O “Novo Cangaço” aterroriza as cidades do interior no
nordeste. Apenas para termos uma ideia só no Ceará no ano de 2010 foram 36
ataques a banco. No ano seguinte, 50. Os números mais que dobraram em 2012, com
117 casos. Em 2013 foram 136 ataques.
Motorizados, armados de fuzis e pistolas, os “cangaceiros”
modernos sitiam os municípios do interior nordestino e a ação acontece sempre da mesma forma.
Um grupo segue até o destacamento da Polícia Militar e criva de balas as
paredes do prédio e as viaturas no local usando de armamento pesado. Enquanto isso, outra parte da
quadrilha explode a agência bancária e rende todos dentro dela e fazem o assalto.
São necessários menos de 30 minutos. Apenas o tempo
suficiente para estourar (geralmente com dinamite) os caixas eletrônicos e
cofres do banco e partir mata adentro. Na fuga, interditam as vias de acesso ao
município, seja com veículos de grande porte ou com carros incendiados.
A ação bem planejada com caminhos de fuga, horários da
polícia e da movimentação do dinheiro nos bancos também são estudados. A prática,
recorrente é conhecida como ‘Novo Cangaço’, remetendo à famosa quadrilha de
Lampião.
Nos ataques acontecem arrombamentos, explosões, extorsões e
sequestros de familiares de bancários. Normalmente são quadrilhas
interestaduais que, por meio do tráfico de armas e explosivos, sitiam as
cidades e conseguem seu intento em roubar.
Essa nova categoria de assaltos a bancos vem causando terror
nas cidades interioranas brasileiras. O modus operandi dos “novos cangaceiros”
tem apenas alguma semelhança com o velho cangaço. Os cangaceiros das antigas, não raro, fazia uso de reféns; o
bando também era grande, de 10 a 15 membros; e preferia atacar pequenas
cidades.
Lampião e seu bando conseguiram dominar o sertão durante
anos. De acordo com a história, os cangaceiros tinham modo destemido de
atuação. Eram grupos organizados que não se estabilizava em uma cidade. Atuava
fortemente armado, sitiava o local e fazia a polícia refém das suas ações. Os
cangaceiros de Lampião gostavam de desafiar os policiais. O mesmo acontece
atualmente nos ataques às agências bancárias nas cidades do interior.
E por que são chamados de Novos cangaceiros? Será que existe
diferenças?
Com referência ao cangaço, luta revolucionária na qual os
homens em grupos vagavam pelas cidades em busca de Justiça e também de dinheiro,
e que teve como principal líder Lampião, essas atuais quadrilhas diferem. A vestimenta
é diferente e na ação usam roupas geralmente pretas e com rosto escondido por malhas chamadas de
balaclava.
Apesar da semelhança, existem diferenças. A atuação do bando de
Lampião, de acordo com os historiadores, tinha um cunho diferente e o objetivo
era invadir as cidades e fazer justiça a seu modo na perseguição de seus inimigos.
Lembrado como ajudador dos pobres que estavam abandonados pelo governo federal,
sem justiça e nas mãos dos coronéis, Lampião às vezes tornava-se juiz para
decidir causas. Roubava dos ricos e muitas vezes ajudava aos pobres. Tornou-se
personagem do imaginário brasileiro. Fazia ‘‘caridade’’, assistindo as pessoas
do meio rural que tinham necessidades.
O ‘Novo Cangaço’ já faz parte de outra conotação. São grupos
criminosos, que saqueiam os bancos, sejam privados ou públicos. O que interessa
é recurso financeiro para alimentar grupos organizados como os existentes no Rio de Janeiro e em São Paulo e a eles próprio.
Além disso, o cangaço
original tinha um viés da cultura nordestina, seja no traje ou alimentação.
Agia armado em seus cavalos ou a pé. Lampião e os cangaceiros eram nordestinos natos.
Esses novos são de vários estados e inclusive do sul do país.
A principal semelhança, no entanto, é o temor que os novos
cangaceiros deixam nas pessoas. A violência assusta. A sensação de insegurança
aumenta. Desde o último ataque ao Banco do Brasil da cidade do Conde na Bahia,
os bandidos além de assaltar o banco, fizeram vários reféns e fugiram pela estrada
da Linha Verde em rumo a Sergipe.
Amarraram reféns nos capôs/capuz das três pick-ups
e nas laterais e traseiras dos veículos e incendiaram diversos carros e
caminhões que iam parando na estrada. Verdadeiro terrorismo que deixou a
população com medo do que aconteceu. Nessas cidades não há policiais
suficientes e tampouco viaturas e
armamentos pesados para o combate aos bandidos.
Por mais que os estudiosos do cangaço do século passado
queiram dizer que não é a mesma coisa e nisso têm razão, não podem esquecer que
esse termo ‘novo cangaço’ já está incorporado na mente das pessoas que moram
nessas cidades atingidas e também para grande parte do Brasil por meio da internet e da televisão.
Não há o que contestar pois os artigos todos sobre o ‘novo cangaço’ não
encontramos defensores que queiram igualar aos cangaceiros de outrora. Fazem a
analogia mas explicam que apenas são como os cangaceiros antigos que invadiam
as pequenas cidades para roubar.
Fonte dos dados: Tribuna do Ceará