Lembrei hoje vendo um filme. Mulheres - O Sexo, com Meg Ryan e Annette Bening. O enredo fala de uma mulher traída pelo marido que decepciona-se com uma amiga que conta tudo para uma colunista de fofocas. Depois da relação ficar abalada, passa um tempo e as duas se reencontram e descobrem que ainda são amigas.
Foi aí
que lembrei que eu quase não tenho amigos. Já desconfiava a muito tempo.
Foi
revelador para mim. Pois as imagens passaram em minha mente. Tenho colegas. Colegas motociclistas, colegas de trabalho,
vizinhos que conversam vez em quando
comigo, colegas de academia, colegas de hidroginástica. Mas amigo mesmo, não tenho.
Tenho
minha esposa. Posso dizer que é a melhor amiga que tenho, mas esposa não é a pessoa mais indicada para você contar certas
coisas com o perigo dela tomar partido de alguma situação. Mas Marido e mulher são uma amizade diferente. Envolve sexo e cumplicidade.
Tenho filhos e posso
dizer que são amigos. São mais que amigos. E filhos são uma dádiva preciosa que
recebemos e não podemos quebrar esses presentes de Deus com assuntos divididos pois também tem a condição de ouvir e tomar partido.
Sim, no filme
vemos quatro amigas onde uma delas trai a confiança da outra por contar coisas íntimas
de uma delas. Mas amizade quando é profunda, existe o perdão. E foi isso que me fez reafirmar a convicção que amigos são jóias raras e não se encontra em qualquer esquina da vida.
Sim
Deus, não tive tempo de cultivar amizades. Saí para a luta e deixei tudo pra
traz. Pai, Mãe, Irmãos e amizades. Larguei tudo e corri em busca de uma vida
melhor para dar uma melhor condição à minha família.
Foi dessa forma que não
tive tempo para cultivar amizades. Tenho conhecidos. Sinto falta de um amigo.
Amiga não acredito, pois não existe amizade entre um homem e uma mulher. O que
rola entre homem e mulher, é sexo, desculpe-me a franqueza.
Entrei então na religião. Não
mencionarei qual, para não ferir sensibilidades. Mas não existe amigos em
religiões.
Uma
pesquisa recente dentro de alguns grupos religiosos, foi constatado que o
espírito harmonioso de uma amizade, inexiste porquanto os contatos de humanos
se dão depois de adultos.
Foi
constatado que à medida que os membros se ajuntam, pode até existir uma união,
mas apenas no local de reunião de adoração. Raro são os casos de amizade fora
do templo religioso e quando isso se dá, são identificados como grupinhos e
geralmente com o padrão financeiro mais avançado, onde outros da própria seita
não têm acesso às suas reuniões sociais.
Quando
um membro se afasta por algum motivo, mesmo fazendo parte de um grupinho
elitista, passa a ser visto com desconfiança pelos que compõem a seita
religiosa e cessa-se a pseudo amizade.
Uma revista religiosa no ano de 2001 diz que os brasileiros fazem agora menos amizades do que dez anos atrás, imagine hoje. Segundo uma especialista em saúde mental da Universidade de São Paulo, os fatores que levam a isso são a competição acirrada pelo mercado de trabalho, a luta para manter determinado padrão de vida e menos tempo para o lazer.
Certo diretor-médico do Centro Adventista de Vida Saudável, em São Paulo, chegou a dizer: “Para ter amigos verdadeiros, é preciso partilhar sentimentos, abrir o coração e deixar sair coisas alegres e tristes, fáceis e difíceis. Isto requer tempo e aprofundamento da intimidade afetiva. A maioria das pessoas tem o desejo de se abrir afetivamente, mas sente medo de agir assim. Na dúvida, não arrisca e tem amizades superficiais.”
Sim, temos amizades superficiais e isso não é bom para ninguém.
Mas tenho o Senhor, Deus. E isso é reconfortante. Pois sei que o Senhor me ouve a qualquer momento, e tenho certeza absoluta que o Senhor não vai dizer para outras pessoas, meus problemas íntimos. Na tua palavra escrita em auxílio espiritual, os hóspedes teus são aqueles que andam sem defeito e praticam a justiça e falam a verdade nos seus corações. E isso o Senhor sabe, pois vê meu coração. Tento e persisto em tentar ser uma pessoa sem defeito perante o Senhor.