Sabe meu amigo, até
agora não conseguimos aprender com essa variada forma de Deus apresentar-se a
nós. Com exemplos variados de criaturas, ele nos diz como devemos nos comportar
uns com os outros.
Trago aqui nesse
artigo, que está vindo do fundo de minha alma, dois desses exemplos: Criança e
Pessoas Especiais.
Criança nem precisa falar
né? São pessoinhas tranquilas, amorosas, honestas e positivas em seus comentários
sem maldade. É por isso que um de nossos grandes exemplos de pessoa, que até
hoje é lembrado em seu berço forrado de capim seco, a manjedoura, disse certa
vez “deixai vir a mim as criancinhas” e em outra ocasião disse “o reino de Deus
pertence a tais” e mais outra vez “se não nascermos outra vez, não teremos o
Reino de Deus” ou seja voltarmos a sermos crianças.
O outro exemplo, que
esse sim, trago à sua atenção, são as crianças
especiais. Este termo é muito genérico, abrange as
mais diferentes síndromes infantis, mas de uma coisa sabemos, todas as crianças
são muito especiais, mas algumas precisam de um apoio, de um olhar, de uma
atenção especial, de um acompanhamento e acima de tudo muito carinho.
É sobre estas crianças que vamos tentar
falar um pouco e chamar sua atenção. A criança portadora de necessidades
especiais, além do direito, tem a necessidade de cursar uma escola normal, de
ser tratada com muito carinho e respeito por todos nós.
Lembro de uma em especial. Fazia parte
de minha família. Filha da irmã de meu pai, Tia Hilda e seu esposo Cirilo
Noronha, ambos já falecidos há muito, muito tempo. Aricelma era seu nome. Nunca
quis saber que síndrome ela tinha. Pra mim era uma pessoa normal. Para nós que
lembramos dela, daquele rostinho lindo, que Deus tinha lhe dado, seus olhinhos
meigos a fitar-nos como se dissesse “aprendam comigo” a ser meigos.
Corríamos soltos pelas ruas da cidade Potiguar
de Areia Branca. Todos éramos caiçaras, filhos de caiçaras. Eu e meus primos
corríamos nas praças e nas praias dessa linda cidade litorânea. Alguns deles já
se foram, para encontrar Aricelma que vive na memória de Nosso Bom Deus e está
com ele, guardada para a ressureição dos justos.
Aricelma viveu seus últimos dias
fazendo o que sempre fez; ajudando aos que a cercavam a ver sua mansidão como
exemplo. Quando tive a oportunidade de visita-la, residia com a freiras,
ajudando-as a cuidar dos demais internos do asilo. Com o falecimento de seus
pais, os demais irmãos seus, sabendo que necessitavam coloca-la em um local
melhor que suas residências, conseguiram que ficasse como interna do asilo e
além de sua contribuição em ajudar as freiras, deixava com elas a sua pequena
aposentadoria para ajudar na manutenção financeira da entidade. Saia com as
freiras para fazerem compras para o asilo. As freiras a amavam e tinha dela um
suporte valioso e ao mesmo tempo cuidavam dela.
Quando eu e minha esposa por lá
passamos (fica na saída da cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte)
tivemos a grande alegria em revê-la e mais alegres ficamos quando vimos o amor
a ela retribuído pelas freiras e pelos demais. Ficou tão contente em me ver!
Graças a Deus pude ainda ter o privilégio de conversar com ela e ver seu
rostinho que continuava de criança e seus olhinhos radiantes que fitavam como
se dissesse “aprendam comigo” a ser ajudadores da família humana.
Foi um abraço tão apertado e querido,
com beijos de alegria. Não esqueço nunca essa prima querida, tão especial, que
agora reside na memória de Deus.
Aricelma minha querida criança, tão
especial, virou um anjo adulto e agora sua energia ajudadora, foi distribuída
para nós, para que continuemos a luta de ajudar nossos semelhantes e quando
chegar nossa hora, que a porção de sua energia, junto com a minha, permaneça em
nossos filhos e netos.
Beijão querida prima!