Tinha a mente poluída? Longe disso! A veia de contador de 'causos' corria o líquido precioso de sua verve. Como ele bem disse:
'Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico(desde menino).'- Nelson Rodrigues
Nasceu em Recife e mudou-se para o Rio de Janeiro ainda criança, onde viveria por toda sua vida. Seu pai, o ex-deputado federal e jornalista Mário Rodrigues, resolveu estabelecer-se na então capital federal em julho de 1916, empregando-se no jornal Correio da Manhã.
Segundo o próprio Nelson em suas Memórias, seu grande laboratório e inspiração foi a infância vivida na Zona Norte da cidade. Dos anos passados numa casa simples na rua Alegre, 135 (atual rua Almirante João Cândido Brasil), no bairro de Aldeia Campista, saíram para suas crônicas e peças teatrais as situações provocadas pela moral vigente na classe média dos primeiros anos do século XX e suas tensões morais e materiais.
Sua infância foi marcada por este clima e por sua personalidade. Segundo ele, era bastante retraído e leitor compulsivo de livros românticos do século XIX. Nesta época ocorreu também para Nelson a descoberta do futebol, uma paixão que conservaria por toda a vida e que lhe marcaria o estilo literário.
'O adulto não existe. O homem é um menino perene.' - Nelson Rodrigues
