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quinta-feira, 18 de abril de 2013

Chegou a hora!

Recebí correspondência do Geraldo Duarte, informando de um artigo no Jornal da Cidade de Aracaju, transcrito abaixo, onde escreveu uma experiência de sua vida, em forma de crítica à saúde do povo do Ceará.
Vemos isso em qualquer cidade do país, desde que os homens inventaram a política. Entra governo e sai governo (não importando o partido e não importando se é ditadura ou democracia.)
O que falta para nosso país é termos homens de carreira (profissionais) dentro dos órgãos públicos, sem que sejam indicados por A ou B que seja prefeito, governador ou presidente.
Enquanto não tivermos uma legislação voltada para os interesses da população e por exemplo, sermos obrigados a votar, entre outras coisas que o Cogresso Nacional precisa reajustar, veremos essa patifaria.
Entram e saem do governo e fazem o que querem por não termos um ministério público eficiente que zele pelos interesses do povo. A lei do mais esperto ainda impera no nosso país e nós como ovelhas ao abate, baixamos nossas cabeças e fazemos críticas disfarçadas.
Acho que chegou a hora dos donos de jornais, serem responsabilizados por não informarem corretamente a população ou informarem tomando partido dos poderosos de plantão, chegou a hora dos juízes serem sérios e não apenas poucos.
Chegou a hora dos deputados e senadores e vereadores trabalharem não para sí. Chegou a hora dos delegados de polícia fazerem bons planos para combater o crime e a corrupção. Chegou a hora de acabar com os falsos pastores das religiões da roubalheira.

Chegou a hora de termos bons transportes públicos em vez de ficar baixando impostos para a venda de carros, enchendo os bolsos das multinacionais que mandam no nosso país. Chegou a hora de investir em ferrovias e melhorar as rodovias. Chegou a hora de termos bons colégios profissionalizantes e boas universidades, com professores recebendo salários dignos.
Chegou a hora de médicos que trabalham para o governo receberem bons salários para não precisarem ter quatro ou cinco empregos em hospitais particulares.
Chegou a hora, de não "trupicarmos no ar" e fazermos valer nossos direitos.
Mas primeiro temos que cumprir nossos deveres e sermos bons cidadãos. E isso só se faz com educação e saúde, aliado a uma boa qualidade de vida, distribuindo as riquezas do país com todos, e não usando empresas públicas para interesses pessoais, como é o caso da Petrobras, que foi criada para ser alavanca de crescimento e ajuda para a nação ou vendendo empresas a preço de banana, como foi os casos das estatais Vale do Rio Doce, Companhias de Energia e Água, e as de telefonia.
Vou encerrar por aqui, senão a lista cresce muito e vai faltar espaço aqui no meu blog para mostrar os erros de uma administração errada em todos os sentidos, independentemente de partidos que os escolhidos por voto foram eleitos.
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Trupicando no ar
Geraldo Duarte*
O faltante nas letras sobrava na sabedoria da observação. Contínuo prefeitoral, em 1986, servia no Frotinha de Parangaba.
Sol ou a chuva acordasse o dia, Seu Raimundo metia dos pés e rumava para o trabalho. Nenhuma falta ao serviço pesava-lhe na ficha funcional ou na consciência.
Chegava antes e saia depois do expediente. “Relojo do ponto não devera tê. Só tem mode os preguiçôso qui não dão um prego numa barra de sabão.”.
Não raro, encontrava-me com ele, que maldizia a próxima aposentadoria e perguntava-lhe pelas ocupações diárias. Haja conversa, gostosa de ouvir, pois se assemelhava à prosa dos contadores de história.
Meses iniciais da autodenominada “Administração Popular de Fortaleza”. Raimundo vai até a Procuradoria para saber do trâmite de um processo. Perguntei-lhe como estava e logo veio um corolário de assuntos.
Disse-me estar “como Deus era servido” e quem estava mal era o Instituto Dr. José Frota. “Paradeiro danado”. Comentou que novos chefes, desde a hora de chegada e até a de saída, trancavam-se nas salas e diziam estar em reunião. Não atendiam a “seu ninguém”. E os funcionários, sem saber o que fazer, recebendo reclamações do povo.
“Dotô, não tendo papel pra cima e pra baixo e contínuo olhando pras paredes, tá ruim.”.
Visando acalmar a ansiedade e preocupação de Raimundo, sugeri-lhe um pouco de calma, pois, aos poucos, os dirigentes adaptar-se-iam às tarefas e rotinas e a normalidade voltaria.
Retrucar imediato: “Tá fácil não! Os homes quer carçar os sapato pelos carcanhá, onde já se viu?”. Sem perda do fôlego, completou: “Vão quebrá a cara! Trupicar no ar!”.
Acertou.
* é advogado, administrador e dicionarista.