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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Resumo do E-book "Guerra de Canudos, a Chacina não Esquecida" de Raul Meneleu

Resumo do E-book "Guerra de Canudos, a Chacina não Esquecida" de Raul Meneleu  

O e-book "Guerra de Canudos, a Chacina não Esquecida", de Raul Meneleu, oferece uma análise detalhada e crítica de um dos episódios mais trágicos da história brasileira: o conflito entre o Exército Republicano e os sertanejos liderados por Antônio Conselheiro, no final do século XIX, no interior da Bahia. Meneleu aborda o tema com foco na violência desmedida, nas injustiças sociais e na construção de uma memória histórica que busca resgatar as vozes das vítimas.

Contexto Histórico e Origens do Conflito.  
O autor situa a Guerra de Canudos (1896-1897) no cenário pós-Proclamação da República, marcado por tensões sociais, secas, concentração de terras e exclusão das populações pobres do sertão. Antônio Conselheiro, líder religioso e messiânico, atraiu milhares de sertanejos para o arraial de Canudos, visto como uma comunidade de resistência à opressão oligárquica e às reformas republicanas (como impostos e secularização). O crescimento do povoado gerou desconfiança das elites locais e do governo, que o interpretaram como uma ameaça monarquista ou "fanática".

A Chacina e a Repressão Militar.  
Meneleu descreve as quatro expedições militares enviadas para destruir Canudos, destacando a desproporção de forças e a crueldade do Estado. Enquanto os sertanejos lutavam por sobrevivência e dignidade, o Exército, influenciado por teorias racistas e eugenistas, tratou o conflito como uma "guerra civilizatória". A resistência heroica de Canudos, que durou meses, terminou com o extermínio de quase toda a população, incluindo crianças, idosos e mulheres, além da destruição total do arraial.

Críticas à República e à Memória Oficial
O autor critica a narrativa oficial da época, que retratou os canudenses como "bárbaros", omitindo as causas sociais do conflito. Meneleu enfatiza que a guerra foi resultado do abandono estatal, da desigualdade e da intolerância religiosa. Além disso, ressalta como a República nascente usou o massacre para consolidar seu poder, manipulando a imprensa e a história.

Legado e Reivindicação de Justiça Histórica.  
O e-book conclui refletindo sobre o legado de Canudos como símbolo de resistência e luta por direitos. Meneleu defende a importância de lembrar a chacina não apenas como tragédia, mas como alerta contra a marginalização e a violência de Estado. A obra busca dar voz aos sertanejos, muitas vezes silenciados pela historiografia tradicional, e conecta o episódio a desafios contemporâneos, como a luta por reforma agrária e justiça social.

Destaques da Obra:  
- Uso de relatos de sobreviventes, documentos militares e análises sociopolíticas.  
- Humanização dos personagens de Canudos, mostrando sua cultura e organização comunitária.  
- Denúncia do uso excessivo da força e da desumanização dos pobres no discurso oficial.  

Meneleu transforma o livro em um memorial literário, insistindo que a "chacina não esquecida" deve servir como lição para evitar que atrocidades similares se repitam.

Resumo do livro "Lampião, Nordeste, Coronéis, Capangas e Jagunços" de Raul Meneleu

Resumo do livro "Lampião, Nordeste, Coronéis, Capangas e Jagunços" de Raul Meneleu

O livro de Raul Meneleu mergulha na complexa teia social, política e cultural do Nordeste brasileiro no início do século XX, centrando-se na figura emblemática de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e no fenômeno do cangaço. A obra explora como as condições históricas da região — marcadas por secas cíclicas, desigualdades brutais e o poder oligárquico dos "coronéis" (grandes latifundiários) — alimentaram a violência e o banditismo.  

Meneleu contextualiza o cangaço não apenas como criminalidade, mas como um reflexo de resistência e sobrevivência em um ambiente hostil. Lampião surge como líder astuto, cuja habilidade estratégica e carisma o transformaram em símbolo ambíguo: tanto um "justiceiro" para os oprimidos quanto um bandido temido. O autor analisa como sua atuação desafiava a autoridade dos coronéis, que mantinham controle através de "capangas" e "jagunços" (pistoleiros contratados), criando um cenário de conflitos armados e alianças instáveis.  

A obra também discute a estrutura de poder coronelista, destacando a fragilidade do Estado na região, que permitia a esses líderes locais governarem como senhores feudais. Meneleu contrasta a violência dos cangaceiros com a dos jagunços, enfatizando que ambos eram produtos de uma sociedade desigual, embora servissem a interesses distintos.  

Além da análise histórica, o livro aborda o legado cultural de Lampião, mitificado na literatura de cordel e no imaginário popular, e reflete sobre como sua história ilustra tensões entre opressão e resistência. Meneleu não romantiza o cangaço, mas reconhece seu papel na exposição das fissuras sociais do Nordeste.  

Conclusão: A obra de Meneleu oferece uma visão multifacetada do Brasil rural, unindo história, sociologia e cultura para explicar como figuras como Lampião e instituições como o coronelismo moldaram a identidade nordestina. É um estudo essencial para compreender as raízes da violência e da luta por poder em um contexto de abandono estatal e injustiça estrutural.

A Dignidade de Virgulino Ferreira antes de ser Lampião

Resumo do livro "A Dignidade de Virgulino Ferreira antes de ser Lampião" autoria de Raul Meneleu:  
A obra de Raul Meneleu aborda a vida de Virgulino Ferreira, posteriormente conhecido como Lampião, antes de sua ascensão ao mito do cangaço. O livro explora as origens humildes de Virgulino no sertão nordestino, contextualizando a realidade socioeconômica marcada pela seca, miséria e pelo poder opressor dos coronéis. O autor destaca a infância e a juventude do protagonista, enfatizando seus laços familiares e os eventos traumáticos que o levaram a abandonar uma vida pacífica, como a morte violenta do pai em conflitos com autoridades locais.  

Meneleu humaniza Virgulino, retratando-o não como um bandido natimundo, mas como um homem movido por circunstâncias adversas, busca por justiça e sobrevivência em um ambiente hostil. A narrativa enfatiza sua "dignidade" intrínseca, mostrando como valores como honra, lealdade e resistência moldaram suas escolhas antes de adentrar o cangaço. O livro também discute a complexidade moral de suas ações, questionando a linha entre heroísmo e criminalidade, e reflete sobre como a história oficial frequentemente simplifica figuras como Lampião, ignorando seu contexto de luta contra a opressão.  

Ao mesclar elementos históricos e ficcionais, a obra convida o leitor a repensar o legado de Lampião, não apenas como um símbolo de violência, mas como produto de um sistema desigual que marginalizou milhões no sertão brasileiro. Temas como resistência, identidade e a construção de mitos permeiam a narrativa, oferecendo uma visão crítica e sensível da trajetória de um dos personagens mais enigmáticos do Brasil.

Filme "Tempo de Glória"

Resumo Detalhado do Filme "Tempo de Glória" (Glory, 1989)
Direção e Contexto Histórico:  
Dirigido por Edward Zwick, "Tempo de Glória" (1989) retrata a história real do 54º Regimento de Infantaria Voluntária de Massachusetts, uma das primeiras unidades afro-americanas na Guerra Civil Americana (1861-1865). O filme combina eventos históricos com personagens fictícios para destacar a luta por igualdade e reconhecimento.

Enredo Principal:
- Formação do Regimento: Após a Proclamação de Emancipação, o jovem Coronel Robert Gould Shaw (Matthew Broderick) assume o comando do 54º Regimento, composto por soldados negros, incluindo ex-escravizados e homens livres.  
- Desafios e Discriminação: Os soldados enfrentam racismo dentro do próprio Exército da União, desde equipamento inadequado até a proposta de salário inferior ao dos brancos. Eles se recusam a receber menos, exigindo dignidade.  
- Treinamento e Conflitos Internos: Destaque para as dinâmicas entre os soldados, como o rebelde Trip (Denzel Washington), o sábio Sargento Rawlins (Morgan Freeman) e o intelectual Thomas Searles (Andre Braugher). Uma cena marcante mostra Trip sendo açoitado por deserção, revelando cicatrizes de escravidão.  
- Clímax: Batalha de Fort Wagner: O regimento lidera um ataque suicida ao Forte Wagner (Carolina do Sul, 1863). Apesar da derrota tática e da morte de Shaw e muitos soldados, sua bravura ganha reconhecimento nacional, influenciando a aceitação de mais tropas afro-americanas.

Personagens Principais:  
- Coronel Shaw: Branco e abolicionista, enfrenta dilemas morais e busca provar o valor de seus homens.  
- Trip (Denzel Washington): Ex-escravizado rebelde, simboliza a resistência contra a opressão. Venceu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.  
- Sargento Rawlins (Morgan Freeman): Mediador sábio, representa a liderança interna.  
- Major Cabot Forbes (Cary Elwes): Amigo de Shaw, questiona as injustiças do sistema.

Temas Centrais:  
- Luta por Igualdade: O filme denuncia o racismo estrutural e a hipocrisia da União, que lutava contra a escravidão mas marginalizava soldados negros.  
- Sacrifício e Honra: A "glória" não vem da vitória, mas da coragem em desafiar a opressão.  
- Irmandade e Identidade: A união dos soldados transcende diferenças, construindo um legado de resistência.

Recepção e Legado:  
- Crítica e Prêmios: Aclamado pela atuação (especialmente de Washington), direção e trilha sonora de James Horner. Venceu três Oscars, incluindo Melhor Ator Coadjuvante.  
- Importância Histórica: Baseado nas cartas de Shaw, o filme resgata a contribuição afro-americana na Guerra Civil, muitas vezes apagada. A cena final, com os corpos de Shaw e seus homens sendo enterrados juntos, reforça a igualdade na morte.  

Curiosidades:  
- A desigualdade salarial retratada foi real, corrigida pelo Congresso em 1864.  
- O Forte Wagner nunca foi tomado pela União, mas a coragem do 54º abalou a opinião pública.  

"Tempo de Glória" é um tributo emocionante à coragem de homens que lutaram não apenas pela liberdade, mas por seu direito à humanidade.

Lampião, o rei dos cangaceiros

Lampião: O Rei dos Cangaceiros
Por Raul Meneleu 
Virgolino Ferreira da Silva (1897–1938), conhecido pelo apelido Lampião, foi o líder mais emblemático do cangaço, um movimento de banditismo social no sertão nordestino do Brasil. Ativo entre as décadas de 1920 e 1938, ele se tornou uma figura mítica, misto de herói popular e vilão, cuja história reflete as complexidades de uma região marcada pela seca, desigualdade e ausência do Estado.

Contexto Histórico e o Cangaço  
O "cangaço" surgiu no árido "Sertão nordestino, onde a pobreza, as secas cíclicas e a concentração de terras geravam conflitos. Os cangaceiros eram grupos armados que vagavam pela região, alternando entre ações de resistência, saques e violência. Embora alguns fossem vistos como "justiceiros", sua relação com as comunidades era ambígua: protegiam ou extorquiam, dependendo da circunstância.

A Ascensão de Lampião  
Nascido em Pernambuco, Lampião entrou para o cangaço após conflitos familiares com fazendeiros e a polícia. Seu apelido, que significa "lampião", teria origem na rapidez de seus disparos, que "iluminavam a noite como um candeeiro". Sua liderança destacou-se pela astúcia, organização e habilidade em escapar de perseguições.

Características e Iconografia  
Lampião cultivava uma imagem distinta:  
- Trajes elaborados: Chapéus de couro com estrelas, gibões bordados, cartucheiras cruzadas no peito.  
- Armamento: Carabina Winchester, facão e revólver.  
- Simbolismo: Sua estética misturava elementos do sertão e do misticismo, reforçando sua aura lendária.  

Em 1930, uniu-se a Maria Bonita, considerada a primeira mulher a integrar o cangaço ativamente. Ela simbolizou a quebra de padrões em um mundo predominantemente masculino.

Queda e Morte  
Em 28 de julho de 1938, Lampião, Maria Bonita e parte de seu bando foram surpreendidos por uma força policial em Angicos (Sergipe), após uma denúncia. Onde 11 cangaceiros foram mortos a tiros,  inclusive Virgolino Ferreira e Maria Bonita. Seus corpos foram decapitados, e as cabeças expostas publicamente como troféus (posteriormente enterradas em 1969).

Legado e Controvérsias  
- Mito vs. Realidade: Enquanto a cultura popular o romantiza como "Robin Hood do Sertão", historiadores ressaltam sua brutalidade, incluindo saques e execuções.  
- Cultura Brasileira: Lampião inspira cordéis, filmes (como "O Baile Perfumado"), música (Luiz Gonzaga) e festivais, simbolizando resistência e identidade nordestina.  
- Debate Social: Representa a luta contra a opressão, mas também a falência de políticas públicas no sertão.  

Lampião permanece um ícone complexo, encapsulando o espírito rebelde do Nordeste e as contradições de uma época em que a lei era ditada pela força e sobrevivência.

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Padre Cícero

 Documentário produzido por Thomaz Farkas 


"Uma visão, da década de 1970, do Padre Cícero - antigo líder religioso, ligado à formação social, política e econômica do Vale do Cariri - pela população local e pela multidão de romeiros que ali acorrem para render-lhe homenagem. Com aproveitamento de material cinematográfico da época em que o padre recebe visitas das mais antigas altas autoridades do Estado, em 1925, na companhia de seu protegido, o deputado federal Floro Bartolomeu, para inaugurar sua própria estátua em praça pública O filme mostra o uso que se fez. da imagem do velho patriarca bondoso, pai dos pobres e protetor dos desvalidos E como os anseios de sua população de romeiros estão cristalizados em ritos de veneração a essa imagem." (Extraído da Programadora Brasil/5)

https://archive.org/details/padrecicerogeraldosarno1972



segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Reminiscências de Maria Bonita

Reminiscências de Maria Bonita

Por Raul Meneleu


Dia 28 de julho de 2020 fez 82 anos da morte de Maria Bonita. Muito de sua história, desde o seu nascimento até o dia de sua morte, a única certeza que tínhamos era esta data de 28 de julho de 1938, o dia de  sua morte.

E mesmo assim ainda paira dúvidas para alguns, aquele acontecimento da fuzilaria do Angico onde ela e Lampião, com mais nove companheiros foram mortos pelas volantes comandadas pelo tenente João Bezerra.

O título desse artigo diz bem com a imagem lembrada do passado dela, pois o que se conserva na memória são lembranças vagas ou incompletas fornecidas por parentes e escassas fontes da Igreja Católica, material este carcomido por traças e descasos de conservação. Infelizmente as autoridades religiosas não conservaram a tais, não por má fé, mas por talvez faltarem a tais uma consciência histórica por não enxergarem o futuro, talvez por não perceberem tais documentos como história de sua própria igreja, paróquia  e rebanho.

Os escritores da Saga Cangaço foram ao campo, investindo seus recursos de tempo e dinheiro do próprio bolso pois faltavam-lhes patrocínios de entidades de cultura, tanto as  particulares como as governamentais, como aliás aconteceu na história do homem sobre a face da terra, sendo que apenas poucos destes pesquisadores foram amparados oficialmente. Imaginem agora no nosso Brasil onde a cultura sempre foi posta em patamar inferior.

Centremos então nossa atenção para o nicho esquecido por muitos mas lembrado por poucos: A História de Maria Bonita.

Iniciemos com o histórico de pesquisadores que debruçaram sobre o assunto.

Em livro mais recente temos o do pesquisador Voldi de Moura Ribeiro, que trata do nascimento de Maria Bonita.

Na página 79 sob o título "UMA ANÁLISE ACERCA DO DIA 08 DE MARÇO DE 1911" data defendida sem comprovação documental por alguns escritores, Voldi analisa em síntese crítica, os registros de tais, que a partir do ano de 1997 passaram a defender esta data, isto sem comprovação documental e que simplesmente se basearam em relatos verbais familiares que também não foram comprovados. 

Antes as datas defendidas por autores mais antigos, variava de ano, desde 1906 a 1912.

Na análise crítica da tabela da pg 79 Voldi apenas indica os autores e as obras referenciadas estão explícitas nas pgs 70-79 (tópico 10).

Voldi traz o resultado de sua pesquisa com documentos comprobatórios encontrados nas Paróquias de Santo Antônio da Glória e São João Batista de Jeremoabo, em sua busca, juntamente com o Pesquisador, Teólogo e Comunicador Social, Padre Celso Anunciação. Em conversa de mais de uma hora por telefone, entrevistei o autor dias 26 e 28 de julho de 2020, que me informou está sendo elaborada uma segunda edição,  ampliada.

Estive com Voldi em diversos encontros do Cariri Cangaço, onde ele compartilhava comigo o assunto e ano passado estivemos em Juazeiro do Norte, onde o autor entregou-me em mão sua obra com uma dedicatória amável que agradeço imensamente. Nesta obra, ele traz fotografias de tais documentos, onde não pode existir mais dúvidas de data de nascimento de Maria Bonita. Abaixo exponho as fotos e procuro fazer argumentações extra-livro.

 

Transcrição do trecho da página: "Aos sete dias do mês de setembro de mil nove centos e dez, baptisei solenemente a Maria, nascida a desessete de janeiro de mil nove centos e dez filha natural de Maria Joaquina da Conceição. Foram padrinhos Agripino Gomes Baptista e Maria Joaquina da Conceição. E para constar fiz este assento que me assigno.

Vigário Euthymio José de Carvalho”

Que dúvida pode persistir se a evidência maior é o Batistério de Maria? E por que duvidar de um atestado de Batismo (conforme foto abaixo) emitida pela Paróquia de São João Batista e assinada pelo Pároco e Padre José Ramos Neves?


Alguém pode dizer: Por que os pesquisadores de renome não encontraram esse Batistério da mulher mais famosa do cangaço?
 

Respondo com um talvez: Talvez porque faltou-lhe um amparo maior que o Pesquisador Voldi Moura obteve, ao aliar-se com um Pesquisador entendido no assunto religioso dos batismos da Igreja Católica e conhecedor dos meandros e aceito por seus pares de religião, onde pode escarafunchar as documentações que estavam por assim dizer, aguardando o momento propício para ser revelada ao público. O escolhido e abençoado foi Voldi Moura Ribeiro.

Mas vamos além e foquemos nas demais documentações que nunca tinham sido acessadas por pesquisadores mais afamados. Temos o Batistério de uma das irmãs de Maria Bonita, que se chamava Antônia.

O nome completo de Antônia era Antonia Maria da Conceição. (foto abaixo)

Essa certidão de Batismo traz também apenas o primeiro nome, como era o costume da época, pois o batizando automaticamente levaria o nome dos pais. Vejam que esta certidão traz o nome do pai. A de Maria Bonita não. Por certo o pai não estava presente ou Maria Bonita “poderia” ser filha de outro homem. Mas vou deixar essa tese para em outra ocasião dissertar sobre ela.

Em vista desse “achado” os próximos livros que forem escritos sobre o assunto com certeza irão trazer essa data de 17 de janeiro de 1910 mesmo que não queiram dar o crédito ao autor da descoberta, Sr. Voldi Moura Ribeiro.

Na internet existem diversos blogs e páginas com a data não comprovada de 8 de março, seguindo escritores que não pesquisaram e basearam suas afirmativas pelos livros lidos. Coincidentemente o Dia Internacional da Mulher é 8 de março. Claro que gostaríamos de ter essa data internacional como sendo a do nascimento de Maria Bonita, mas infelizmente não é.

Frederico Pernambucano de Melo, historiador e membro da Academia Pernambucana de Letras, veio a reconhecer a descoberta de Voldi Moura, quando em palestra no Museu do Estado de Pernambuco, Recife, em 14 de dezembro de 2011, transcrita no próprio livro LAMPIÃO E O NASCIMENTO DE MARIA BONITA quando disse:

“... o Brasil, a quem a história acendeu uma vela no dia 8 de marco útimo, julgando assinalar os cem anos de seu nascimento. Acendeu por engano, ao que se constata no momento, a data festejada parecendo não ser a verdadeira.

No vazio de registro escrito, que persistiu até meses atrás, esse 8 de março teria prosperado com base no testemunho de parentes, fonte reconhecidamente precária quando se trata de datas. Para não falar do caráter confuso e pouco explicado desse testemunho. Contra o qual se insurge agora o resultado de levantamento feito há pouco no arquivo da Diocese de Jeremoabo, Bahia, pelo sociólogo Voldi Ribeiro, auxiliado pelo padre Celso Anunciação, que deu como resultado a descoberta do batistério da cangaceira-mor. Documento que a torna mais velha em pouco mais de um ano, vez que nascida aos 17 de janeiro de 1910, ao que reza o papel da sacristia amarelecido pelo tempo. Teria morrido, assim, com 28 anos e seis meses de idade, naquele 28 de julho de 1938, para os que apreciam as exatidões. E conseguido negar um pouquinho de idade para o marido famoso, como toda mulher que se preza...”

Não sabemos como o grandioso pesquisador Antônio Amaury Correia de Araújo veio a obter essa data refutada de 8 de março, mas se corrige ao referenciar a descoberta do Sociólogo Voldi Moura, quando em seu livro “Lampião - As Mulheres e o Cangaço” segunda edição, de 2012, página 162 faz constar uma devida correção:

"Maria veio ao mundo em 8 de março de 1911*

*Data invalidada após o amigo pesquisador Voldi de Moura Ribeiro, haver encontrado uma carta enviada por mim em 16 de março de 1971, buscando informações sobre documentos de Maria Bonita. Essa carta foi encontrada por Voldi em 22 de agosta de 2011. ”

Reconhece então o nobre Escritor e Pesquisador, a declaração de Certidão de Nascimento feita pelo Padre José Ramos Neves em que atesta o nascimento de Maria Bonita em 17 de janeiro de 2010. (veja foto acima)

Na enciclopédia Wikipedia no link   abaixo  

( https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Bonita), 

encontramos ainda a falsa data de 8 de março de 1911 onde foi posta uma pequena nota que pode ser aberta ao teclar nesse um [1] que diz: “Segundo o Antônio Amaury, a certidão de batismo em nome de Maria Bonita não pode ser localizada. Maria deve ter nascido por volta do ano de 1908 (ARAÚJO 1984, fls. 168) e creio que os administradores da página, já deveriam ter mudado a data para 17 de janeiro de 1910 o ano de seu nascimento.

Aqui encerro minhas considerações a respeito da data de nascimento de Maria Bonita.