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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Coiteiros de Cangaceiros X Moradores de Favelas

Em seu livro CORISCO, A SOMBRA DE LAMPIÃO, o autor Sérgio Augusto Dantas na página 203 da primeira edição, tece comentários a respeito da simbiose existente entre os cangaceiros e os campesinos, que unidos naquela vida em comum, ligados por algum motivo, tecem uma teia de convivência íntima enfrentando a polícia, cada um a seu modo. Cangaceiros combatendo na bala e os coiteiros com informações de pistas falsas sobre o paradeiro dos bandidos.

Que motivos tinham os sertanejos para auxiliarem aqueles mesmo opressores travestidos de cangaceiros, que infestavam o sertão nordestino e que até então os governos mesmo combatendo-os, não conseguiam vence-los? 

(1) "Em relatório dirigido ao Secretário do Interior de 
Alagoas, O coronel José Lucena de Albuquerque Maranhão 
- comandante do Segundo Batalhão de Policia do Estado 
não esconde sua revolta com parte da população sertaneja. 
E, ao relacionar esta com os bandoleiros, o oficial aponta: 
"naturalmente eles estão nos coitos, bem acompanhados, 
recebendo o que lhes enviam os nossos sertanejos que, de 
modo algum, prestam auxilio à força". 

E complementa, desapontado: "nossas volantes estão trabalhando com a esperança única das casualidades, 
pois do nosso povo nada espero mais, e me compadeço da  
miséria em que vivem mergulhados." (Diário Oficial de 
Alagoas, agosto de 1937)."

Por que o sertanejo nordestino preferia proteger os cangaceiros? Para encontrar a resposta vamos aos dias atuais.

Vamos ver a ação da polícia nos dias de hoje:

Em seu artigo no UOL, o jornalista Carlos Madeiro diz que a população que vive em favelas no Rio de Janeiro teme mais a presença da polícia que a de traficantes no local onde moram. Essa é uma das conclusões da "Pesquisa Internacional sobre Homens e Equidade de Gênero". 

O medo da polícia nessas comunidades também é superior ao de milícias. Por que?

Tatiana Moura, diretora executiva do Instituto Promundo e coordenadora da pesquisa, acredita que o alto índice de medo da polícia explicitado na pesquisa é "natural" pelo contexto em que vivem essas comunidades.

"Atribuímos isso à presença violenta da polícia ao longo das décadas nas comunidades. A verdade é triste, porque a presença do Estado ao longo da história tem sido mais violenta que pacífica. É uma força da autoridade, que entra muitas vezes para lançar medo, e é responsável por grande parte do homicídios", afirmou. 

Eis aí a resposta!

Vejam esse artigo AQUI e reparem na violência impetrada. 
E vejam também AQUI os efeitos nefastos.

O mesmo se dava com os sertanejos nordestinos onde os cangaceiros atuavam. Eles eram "mais bem" tratados por eles que pela polícia.

No morro nos dias de hoje, a população mesmo sabendo quem são os bandidos, não os denunciam. Preferem viver alheios pois convivem juntos e lógico que emudecem, para não sofrerem violência dos bandidos, assim como os sertanejos do tempo do cangaço. Moram juntos porém em casas separadas.

No passado, os sertanejos viviam o mesmo paradigma e por conta dessa violência, amuavam-se e mesmo temendo os cangaceiros, preferiam conviver em paz com eles, pois com a polícia, a violência vinha dobrada.

Com esse artigo, quero dizer que a população para mudar essa forma de agir, tem que vivenciar uma polícia respeitadora de seus direitos. Por serem pobres, não significa que não são cidadãos, que notando da parte da polícia, um trabalho firme e combativo aos bandidos, feitos conforme a lei e os preceitos legais, ela cooperará.

(1) CORISCO, A SOMBRA DE LAMPIÃO § 4 e 5

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Lampião, Corisco e os Nazarenos

No ano de 1931 Lampião já usava sua mais contundente forma de estratégia para deixar seus inimigos em confusão, a divisão do bando, comandados por homens traquejados na luta de guerrilha e que eram a nata do cangaço junto com ele; Corisco, Mariano, Zé Baiano e Labareda.

Lampião está cada vez mais belicoso e destrói em vingança muitas fazendas do coronel Petronilo de Alcântara Reis, - aquele que recebera o cangaceiro em suas terras, de ‘olho interesseiro’ no dinheiro que trazia - por conta da traição que este lhe fizera, quando para justificar-se do coito que dera aos cangaceiros perante as autoridades baianas, sugeriu que o governo da Bahia voltasse a permitir as volantes nazarenas - que o mesmo tinha proibido de entrar em território baiano, por causa da forma de agir quando agredia e torturava os sertanejos procurando pistas de Lampião.

Diante desses ataques e mortes, os grandes fazendeiros fazem pressão e o governo baiano atende o pleito e permite a volta das tropas do Estado de Pernambuco. A primeira volante a entrar em território baiano é comandada pelo tenente Manoel de Souza Neto com seu sargento David Jurubeba, e formada por jovens guerreiros; inicia-se a caçada ao Rei dos Cangaceiros, desta feita, por homens comprometidos em juramentos de vingança pelos malfeitos praticados por Lampião, às famílias nazarenas, aliados ao espírito de justiça.

Ávidos para encontrar e destruir Lampião, a volante cruza o rio São Francisco e inicia sua missão penetrando nas terras devolutas do Raso da Catarina, onde até os mais calejados sertanejos tinham receio de entrar, e no dia seis de setembro de 1931, a pequena força já dá combate aos grupos de Lampião e Corisco na fazenda Aroeira, não muito distante da atual cidade de Paulo Afonso.

Em seu livro CORISCO A Sombra de Lampião*, o autor Sérgio Augusto de S. Dantas conta que entrevistou um dos participantes desse embate, João Gomes de Lira, que recordava bem esse dia, quando em entrevista lhe disse:

"A tropa da qual eu fazia parte estava arranchada na Aroeira, descansando da longa viagem. Ninguém percebeu quando lampião se aproximou e ficou com alguns homens por trás de uma cerca da fazenda. Em dado momento, David Jurubeba se dirigiu a umas fruteiras que tinha ali por perto. Quando David chegou perto das árvores, e começou a olhar se tinha frutos, Lampião já estava deitado no chão, preparado para atirar".

Inicia-se o embate, e só mesmo a sorte do sargento David Jurubeba faz que o tiro não o atinja, pois Lampião era exímio de pontaria.
Não deve ter sido um combate prolongado, Lampião estava apenas com o subgrupo de Corisco e como era de costume, quando notava que estava em desvantagem, sumia e deixavam seus combatentes atirando a esmo. 

Nisso Corisco em sua fuga, aproxima-se de onde o tenente Manoel Neto encontrava-se, mais abaixo do local do embate e não percebe de imediato sua presença. Um soldado ver e logo atrás atira e dá início a um segundo combate. Após os primeiros disparos, as provocações de costume:

- Estou brigando com quem? Grita Corisco.

- Com a volante do tenente Manoel Neto. E quem é você, cabra de peia? - indaga o oficial.

- Sou Corisco, bando de macaco safado. Se prepare para correr, tenente filho de uma puta!

Por certo a resposta a esse impropério não ficou de graça.

Identificados os contendores, a briga continua. O tenente atira e avança, enquanto o cangaceiro responde aos disparos, a curta distância.

Corisco como era de seu feitio, grita, insulta, com agilidade dá pulos para os lados e gira em torno de si mesmo. Era mesmo um demônio que assustava aqueles que não estavam preparados para a luta. Em pouco o silêncio se instala. A tropa pernambucana fica brigando sozinha. Corisco, como do nada, desaparece em meio à caatinga.


Era mesmo a sombra de Lampião.

* Fonte do texto

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

CANGAÇO - Cadim Machado, último coiteiro de Corisco

Essa postagem efetuada pelo confrade Geziel Moura na página do Grupo Público HISTORIOGRAFIA DO CANGAÇO, no Facebook, só vem a enriquecer o debate sobre essa saga que divide-se em diversos atos, cada qual mais impactante que o outro. Temos nessa reportagem do Geziel, o depoimento de quem viveu à época de um dos mais sádicos episódios do cangaço, que foi o assassinato cometido por Corisco e seu bando quando aniquilou estupidamente quase toda uma família, por ter recebido uma informação que achava ser verdade.

Essa história nunca poderá ser esquecida. O local da tragédia permanecerá para sempre na memória registrada por aqueles que escrevem e estudam o cangaço cujos principais personagens dele foram Lampião e Corisco. 

Estivemos nessa casa e já estava caindo aos pedaços, abandonada, e com certeza não resistirá por muito tempo. Mas a história selará sobre o local sua marca indelével pois já foi escrita em diversos livros e documentários como o que fiz, quando o chamei de A Vingança de Corisco no Palco dos Inocentes, quando uma comitiva de apreciadores da Saga do Cangaço, reuniram-se e escutaram essa essa narrativa feita pelo Senhor Celso Rodrigues.

História essa, registrada para mais de uma centena de pesquisadores, historiadores e admiradores do tema. Foi proferida na Fazenda Patos, no município de Piranhas no Estado de Alagoas, Brasil, que foi o palco dessa atrocidades cometida por Corisco e seu bando, para vingar a morte de Lampião, o Rei dos Cangaceiros. 

Corisco matou seis pessoas e degolou suas cabeças e as enviou para o Tenente João Bezerra, comandante das Volantes que trucidaram Lampião, Maria Bonita e nove cangaceiros. Eram as vítimas pessoas inocentes que não tiveram nada com a morte de Virgulino Ferreira, o Lampião. Foi o próprio delator quem indicou a Corisco que a traição, tinha vindo da família do vaqueiro, o Senhor Domingos Ventura. Foram assassinados além dele, sua esposa e mais quatro membros de sua família.

O amigo Geziel Moura inicia sua postagem:


"Em março de 2015, o escritor e pesquisador Sérgio Dantas e eu, tivemos a honra de entrevistar em Caboclo (AL), provavelmente, o último coiteiro de Lampião e Corisco, na região de Pão de Açúcar (AL), o senhor Cláudio Alves Fontes, o Cadim ou Cadinho Machado, falecido no inicio deste ano. Naquela ocasião, ele nos contou como ocorreu, a chacina da família de Domingos Ventura, pelo grupo de Corisco, com riqueza de detalhes.

Algum tempo atrás, produzi um vídeo de 30 min, que constam imagens atuais da Fazenda Patos e o áudio da entrevista que ele nos concedeu. Aproveito para agradecer novamente, o escritor José Bezerra Lima Irmão, que nos colocou na pista, desta extraordinária fonte do cangaço em AL. Segue portanto o link...."


Até então os comentários sobre essa postagem de Geziel, mostram o interesse que causou entre aqueles de sua lista de amigos. Vejamos alguns:


Noádia Costa Maravilha!!
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Junior Almeida Na minha opinião, Joca Bernardo foi o cabra mais desprezível de toda a história do cangaço. Acho até que mais do que Horácio Grande.
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Noádia Costa Concordo com vc Júnior. Mais terminou tendo um fim horrível. A chamada lei do retorno.
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Junior Almeida Morreu no desprezo
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Noádia Costa Exatamente!
CurtirResponder16 h

Margarida Santana Lopes Nascimento Cumpadi Geziel Moura, por onde andava essa relíquia que eu nunca tinha achado seu canal no You tube??.

Noádia Costa Geziel Moura sempre nos trazendo preciosidades em relação a história do Cangaço. Um verdadeiro vaqueiro da história.
Chagas Nascimento Muito bom. valeu Geziel Moura!!!
Chagas Nascimento Só falhou em poucos dados, alguns nomes, que é natural dada a sua idade avançada. Mas admito que foi uma das melhores reportagem que eu vi. O Sr. Cadin Machado, falou com segurança de quem vivenciou os fatos.

Geziel Moura Cadinho Machado era filho adotivo de João Machado proprietário da Fazenda Beleza, e serviu a Dadá enquanto ela estava grávida, provavelmente de Sílvio Bulhões, e disse que o parto ocorreu na vizinha Fazenda Detrás da Serra, local exato da famosa Pia de...Ver mais
Nota da foto: Cadinho Machado era filho adotivo de João Machado proprietário da Fazenda Beleza, e serviu a Dadá enquanto ela estava grávida, provavelmente de Sílvio Bulhões, e disse que o parto ocorreu na vizinha Fazenda Detrás da Serra, local exato da famosa Pia de Corisco. Ressalto, que tal estrutura rochosa, nunca pertenceu a Fazenda Beleza. Segue a Pia Original de Corisco. Fizemos 2 horas de entrevista, neste vídeo só a parte da chacina.


Geziel Moura Veja o executor da família de Domingos Ventura, no momento que se entregou em Santana do Ipanema, com o grupo de Português.

Noádia Costa A Quitéria na minha opinião era uma das cangaceiras mais bonitas. Pena que não temos muita informação sobre essa cangaceira.
Geziel Moura Noádia o companheiro dela, era chamado de Pedra Roxa, este ao lado de Velocidade, recebeu este apelido por ser natural de um povoado com este mesmo nome "Pedra Roxa", localizado na Região de Mata Grande (AL), perto da Fazenda Serrote Preto, e que ainda existe, até hj 😊
Noádia Costa Valeu Geziel Moura. Engraçado que tem várias pessoas que insistem em dizer que Quitéria era companheira de Português.

Geziel Moura Talvez por está com a mão no ombro do cabra.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Aos meus amigos Cangaceiros, Coiteiros e Volantes


Nesse encontro do Cariri Cangaço na linda  e aprazível cidade de Piranhas em Alagoas, onde o valente rio São Francisco passeia languidamente em sua porta, acariciando-a como um esposo amoroso faz com sua querida consorte, alguns desses valentes do tema, desencantaram para que eu os visse. 

                                                Estavam por enquanto, aguardando o dia em que se apresentariam ao meu lado, surgindo em um turbilhão de assuntos, idéias, teses e causos vividos pelo passado de uma história marcante no povo brasileiro e principalmente nordestino.



Foram surgindo, desencantando-se, apresentando-se, saindo das páginas de estudos do universo virtual da internet, dos e-mails e dos telefonemas, onde trocamos idéias do assunto que nos amalgama, o Cangaço.

                                            
Não fazemos apologia aos crimes desses bandidos combatidos pelas Volantes sertanejas, e sim, compreendermos uma fase da história nordestina em que alguns foram heróis e outros bandidos. Compreendermos e resgatarmos estórias passadas com esses homens de fibra e valentes de ambos os lados.


Ontem, dia 27 de julho de 2015, todos esses amigos desencantados, surgiram e se materializaram nessa cidade alagoana e desde o dia 25 de julho, e agora, nesse momento nos encontramos na Fazenda Patos, para sermos lembrados de uma triste estória do passado que tornou-se um dos maiores, senão o maior crime cometido pelo valente e ao mesmo tempo covarde  cangaceiro Corisco, sobre uma família pacífica do sertão das Alagoas.

A estória nos foi narrada por um dos que viveram à época em que os fatos ainda estavam latentes, o Senhor Celso Rodrigues. Quando menino ouvindo os adultos conversarem no balcão da bodega de seu pai, estabelecida em Piranhas naqueles anos pós morte de Lampião.

Esse garoto, homem idoso hoje, com palavras cadenciadas e veementes, nos fez passar por um portal do tempo, em frente à casa quase destruída pelo abandono dos anos, e passou a contar-nos o triste assassinato de seis membros da família que ali em felicidade viviam.

Todos nós em silêncio gritante ouvíamos aquela narrativa que estou indicando nesse link da palestra A Vingança de Corisco no Palco dos Inocentes nesse artiguete despretencioso mas marcante e que me fez acordar às quatro horas da manhã de hoje, dia 28 de julho, para que no silêncio dos humanos moradores de  Piranhas, pudesse eu, escrever pelo canto dos pássaros e pelo encaminhar silencioso do Velho Chico, essas palavras vindas do fundo de minha alma idosa e não acostumada nunca, com as violências de alguns seres que têm mais marcante em seus DNA os traços mais acentuados do animal que habita em nós.  
  

Choramos juntos, todos nós desencantados, naquele terreiro da casa do coiteiro Domingos Ventura, sua esposa e mais quatro membros de sua família que foram covardemente assassinados e decepadas suas cabeças e enviadas para o Tenente João Bezerra que tinha comandado as Volantes que livraram o povo nordestino do famigerado Lampião.

              
Plantamos uma centena de árvores no terreiro da fazenda para que lembrem às autoridades que apressem os reparos da estrutura daquela casa, para que se perpetue a saga, a triste sina, os momentos de pavor, para que, não por morbidez lembremos, mas para que fique registrada para a história e já está, a violência do banditismo dos cangaceiros.


Aos meus amigos que desencantaram perante esse também desencantado para eles, meus respeitos e considerações. À Família CARIRI CANGAÇO desejo de todo coração como membro mais novo dessa família,  que os propósitos para que nasceu fiquem perenes no tempo. Um forte abraço a todos.