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quinta-feira, 4 de junho de 2015

O que é o NOVO CANGAÇO?



O “Novo Cangaço” aterroriza as cidades do interior no nordeste. Apenas para termos uma ideia só no Ceará no ano de 2010 foram 36 ataques a banco. No ano seguinte, 50. Os números mais que dobraram em 2012, com 117 casos. Em 2013 foram 136 ataques.
Motorizados, armados de fuzis e pistolas, os “cangaceiros” modernos sitiam os municípios do interior nordestino e a ação acontece sempre da mesma forma. Um grupo segue até o destacamento da Polícia Militar e criva de balas as paredes do prédio e as viaturas no local usando de armamento pesado. Enquanto isso, outra parte da quadrilha explode a agência bancária e rende todos dentro dela e fazem o assalto.
São necessários menos de 30 minutos. Apenas o tempo suficiente para estourar (geralmente com dinamite) os caixas eletrônicos e cofres do banco e partir mata adentro. Na fuga, interditam as vias de acesso ao município, seja com veículos de grande porte ou com carros incendiados.
A ação bem planejada com caminhos de fuga, horários da polícia e da movimentação do dinheiro nos bancos também são estudados. A prática, recorrente é conhecida como ‘Novo Cangaço’, remetendo à famosa quadrilha de Lampião.
Nos ataques acontecem arrombamentos, explosões, extorsões e sequestros de familiares de bancários. Normalmente são quadrilhas interestaduais que, por meio do tráfico de armas e explosivos, sitiam as cidades e conseguem seu intento em roubar.
Essa nova categoria de assaltos a bancos vem causando terror nas cidades interioranas brasileiras. O modus operandi dos “novos cangaceiros” tem apenas alguma semelhança com o velho cangaço. Os cangaceiros das antigas, não raro, fazia uso de reféns; o bando também era grande, de 10 a 15 membros; e preferia atacar pequenas cidades.
Lampião e seu bando conseguiram dominar o sertão durante anos. De acordo com a história, os cangaceiros tinham modo destemido de atuação. Eram grupos organizados que não se estabilizava em uma cidade. Atuava fortemente armado, sitiava o local e fazia a polícia refém das suas ações. Os cangaceiros de Lampião gostavam de desafiar os policiais. O mesmo acontece atualmente nos ataques às agências bancárias nas cidades do interior.
E por que são chamados de Novos cangaceiros? Será que existe diferenças?
Com referência ao cangaço, luta revolucionária na qual os homens em grupos vagavam pelas cidades em busca de Justiça e também de dinheiro, e que teve como principal líder Lampião, essas atuais quadrilhas diferem. A vestimenta é diferente e na ação usam roupas geralmente pretas e com  rosto escondido por malhas chamadas de balaclava.
Apesar da semelhança, existem diferenças. A atuação do bando de Lampião, de acordo com os historiadores, tinha um cunho diferente e o objetivo era invadir as cidades e fazer justiça a seu modo na perseguição de seus inimigos. Lembrado como ajudador dos pobres que estavam abandonados pelo governo federal, sem justiça e nas mãos dos coronéis, Lampião às vezes tornava-se juiz para decidir causas. Roubava dos ricos e muitas vezes ajudava aos pobres. Tornou-se personagem do imaginário brasileiro. Fazia ‘‘caridade’’, assistindo as pessoas do meio rural que tinham necessidades.
O ‘Novo Cangaço’ já faz parte de outra conotação. São grupos criminosos, que saqueiam os bancos, sejam privados ou públicos. O que interessa é recurso financeiro para alimentar grupos organizados como os existentes no Rio de Janeiro e em São Paulo e a eles próprio.
Além disso, o cangaço original tinha um viés da cultura nordestina, seja no traje ou alimentação. Agia armado em seus cavalos ou a pé. Lampião e os cangaceiros eram nordestinos natos. Esses novos são de vários estados e inclusive do sul do país.
A principal semelhança, no entanto, é o temor que os novos cangaceiros deixam nas pessoas. A violência assusta. A sensação de insegurança aumenta. Desde o último ataque ao Banco do Brasil da cidade do Conde na Bahia, os bandidos além de assaltar o banco, fizeram vários reféns e fugiram pela estrada da Linha Verde em rumo a Sergipe.
 
Amarraram reféns nos capôs/capuz das três pick-ups e nas laterais e traseiras dos veículos e incendiaram diversos carros e caminhões que iam parando na estrada. Verdadeiro terrorismo que deixou a população com medo do que aconteceu. Nessas cidades não há policiais suficientes e tampouco viaturas e armamentos pesados para o combate aos bandidos.
Por mais que os estudiosos do cangaço do século passado queiram dizer que não é a mesma coisa e nisso têm razão, não podem esquecer que esse termo ‘novo cangaço’ já está incorporado na mente das pessoas que moram nessas cidades atingidas e também para grande parte do Brasil por meio da internet e da televisão.
Não há o que contestar pois os artigos todos sobre o ‘novo cangaço’ não encontramos defensores que queiram igualar aos cangaceiros de outrora. Fazem a analogia mas explicam que apenas são como os cangaceiros antigos que invadiam as pequenas cidades para roubar.
Fonte dos dados: Tribuna do Ceará