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domingo, 15 de maio de 2016

O Racismo Yankee*

Dorothy Counts

Os quatro dias que abalaram o racismo americano

O homem caminhando ao seu lado é provavelmente Dr. Edwin Tompkins, um amigo da família.

O dia 4 de setembro de 1957, ficou marcado na memória do apartheid americano pois trouxe na violência cometida um significativo movimento interno de resistência, de maioria negra americana e alguns brancos que entendiam que isso era irracional.

Temos a história de Dorothy Counts que tivera o seu primeiro dia de aula na Universidade de Harry Harding, na Carolina do Norte (EUA) como o dia dos negros frequentarem escolas e universidades. Ela foi a primeira estudante afro-americana admitida numa escola pública americana (de brancos), e assim sendo, tal ato de enorme coragem desafiara toda uma mentalidade atrasada, de muitos dos habitantes da Carolina do Norte e dos EUA.


Acompanhada pelos manifestantes e pelo homem caminhando ao seu lado, provavelmente o Dr. Edwin Tompkins, um amigo da família, Dorothy (aos 15 anos de idade) foi fotografada por Douglas Martin, premiado fotógrafo em 1957 pelas fotos em que testemunhou a violência que eclodiu naquele período.

Embora a constituição garantisse direitos iguais, tal prática não era plenamente exercida na realidade. A esposa de John Z. Warlickthe (líder do “Conselho de cidadãos brancos”) instigou os garotos para manterem-na fora da escola e também pediu as moças para cuspirem nela.

Todavia, com todas estas barreiras Dorothy se manteve firme e calma, caminhando sem reagir diante da multidão que a seguia.



O vestido de Dorothy foi feito por sua avó especialmente para seu primeiro dia de aula. Em meio a uma pequena multidão de "brancos", alguns idiotas cuspiram nele. 


Centenas de alunos seguiram e acompanharam sua chegada à escola. De vez em quando alguns jogavam coisas em sua direção enquanto outros faziam gestos obscenos. Os estudantes gritavam para que ela voltasse para casa. Dorothy foi em frente sem reagir.

Este absurdo momento de violência prosseguiu nos dias seguintes. Foram quatro dias de perseguições e insultos.




No dia seguinte, ela fez amizade com duas garotas brancas, mas logo se afastou por causa do assédio de outros colegas. 


Atiravam dejetos em Dorothy durante suas refeições e surgiram ameaças telefônicas para sua família, agravando ainda mais a situação. Por fim, os seus pais consideraram que a sua vida poderia estar em risco e optaram por tirá-la da escola. 

Os quatro dias em que Dorothy tentou frequentar a Harry Harding High School foi de grande importância para o Movimento dos Direitos Civis e fim da segregação racial nos Estados Unidos.



A Sra. Dorothy com uma antiga "colega" de turma, 50 anos depois, quando lhe pediu desculpas pelo trato que lhe deram à época.


Dorothy Counts, 70 anos, educadora infantil, relembra a experiência da tentativa de integração racial nas escolas.

O termo  "Yankee" teve origem em meados do século XVII devido a grande presença de holandeses na Nova Inglaterra, onde muitos dos quais chamavam-se "Jan" (em português João, pronunciado [yan]) e assim, do apelido “Janke” ("Joãozinho"), originou-se o termo em inglês Yankee
Durante a chamada Guerra de Secessão (1861-1865), o vocábulo popularizou-se na antiga colônia britânica. Para os confederados, os “Yankees” eram os soldados e, em geral, os habitantes dos estados do norte.

Fotos: Douglas Martin

http://www.worldpressphoto.org/collection/photo/1957/world-press-photo-year/douglas-martin