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domingo, 6 de setembro de 2015

Por linhas tortas - Os 3 poderes

De meu amigo Claudio Gonçalves Jaguaribe

"Deus Supremo (Khronos, Tempo, até hoje venerado no pulso dos humanos), seguido de suas crias (espirito santo-Obatalá; deus pai-Olorum; e deus filho-Oduduá); assessorados por seu ministério comandado por Ministro da Justiça-Ogun. 

Porém, o Primeiro Ministro Orixá-Nla, ou Oxalá, assumiu o controle, identificando-se com Oduduá, passando a exercer o controle sobre o conselho de Ministros (Orixás). 

No Centro das decisões deve prevalecer o poder decisório de Obatalá, na terra representado pelo Congresso Nacional, a quem incumbe decidir o que fazer. Incumbe a Olorum, Poder Executivo, implementar o que foi decidido  por Obatalá.

Incumbe a Oduduá (Poder Judiciário) verificar se o que foi implementado por Olorum coincide com o que foi mandado fazer por Obatalá. 

Hoje em dia, aqui no Brasil, o Poder Executivo se sobrepôs ao Legislativo e atropela o Judiciário. 

O trabalho, escrito por linhas tortas pelos atuais Presidentes (Orixás) do Poder Legislativo, vêm, de alguma forma, realinhando os Poderes, auxiliados pelo Poder Judiciário que vem reassumindo seu papel na organização estelar. 

Suas Excelências (não suporto este cognato: Excelência - aquele que caiu do céu) vêm se reposicionando, reassumindo o papel que, originariamente, por direito, lhes incumbia. 

Falta decidir que o Povo (Oduduá pode ser assim entendido, mas na realidade significa toda a matéria) dá a 1ª e última palavra, sendo seu coordenador o 1º Ministro (para fins de execução) Oxalá. 

Oxalá representa Odudua mas, não é ele. É uma entidade autônoma, diversa de Oduduá. Falta decidir quem comanda o Governo. 

Inicialmente Ogun (Ministro da Justiça) secretariava o Governo, decidindo como o  1º Ministro implementaria o decidido, porém o 1º Ministro (Oxalá) passou a exercer o controle absoluto sobre as reuniões Ministeriais. 

São 14 Ministros que compõem o Gabinete Ministerial (14 Orixás). Ordenados pela linha de 7 entidades e seus reversos espelhos, mais 7.

Traduzindo para os nossos dias: Quem decide, ou deveria decidir, seria o deus pai, materializado no Poder Legislativo (onde três ou mais pessoas estiverem reunidas em meu nome, eu estarei presente), decisões que devem ser implementadas pelo deus filho materializado no Poder Executivo, cabendo ao espírito santo, materializado no Poder Judiciário, dizer se o que foi implementado pelo Poder Executivo está de acordo com o decidido pelo deus pai. 

Assim, dá para entender o problema político hoje vivido no Brasil. Estamos diante de uma situação em que o Poder Legislativo tenta retomar as rédeas do Poder. Pois representa o povo, do qual todo poder emana. 

De outro lado, o Poder Judiciário, inclusive o Judiciário Putativo (TCU, embora tenha o nome de Tribunal, não integra o Judiciário mas, sim, o Legislativo), vem assumindo seu papel, substantivo, de julgar o comportamento do Executivo. 

Resumindo, dos três Poderes, dois já assumiram seus papéis de Protagonistas, deixando de ser caudatários do Executivo, que há de se lhes submeter. Doutro lado, em sentido diametralmente oposto, temos o Estado Islâmico. 

Os seguidores cristãos de Thiago, o Justo, permaneceram em Jerusalém após a diáspora dos seguidores de Jesus (deus filho), que afirmara ser as três pessoas numa só. 

Assim, interpretando literalmente suas palavras, nos anos 400 de nossa Era, surgiu seu maior seguidor/Profeta: Maomé. Seus seguidores não admitem a divisão de deus em três pessoas, em consequência não admitem a divisão dos Poderes, nem do mundo em espiritual e material. 

Neste Diapasão, para eles, há uma única Lei: a Sharia. Um único Poder exercido Pelo Aiátola. Sendo assim, é-lhes inadmissível a possibilidade do estado ser láico, pois emana do Poder Divino, exercido pelos Aiátolas.

Pena que seja Eduardo Cunha quem esteja fazendo o realinhamento dos Poderes mas, deus escreve certo por linhas tortas.

Sei, por popular sabença, que nossa civilização, de 10.400 anos aproximadamente, não surgiu do zero para se desenvolver. Há notícias de civilizações anteriores a esta data das quais nada sabemos. Porém, custa-me a crer que simples pastores, filosofando à noite, em torno de fogueiras, tenham atingido tais níveis de conhecimento de deus, matéria e estrutura de poderes. 

Tudo me leva a crer na existência de um livro que Rob Howard (autor de Conan) denominou Necronomicon. Além disso, existe, na Biblioteca do Vaticano, uma coleção de discos de platina, descobertos por Teillard de Chardin, em escavações de uma civilização (antes de 10.500 anos atrás?) que podem ser entendidos como CD-ROMs. 

Me pergunto: Como uma civilização tida como primitiva tinha tecnologia que só recentemente se tornou disponível ao público?"

MEU COMENTÁRIO:
O conhecimento é vasto amigo Claudio Gonçalves Jaguaribe mas ainda tem muitas coisas que não sabemos por conta dos que acreditam que não estamos ainda preparados e esses têm o poder de alguma forma. Apenas alguns da raça humana têm preparo  e podem aceitar o novo que surge. Vivemos ainda em uma fase da humanidade em que o novo é temeridade pois ainda carregamos uma enorme carga genética animalesca e ainda deixamos o ódio dominar. Existem duas correntes de entidades: uma que quer a humanidade desenvolvendo-se aos poucos e outras que querem entregar-nos o máximo de conhecimento.
Falo contra e a favor.

Padre Cícero - Curiosidades e Traços Biográficos


Período de 1844 a 1870

Brochura de J. Machado
Em 24 de Março de 1844 nasceu o PADRE CÍCERO ROMÃO BATISTA, filho legitimo. de Joaquim Romão Batista e de Dona Joaquina Vicencia Romana, alvo de olhos azuis, bem parecido e de família católica. 

Em 1863, estando a cursar no colégio do Padre Rollin, em Cajazeiras, Estado da Paraíba, esteve para abandonar sua carreira em que pretendia ser sacerdote, em virtude do cólera-mórbus, de que foi vitima o seu pai. Ficou viúva sua mãe com duas filhas de nomes Maria e Angélica. Ele, como único homem de casa, assumiu a direção da mesma, liquidou alguns débitos deixados por seu pai que era peque-no comerciante e agricultor. 

De 1865 a 1870 passou a estudar no Seminário de Fortaleza, onde sempre revelou clima vocação, a ponto que seu bispo Dom Luiz dos Santos o chamava "anjo do Cearà". Um seu colega e até pouco tempo vigário de Taperoá na Paraíba, relata que, em certo passeio com o corpo docente e discente daquele seminário, não tendo onde colocar seu chapéu, porque os outros tinham ocupado todos os locais próprios, na casa de hospedagem, num sitio, colocou-o numa parede onde nada o segurava, a não ser algum poder oculto, o que deu lugar a comentários entre seus colegas que o inquirindo com perguntas, tinham como resposta apenas sorrisos discretos. Apesar de algumas dificuldades, ordenou-se em 1870. 

De 1870 a 1879. 

Em 1872 o Padre Cicero foi nomeado capelão da então Capelania do Juazeiro, constante de pequena população, algumas casas de tijolos e telhas, com poucas de taipa e palhas. Sua capelinha era de taipa e telhas sob o oratório de Nossa Senhora das Dores e edificada pelo Padre Pedro Ribeiro de Carvalho.

O Padre Cicero que durante alguns anos também foi vigário de S. Pedro do Cariri, onde exercia seu sacerdócio sem cobrar pagamento pelos feitos religiosos que praticava, recebendo apenas o que cada paroquiano achava conveniente para sua manutenção de sacerdote pobre.

As vezes, castigava, certos paroquianos, com palmatória, porque e tinha sobre os mesmos absoluta acedência moral, devido à sua vida exemplar de homem honesto, sincero e humilde, fazendo missões religiosas e ensinando o catecismo.

Dizem que ele tinha. o dom de bilocação (A Bilocação pode ser definida com o ato de estar em dois lugares ao mesmo tempo. Segundo a Igreja Católica, a bilocação é um Carisma que poucos poderão receber.), como Santo Antônio, São Francisco Xavier, Santo Afonso e outros santos, a ponto de se transportar em espirito, a lugares distantes quanto adormecia, como, lhe acontecia, em certos momentos mesmo quando viajava a cavalo: tal dom lhe serviu durante toda sua vida.

Dominado da grande espírito acético, à maneira do Padre Ibiapina, organizou um núcleo de moças a que deu instrução  religiosa particular e o manto de beatas. Uma delas, mestiça quase preta e filha desta cidade, em março de 1889 revelou fenômenos extraordinários, pois que era obrigada a expôr num recipiente, por ocasião da Comunhão, as hóstias por ela recebidas, uma vez que não podia degluti-las, porque as mesmas passavam a formar postas de carne e sangue. 

De 1889 a 1908

Tais acontecimentos que ocorreram no ano em que se ia proclamar o regime republicano no Brasil, tiveram imenso efeito, dando lugar a afluírem para este local indivíduos de todas as classes sociais, particularmente dos sertões nordestinos. Foi o começo da formação desta cidade, onde ao lado dos grupos de penitentes da Irmandade da Cruz, surgiam os comerciantes, artistas e operários, todos trabalhando, pois a ordem do Padre Cicero como verdadeiro apóstolo do bem consistia em mandar que trabalhassem e rezassem, todos os dias, o Rosário. 

Não afastava de sua presença nem os maiores criminosos, pois diziam que sua obra era de salvarão e Jesus Cristo não veio ao mundo para salvar os santos e sim os pecadores. 

Beata Maria de Araujo
Surgiu, porém, a questão religiosa devida aos prodígios de sangue ocorridos com Maria de Araujo, os quais, afinal, foram condenados, pela autoridade eclesiastica de Roma onde esteve o Padre Cicero, para se justificar perante o Papa Leão XIII, o qual mandou que o mesmo regressasse e se conservasse calado sobre tais casos, mas não o excomungou, como houve quem maldosamente propalasse, e mesmo bispos que o privaram de celebrar missas nesta cidade de onde jamais quis se afastar, por mais que lhe oferecessem, como ofereceram, vantajosas colocações fora de Juazeiro.

Padre Cícero amava seu povo, como prova a carta escrita de Roma a sua querida mãe (Leia abaixo juntamente com o testamento de Padre Cícero). Os romeiros, desde então, até hoje, jamais deixarem de afluir a esta cidade em visitas a Nossa Senhora das Dores e traziam quase sempre dinheiro para ele e para Ela. 

O Padre Cicero, no começo se recusava a receber importâncias, pois queria continuar em sua vida de pobreza, como dantes, mas certas beatas que o cercavam. particularmente uma de nome Joana Tertulina de Jesus (Dona Mocinha) que passou a ser a governante de sua casa, conseguiram convence-lo de que devia receber os dinheiros que lhe traziam e emprega-los em uma obra pia, como prova, temos nesta cidade, principalmente a Ordem Salesiana sem falar em outras organizações semelhantes ou de menores vultos. 

Afinal de pequena aldeia o Juazeiro passou a grande centro humano contando cerca de 20 mil habitantes, em 1908, quando, conseguiu separar-se do Município de Crato, constituindo o Município de Juazeiro do Padre Cicero. 


De 1908 a 1934

Pouco depois da criação deste Município chegou aqui o médico Baiano Doutor Floro Bartolomeu da Costa, o qual conseguiu do Padre em cuja casa se hospedou, ao chegar nesta cidade, em companhia do engenheiro Conde Adolfo van den Brule. Com grande simpatia, Floro logo passou a ser o dirigente da politica local, embora o padre, nominalmente, continuasse a ser o prefeito do município e tivesse todo prestígio e responsabilidade perante a politica do Governo Acióli. 
No Governo Marechal Hermes Pinheiro Machado, foi deposto o Governo Acióli e passou a governar o Ceará o Coronel Marcos Franco Rabelo. o qual, terminou, sendo deposto por elementos do partido aciolista, entregando o Governo deste Estado ao então Coronel Setembrino de Carvalho, que o assumiu em Março de 1914, no função de Interventor Federal. Os referidos elementos aciolistas tiveram como sede da revolução anti-rabelista, Juazeiro, tendo como principais chefes sob a influência e prestigio do patriarca, o Dr. Floro, o Coronel Pedro Silvino, o Dr. José de Borba, e em Fortaleza o Coronel João Brígido, redator do Unitário, além de outros no Rio de Janeiro e no Ceará. 

Depois da revolução, passou o Padre Cicero a gozar de maior prestigio político, sendo visitado por muitos políticos e alguns governadores do Estado. Servindo-se de sua posição de representante do povo, o Deputado Federal Floro atendendo ao perigo a que estava exposto o vale do Cariri, ante as colunas de revoltosos de Carlos Prestes a se moverem em direção ao Nordeste, conseguiu que o Governo Artur Bernardes, sem demora, organizasse nesta cidade um Batalhão Patriótico, formado de 1200 homens, que se deslocavam auxiliando as forças federais, isto em 1926, quando faleceu Floro, no Rio de Janeiro. 

Em 1930, por ocasião da revolução que terminou empossando Getúlio Vargas na Presidência da Republica, quando o Padre Cícero, quase cego de cataratas em ambas as vistas, recebeu de manhã um telegrama do Governador do Estado Matos Peixoto, perguntando qual era sua atitude em face das vitórias dos revoltosos, ao que ele, mal assinando telegrama feito por alguns de seus secretários, respondeu dizendo que o governo contasse até mesmo com o concurso de homens armados, nesta cidade, em defesa da legalidade. Na tarde do mesmo dia, recebeu ele um telegrama de chefes revoltosos, perguntando qual sua atitude em relação aos ditos revoltosos, ao que ele respondeu, guiado pelos mencionados secretários, assinando sem ler, um telegrama no qual dizia que nenhum de seus amigos pegaria em armas contra revoltosos. 

Em 1931, a 9 de março, chega a esta cidade a chamado do Reverendíssimo Padre Cicero Romão Batista o Doutor Juvêncio Joaquim de Santana, que se achava residindo em Fortaleza, para dirigir não somente a sua politica como também os seus negócios particulares. 












Fonte do artigo: Brochura "Duas palavras" de J. Machado - Editado no ano de 1948

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

UM SUPORTE PARA A DEMOCRACIA NA ERA DIGITAL


Escritores chamam a atenção de todos os "navegadores" da internet para um projeto de lei de direitos digitais. Cerca de 500 escritores se juntaram para fazerem uma petição internacional para as Nações Unidas, apelando para os direitos democráticos na era digital. 


São conhecidos como:
"Escritores Contra a vigilância em massa". 

Outros escritores que assinaram o apelo "Um suporte para a democracia na era digital", incluem Ingo Schulze, Orhan Pamuk, JM Coetzee, Günter Grass, Margaret Atwood, Will Auto, Björk, David Malouf, Nick Cave, Don DeLillo, Nuruddin Farah, e Umberto Eco.

UM SUPORTE PARA A DEMOCRACIA NA ERA DIGITAL 

Nos últimos meses, a extensão da vigilância em massa se tornou de conhecimento comum. Com alguns cliques do mouse o Estado pode acessar o seu dispositivo móvel, o seu e - mail, as suas redes sociais e pesquisas na Internet. Ele pode seguir suas inclinações e atividades políticas e, em parceria com empresas de Internet, coleciona e armazena seus dados e, assim, pode prever o seu consumo e comportamento.
  
O pilar fundamental da democracia é a integridade inviolável do indivíduo. Integridade humana se estende para além do corpo físico. Em seus pensamentos e em seus ambientes e comunicações pessoais, todos os seres humanos têm o direito de permanecer despercebido e não serem molestados.  
Este direito humano fundamental ficou nulo através de abusos tecnológicos desenvolvidos por estados e corporações para fins de vigilância em massa.  
Uma pessoa sob vigilância já não é livre; uma sociedade sob vigilância já não é uma democracia. Para manter qualquer validade, os nossos direitos democráticos devem aplicar-se em ambiente virtual tanto quanto no espaço real.

Vigilância viola a esfera privada e compromete a liberdade de pensamento e de opinião.
Vigilância em Massa trata cada cidadão como um suspeito em potencial. Ele derruba um dos nossos históricos triunfos, a presunção de inocência.  
Vigilância faz com que o indivíduo torne-se transparente, enquanto o Estado e as corporações operam em segredo. Como vimos, esse poder está sendo abusada sistemicamente. 

A vigilância é roubo. Estes dados não são propriedade pública pois pertencem a nós. Quando ele é utilizado para prever nosso comportamento, somos roubados de outra coisa: o princípio da livre vontade crucial para democrática liberdade.  

EXIGIMOS o direito de todas as pessoas para determinar, como cidadãos democráticos, em que medida pessoal os seus dados podem ser legalmente coletadas, armazenadas e processadas, e por quem; para obter informações sobre o seus dados, onde são armazenados e como ele está sendo usado; para se obter a supressão dos seus dados se tiverem sido recolhidas ilegalmente e armazenado.   Apelamos a todos os Estados e das empresas a respeitar estes direitos.   Apelamos a todos os cidadãos a se levantar e defender esses direitos. 

APELAMOS À NAÇÕES UNIDAS a reconhecer a importância central da proteção dos direitos civis na era digital, e para criar uma Carta Internacional dos Direitos Digitais.   Apelamos aos governos para assinar e aderir a essa convenção.

JOAZEIRO DO CARIRY

Livro de autoria de Alencar Peixoto confeccionado na Tipografia Moderna na cidade de Fortaleza, capital do Ceará, no ano de 1913, onde o autor mostra "vago contorno da realidade" conforme palavras de Eça de Queiroz, em edição provisória, que me caiu às mãos, e que está me fazendo deleite de leitura. Do mesmo autor, estou buscando o livro "A Villa do Joazeiro" e até agora não encontrado. Espero que em viagens futuras a essa grande cidade de Juazeiro do Norte, em buscas pelos bons locais da história, estabelecidos por aqueles que preservam a memória dessa cidade, venha a encontra-lo. Para o deleite daqueles que gostam, coloco aqui o inicio dessa obra:

JOAZEIRO DO CARIRY*

— Sim, meu caro, 'procurarei de alguma forma satisfazer-te. O povoamento inicial do Joazeiro do Cariry data, pouco mais ou menos, de 1800. Começou com o padre Pedro Ribeiro Monteiro, de saudosissima memoria. Apenas alli chegara, pioneiro, tractou de logo esse padre comprar terras e de situar n'ellas fazendas de gado e miuças.

Religioso que era, afortunado, dispondo de uma larada de mancípios que trouxera com sigo dos sertões de Jaguaribe-mirim, em quanto que assim procedia, levantava a primeira orada, o primeiro altar, a primeira cruz.

Feita a ermida que consagrara à N. Senhora das Dôres, familias, vindas de longe e das immediações do local, foram-se à volta d'ella arraiando. De aspecto alacre, à margem de um ribeirinho anonymo que se chamou depois Salgadinho, ao poente a serra do Catolé, do norte para o nascente a serra do Araripe, formando um triangulo com o Crato e Barbalha, levantou-se, a grandes raçadas do sol forte, o pittoresco povoado. Era, em começo, e como tudo conspirava para o seu bem estar — o ar mais doce e mais suave, o ceu mais azul e mais belfo, a natureza mais risonha e mais amavel, e o homem sobretudo mais livre, mais serio, mais espiritual e mais celeste; era, em começo, um como ninho de pombas, alli, n'aquella altura, interrompido apenas pela bicharia dos brejos, cantarolando à noite a psalmodia da lama.

Mais tarde, porém, com a morte do velho padre em 1856, si me não engano, lá vieram de romania as rixas e as discordias e as contenções e os arrancos do odio e da ambição perturbando a paz, desconcertando a ordem, desmantellando o ninho... Tão animado, tão cheio de vida que então ia o logarejo, alargando-se com as suas casinhas, com os seus humildes cochicholos, ruto em fora de sua evolução social, estacionara de todo, e, poucos annos depois, em 1868, era um cadaver, decompondo-lhe à forma a autopsia da morte.

Mas, em 1872, eis que, com a presença do reverendo padre Cicero, foi-se, a pouco e pouco, com admiração de todos, recompondo o cadaver, e, recomposto, galvanisado, resurgira! Em contacto com o jovem do sacerdote ascendido em zelo de Jesus Christo, inflammado em amor do proximo, as mãos cheirando ainda aos sanctos oleos; em contacto com esse sacerdote humilde e pobre que, a convite dos macotas da terra, para lá se fôra e lá se ficara como capellão, deu mais o Joazeiro uns passos para adeante e de seguida estacou.
Adentrado, com as suas casinhas, formando em conjuncto um ponto branco no azul do tempo, ah! esperava elle um d'esses momentos invenciveis, tão raros na historia de um povo, para, vertiginosamente, e à semelhança de um grande polvo, estender por sobre aquelle scenario os seus tentaculos. E esse momento chegou. Com a affluencia, em 1890, dos devotos, vindos de todas as partes, attrahidos pelos taes factos miraculosos que attribuiam «a in-tuito de mercês com que Deus queria premiar as gentes», mas que a S. Sé condemnara, desdobrou-se, pois, e alastrou-se, admiravelmente, o povoado.

Seu commercio que se resumia em tres ou quatro tabernas de aguardente de envolta com tres ou quatro peças de fazenda, desenvolveu-se de um modo espantoso. Em todas as direcções do togar ergueram-se tendas e officinas de chumecos, de oleiros de flandeiros, de carpinteiros, de imaginados, de alfaiates, de quantos artistas, n'uma palavra, havia por ahi fora. Familias contavam-se por centenas, e, como sempre chegavam, iam os alveneis edificando ao som de lôas ao sangue precioso, à N. Senhora das Dôres, à beata Maria de Araújo e ao padre Cicero.

E assim por mais de vinte annos, tornando-se o Joazeiro, hoje villa por decreto do governo n.0 1028 de 22 de julho de 1911, o maior nucleo de população que existe em todo o Ceará. Não ha mal que, nas plicaturas de seu vestuario negro, algum bem não traga. O puro mal não existe.

*Como escrito no original

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Tratem bem seus animais domésticos


Deus em seu maravilhoso Amor e Misericórdia, registrou em sua palavra a Bíblia Sagrada, suas regras para que os seres humanos possam saber como Ele quer que tratemos os animais domésticos.
No livro de Provérbios capítulo 12 versículo 10 está escrito que “O justo importa-se com a alma do seu animal doméstico, mas as misericórdias dos iníquos são cruéis.”
Esse justo aqui falado refere-se a pessoas que conhecem as necessidades dos seus animais e se interessam no bem-estar deles, e que pessoas chamadas de iníquos não se interessam por eles e não reconhecem a tais como também filhos de Deus.
Essas pessoas chamadas de iniquas seguem apenas seus princípios egoístas, insensíveis, e o tratamento que dispensam aos animais baseia-se apenas no proveito que se pode tirar deles.
O que o iníquo talvez considere ser um tratamento correto, pode na realidade ser um tratamento cruel. Podemos ver isso na história de Esaú e Jacó quando instado a acelerar o passo de sua comitiva, por Esaú, Jacó explicou que tinha filhos pequenos e ainda mais para não o fazer, disse a Esaú que as ovelhas e o gado vacum tinham crias e se apressasse o passo poderiam morrer.  Gênesis 33 :12-14.
Por isso vemos que a preocupação de um homem de bem para com os seus animais domésticos tem precedente no cuidado do próprio Deus para com eles como parte da sua criação, e isso nós podemos constatar em sua palavra em diversos livros tais como o de Êxodus 20:10; Deuteronomio 25:4; 22:4, 6, 7; 11:15; Salmos 104:14, 27 e em Jonas 4:11.

E para concluir, lembrei de Jesus Cristo, quando disse “Não fui enviado a ninguém senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.” Chegando a mulher, começou a prestar-lhe homenagem, dizendo: “Senhor, ajuda-me!” Em resposta, ele disse: “Não é direito tirar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.” Ela disse: “Sim, Senhor; mas, realmente, os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa dos seus amos.” Jesus disse-lhe então, em resposta: “Ó mulher, grande é a tua fé; aconteça-te conforme desejas.” E a filha dela ficou curada daquela hora em diante.”


Esse relato está em Mateus 15:24-28 e mostra que até mesmo na casa de um pobre, os animais podem alimentar-se das sobras de sua mesa.

domingo, 30 de agosto de 2015

Tática de Lampião - O Silêncio da Morte

Nertan Macêdo em seu livro "LAMPIÃO", traz a narrativa do Coronel Antônio Gurgel, prisioneiro/refém de Lampião, a respeito da sua fuga do Rio Grande do Norte, depois do ataque fracassado à cidade de Mossoró. Relato esse que impressiona pois poderemos ver as táticas de guerrilha que eram aplicadas e a total obediência dos cangaceiros a seu líder. 

Onde Lampião aprendeu essas táticas de guerrilha? Onde buscava inspiração para desenvolver essas manobras militares? 

Era assim Virgulino Ferreira da Silva. Tinha rasgos de herói e saídas de poltrão. Inteligente e astucioso, era um homem de vocação perdida.

Se aquele talento cru fosse devidamente aproveitado, Lampião poderia ter sido, não simplesmente um bravo vaqueiro do Pajeú ou um amaldiçoado chefe do cangaço, mas poderia ter sido um poeta, músico e artista, qualidades que revelou em seus versos, tocando sanfona, confeccionando belos e artísticos objetos de couro.

Poderia ter sido um bispo católico, ou quem sabe um general brasileiro, pois em seus combates que travou, demonstrou acentuada capacidade de estrategista. Não foram poucas vezes em que empregou planos bem arquitetados e bem executados para enfrentar e desestruturar seus inimigos. Possuía tato e qualidades de comando. Era na verdade um estrategista nato. Até hoje se discute o por que de Lampião ter atacado a cidade de Mossoró. Mas vamos ao relato: 

Lampião e seu bando chegavam à fronteira do Ceará. De Cacimba do Boi, lugar conhecido também por Buraco do Gado, Lampião mandou portador a Limoeiro. De volta, o emissário vinha de matula graúda: caixas de charuto, garrafas de vinho quinado, pacotes de biscoito. Não despendera um vintém nas aquisições.

O emissário contou: O povo do Limoeiro está em festas. Vai receber o senhor com grande satisfação. Até já mandaram embora os soldados pra não haver atrapalhação. O recado tocara, fundo, na fibra orgulhosa de Virgulino. Era por Isso que ele gostava do povo do Ceará. Meteu o fura-bolo na cara animada dos comparsas e repetiu a advertência já feita durante o trajeto, quando avistaram os campos do Jaguaribe:

– Daqui pra frente é o Ceará, terra do meu padrinho. Não se rouba e nem se mata! Não quero ver desavença nem safadeza! 

Os cabras baixaram os olhos. Os campos do Jaguaribe fumegavam, espichados no mundo. Todos se enfeitaram para a entrada em Limoeiro. Botaram fitas coloridas nos chapéus de couro e nas cartucheiras. No cano e bandoleira dos rifles — as fitas esvoaçavam, sopradas pelo vento quente daquelas planuras lavadas de sol. 

Entraram assim em Limoeiro, o chefe na frente, os óculos faiscantes, feliz com a recepção que lhe proporcionavam as autoridades e o povo. Gritos estrugiram na rua.

— Viva o Capitão Virgulino! - Vivá...! 

Coqueiro, mais afoito, tirou o chapéu, ergueu-o no ar, o rifle seguro na esquerda, e bradou em resposta: 

— Pois viva o govêrno Moreirinha! — Vivá... ! 

Outro cangaceiro berrou: 

— E viva meu padrinho padre Cícero! — Vivá...! 

O tempo esquentou debaixo das aclamações. Os vivas se multiplicavam, um nunca acabar de aclamações.

— Viva São Francisco do Canindé! 
— Viva São Francisco das Chagas! 
— Viva Nossa Senhora da Penha! 
— Viva a Mãe das Dores! 
— Viva Nossa Senhora da Conceição! 
— Viva o Bom Jesus da Lapa! 

Eram vivas em cima de vivas, bando e povo dialogando alto, festivamente. No patamar da igreja, o Capitão fez parada. Rezou ao padroeiro da terra e distribuiu esmolas aos mendigos que lhe estendiam as mãos. Comeu, em seguida, banquete regado a vinho e cerveja. Deram-lhe automóvel para passear na cidade. E o coronel Antônio Gurgel ia anotando tudo no seu caderninho.

Padre Vital Guedes, o vigário, animou-se a pedir a Virgulino: 

— Capitão, tenho um pedido a lhe fazer... 
— Diga, seu padre, que estando na medida dos meus poderes, eu atendo... 
— Eu queria que o senhor soltasse os prisioneiros do Rio Grande do Norte. 
— Pelo menos um, seu vigário, eu deixo ir embora. Os outros vão comigo, mando soltar depois. 

Libertou o preso mais barato, cujo resgate era de apenas dois contos de réis, um rapaz chamado Leite, do Apodi. Padre Vital Guedes ficou muito agradecido pelo gesto. E lá se foi de novo o bandido pelo sertão, tangendo os seus reféns, o coronel Antônio Gurgel, dona Maria José e o velho Joaquim Moreira. Este, por ser malcriado, ia montado num cavalo em pêlo, sem direito a sela. 

De Limoeiro, Lampião partiu para a Fazenda Armador, de propriedade de um cearense magro, fanhoso, de voz arrastada, insolente como os seiscentos diabos, de nome João Quincola. A tudo que o Capitão perguntava, João Quincola respondia de má vontade, carregando no cenho e sem despregar o ôlho do chão. 

Aí Sabino não se conteve mais: 
— Cabra, respeite Lampião, se não vai conhecer no lombo o gosto desta peia, 
— e esfregou o relho na cara de Quincola, que se limitou a fungar e responder: 
— Não tenho mêdo não, seu Sabino. 

Deixando a casa de João Quincola, que ficou de surra prometida por Sabino, o bando foi para o Saco do Garcia. Lampião já sabia que vinham volantes no seu rastro. Esperou-a jogando o 31, balas fazendo às vezes das fichas.

Já cansado de esperar, saiu dali no rumo de Arara, onde chegou um portador, trazendo os vinte contos de réis do resgate do pobre Joaquim. Moreira. O velho começou a dar pulos de contentamento quando viu aproximar-se a hora de ir embora.

Quanto ao memorialista, continuaria arrastado pelo bando, ele e dona Maria José, sofrendo as agruras daquele jornadear inapelável, com as volantes nos calcanhares. Além do mais, era obrigado a comer o molho de pimenta que Sabino, seu companheiro na hora da bóia, fazia questão de preparar e servir ao coronel.

Enquanto isso, a soldadesca rondava. E o Capitão jogando 31 com Sabino, Moreno e Luiz Pedro, seus parceiros de baralho, para os quais, de uma feita, perdeu sete contos que pagou, estrilando e mal-humorado.

Estavam agora no Serrote da Rocha, quando receberam a visita do tenente Pereira, comandante de uma volante cearense. O tenente chegou lascando tiro. Foi aí que o coronel Antônio Gurgel pôde ver, bem de perto, o quanto valiam aqueles guerreiros endemoninhados. O Capitão pulava e rolava no chão como um condenado, no meio da fuzilaria, e não havia bala para roçar-lhe a figura encapetada.

Morreu o meu cavalo e Moreno quase entrega o couro às varas, com o osso do braço à mostra, rasgado por uma bala. Puseram-lhe ali mesmo uma tipóia, envolvendo-lhe o braço num lenço sujo e trataram de abandonar o local da escaramuça, rumando para outros brejos. 

Caminharam sem alimento e água até meia-noite. Desvencilhando-se do grupo, um cangaceiro logrou comprar, numa casa, alguns queijos, mastigados às pressas. Calados, esfomeados, os homens do Capitão varavam as trevas da noite.

Afinal, dormiram na margem de um riacho. Quando acordaram, estavam outra vez cercados pela polícia. Novo combate violento, sob vivas ao padre Cícero, rolando, pulando pedra, saltando moita. 

De repente, Lampião fez um gesto conhecido do grupo: exigia silêncio absoluto. Não consentia mais gritos e impropérios contra a soldadesca. Queria silêncio, silêncio completo, de morte. Todos obedeceram e o campo ficou mudo. A volante veio avançando, avançando, e quando já estava chegando ao lugar onde Lampião se enfurnara, este se levantou como um gato e bradou: 
— Fogo! 

Uma fuzilaria intensa rompeu das moitas e os soldados foram caindo no chão, varados pelos cangaceiros. Era assim que o Capitão Virgulino armava as suas arapucas aos destacamentos, no meio do mato.

E sumiu, outra vez, pelos serrotes engarranchados. 

sábado, 29 de agosto de 2015

O preconceito gera violência

Simples assim, é opção. Se as pessoas optam quem somos para interferir na vida pessoal de outrem? Uma ignorância aliada a estupidez!
O comportamento do homem que age dessa maneira, no sentido de achar que irá corrigir essa opção, mostra alto grau de psicopatia e elevado nível de doença mental. Não se trata de dizermos que os tempos são outros. Sempre existiu essas preferências na humanidade. Temos o direito pessoal de não aceitarmos esse tipo de opção e até mesmo evitar relacionamentos pessoais, mas nunca agredirmos com palavras e ações a essas pessoas.
Com preocupação estou acompanhando o comportamento da sociedade brasileira e vendo o aumento do preconceito. Na política, na religião, no futebol, na cor da pele, na nacionalidade, nas preferências sexuais, e em outras formas. Sempre fomos assim. Estamos vendo isso mais plenamente por estarmos conectados em uma rede global de informações. O pior disso é que agita os que têm tal psicopatia adormecida e a tendência é aumentar devido não termos programas voltados para esclarecimento e combate ao preconceito, tanto de nossos governos quanto de ongs que infelizmente estão voltadas para dentro e tratam esses assuntos apenas internamente com seus associados.