhando as margens mentais de todos que o escutam, dizendo: "Por isso é preciso, vez por outra, adormecer feito o rio ao abandono das horas, se aluar em águas paradas e abandonar os desatinos da felicidade (o brinquedo que não tem). O sono do São Francisco, o desapego dos peixes e o silêncio das cachoeiras me fazem crer que a expectativa da felicidade, da forma como a sociedade de consumo lida com ela, é das coisas mais brutais que existem. O sujeito acha que tem que ser bem sucedido no amor, no trabalho e nas relações pessoais. Precisa viajar pelo menos duas vezes por ano, trocar de carro de quando em vez, não pode ficar doente e não pode conceber a morte. Acontece que não é assim que o rio segue seu curso e descansa no fim do dia.
Como ninguém é capaz de atingir essa tal felicidade de shopping center que é vendida por aí, formamos aos montes um bando de depressivos, uns sujeitos infantilizados que não conseguem lidar com o fracasso e se entopem de remédios para dormir, acordar, trabalhar, trepar… Parece paradoxal, mas é isso mesmo: a expectativa da felicidade é uma fonte poderosa de angústias e depressões.
Que os caboclos do Brasil, portanto, me iluminem para que eu respeite o sono do rio, o repouso dos peixes e o voo dos afogados. Que o país imaginado, e em mim recolhido, me ensine a viver na síncopa, no drible, na dobra do tambor, na oração dos romeiros, na dança lenta de Oxalufã, nas delicadezas do Reizado, nas rodas de cirandas, nas oferendas do Divino, na suavidade dos sons."
O Professor cita um poema,
A lição do sono do rio
Meia-noite o rio dorme
Mais ou menos dois minutos
Pra nós é um tempo curto
Pra Uiara é um tempo enorme
(Uiara. Paulo César Pinheiro)
Então meus amigos... pensem nisso. Procurem também parar por dois minutos.
https://youtu.be/hF5Gj-e1CV8
Halloween e a Festa dos Santos Reis
quinta-feira, 16 de agosto de 2018
LAMPIÃO, Justiça abandonada por falta de justiça
Por Raul Meneleu
- Voce não tem medo de andar assim com tão pouca gente? Perguntou-lhe Gérson.
- Não respondeu ele. Nada tenho a perder na vida. Não quero mesmo viver. Só quero é morrer e o mesmo pensam os três que me acompanham. Ninguém de nós quer viver, mas só morrer.
- por motivo de traição, matou Mourão...
- por razão de falta de respeito moral, matou Cacheado, matou Sabiá...
- Quando viu que não havia mais jeito de cura, matou outro Sabiá, o cabra que tinha sido baleado no combate de Mata Grande, e que vinha sendo conduzido numa rede, por léguas e mais léguas, por vários dias na direção do Navio.
- Lampião condoía-se da pobreza. Segundo se conta, quando era almocreve, fazia questão de não deixar passar, sem sua ajuda, um esmoler ou necessitado.
- No cangaço exercia a prática de enfermeiro, dentista (extrações à ponta da faca!) e parteiro.
- Por toda parte favorecia os pobres, quer como produto dos saques, quer com dinheiro.
- Seu Capitão e meu Padim, vim aquí pru mode tão dizendo que foi eu que buli com a moça, mas não foi eu não.
- Me diga, zé Júlio, fale a verdade, você é meu afilhado. Só dou proteção dentro do direito e da justiça.
- Juro meu Padim e Capitão, a moça já tava bulida.
- Trate de casar sua filha com outro. E não toque em Zé Júlilo, que não deve nada à honra dela.