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sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Grimório do Cangaço.

Estava eu em São Salvador na Bahia, visitando alguns sebos1 na região do Pelourinho2 em busca de livros raros da literatura do cangaço, quando uma pessoa chegou-se a mim e falando num sussurro disse-me que sabia onde existia um livro muito raro sobre o cangaço e que eu por certo nem sabia que existia assim como a maioria dos amantes da saga.
Me afastei um pouco daquele indivíduo lúgubre que me falava por sussurros, achando muito suspeito pois sabia da fama daquela localidade na cidade. Claro que fiquei curioso e perguntei-lhe onde seria que encontraria tal livro e qual o título do mesmo. Ele vendo meu receio quanto à pessoa dele foi saindo andando rápido e dizendo que eu o seguisse até um pouco à frente.
Minha curiosidade foi tamanha que mesmo com receio o segui até mais na frente, onde ele tinha parado. Ele respondeu que teria de ter cuidado pois iria revelar um grande segredo que estava escondido a muito tempo. E aguardei que me dissesse o nome do livro. Ele sussurrando falou tão baixo que tive de ter coragem para chegar mais perto dele para ouvir suas palavras ditas com grande dificuldade, o livro disse ele chama-se Grimório do Cangaço.
Fiquei estupefato pois nunca tinha ouvido falar de tal livro. Perguntei-lhe onde o encontraria e ele me disse que poderia me levar ao Sebo mas tinha um porém: eu deveria encontrar com ele, sozinho, ao meio dia seguinte na ladeira da Misericórdia n13  e perguntou-me se eu sabia onde ficava.
Fiquei atarantado com aquela proposta que vi ser um tremendo golpe e ele como se lesse meus pensamentos disse-me:
  • Chefia... não é golpe! Acontece que nem o proprietário e nem ninguém sabe, a não ser eu, onde está esse livro. E outra, fui mandado ao senhor, pois o ex-cangaceiro que me mandou, disse-me que o amigo é pessoa de mente aberta.
Eu depois de avaliar aquela situação disse que sabia onde era a ladeira e que estaria lá ao meio dia. Mas que ele me dissesse quem foi o ex-cangaceiro que tinha lhe dado essa missão.  E ele prontamente me disse que tinha sido um, chamado de Virgilino e perguntou-me se o conhecia da literatura. Mentalmente repassei as páginas dos dois livros dicionários que existem da história do cangaço, dos autores Renato Bandeira e Bismarck Martins de Oliveira e não encontrei esse cangaceiro. Cos diachos! O impropério veio sem querer e pensei: homi será que foi a alma de Virgolino? E esse homem escutou Virgilino? E arrematei comigo: Ora, que besteira estou pensando!

A Ladeira da Misericórdia
Pois bem amigos, dia seguinte eu estava no local indicado. Local isolado, sem vivalma na inteira ladeira me causava receio de um assalto. E pra f⁹alar a verdade, era fantasmagórico também.  Mas felizmente na hora marcada vi o sujeito chegar. Parecia que ao andar, não tocava no chão. Vinha de maneira sobrenatural, flutuando em minha direção. Senti um calafrio e fiquei deveras com tanto receio que palpitações ficaram insuportáveis em meu peito, parecendo que meu coração iria pular para fora de meu corpo.
  • Boa tarde amigo! Disse o sujeito.
  • Boa tarde senhor! Disse eu.

E estávamos os dois em frente ao número 13 da Ladeira da Misericórdia. O local não denotava que era um comércio de livros usados. Achei aquilo tudo muito estranho.  Mas ele disse: vamos entrar. E empurrando a porta esta abriu com um enorme rugido de dobradiças enferrujadas pelo tempo. Fomos entrando e na grande sala da frente vi de imediato que não tinha nada dentro.  Ele continuou a andar para uma porta lateral da sala e eu com muito receio indo atrás dele. O corredor era longo e estreito e à nossa direita, no final do corredor tinha outra entrada para outra sala. Quando entramos vi no centro dela uma enorme escada de madeira em estilo antigo. Subimos e no andar superior descortinou uma belíssima biblioteca que de imediato me veio a lembrança de estar numa antiga livraria da cidade do Porto, em Portugal, por nome de Lelo, que tive o prazer de conhecer.
Fiquei pasmo por essas lembranças que como um passe de mágica, passei a visualizar a livraria naque local. Olhei pra cima e vi no teto uma pintura lindíssima com imagens santas.
O local era mágico e impressionante. Um burburinho de vozes se misturava à música de um realejo tocado por um  bruxo cigano que eu tinha visto próximo da entrada da livraria.

1 - Livraria de livros usados
2 - Local da cidade alta onde na época da escravidão os negros recebiam castigos.
IDEIAS SOBRENATURAIS
Agora, alimentem-se. Bebam tudo. Saciem-se.
Até enxergarem o que nós já conseguimos ver de tão mágico e incrível nestas terras secas e escuras.

Achei que você gostaria de ver esta pasta no Pinterest: https://pin.it/2MXNcnB

terça-feira, 1 de março de 2022

O Cangaceiro do bem


José Grosso

Entre as suas supostas diversas encarnações, teria vivido na Germânia como Johannes, quando teve muito poder e autoridade era místico, rígido e disciplinado. Desencarnou por volta do ano 751.

Reencarnou na Holanda e como Adido Diplomático conviveu com a classe alta holandesa e com a corte de Francisco I, rei da França. Segundo informações da espiritualidade, consta que Jair Soares (diretor mediúnico de núcleo espírita já desencarnado) foi o Rei Francisco I. Com essa informação, fica explicada a grande ligação entre os dois. Nesse período, José Grosso conquistou grandes amizades através de suas atividades diplomáticas.

No ano de 1896, em território brasileiro, nos recantos áridos do Ceará, em pequeno lugarejo próximo a Crato nasceu como José da Silva, tendo como pais Gerônimo e Francisca, pais de outros 8 filhos. No princípio da década de 1930, os rumores invadiram toda a vastidão do sofrido Nordeste. Miséria, seca, sofrimentos, falta de tudo nessa época alguns homens se apropriaram dos bens dos ricos para distribuí-los aos pobres, isso empolgou muito o coração de José da Silva que em seu íntimo sonhava, como de resto todos os sertanejos nordestinos,  com uma terra de paz, sem fome e com a justiça amparando também os pobres e fracos. Essa turba de homens tinha como chefe Lampião. Animado por esses anseios, se integra ao grupo, por ocasião de sua passagem pela região de Orós (hoje município do estado do Ceará).

Mas, com a convivência com o bando, José da Silva, então conhecido como José Grosso,  percebeu que eles extrapolavam nas suas aspirações. Em desacordo com as atitudes do grupo mudou seu comportamento, apesar de não delatar os companheiros de bando às autoridades policiais, passou a alertar as cidades que seriam invadidas para que as pessoas (especialmente mulheres e crianças) não fossem violentadas e assassinadas. Esse comportamento levou Lampião a perfurar-lhe os olhos com uma faca, vingando-se da traição sofrida. José Grosso perdido na mata com infecção generalizada desencarnou em 1936 aos 40 anos de idade sem ter notícia alguma de sete dos seus irmãos. Conhecia apenas o paradeiro de um único irmão, que hoje conhecemos como Palminha (também mentor espiritual da Fraternidade) – e que na época vivia o mesmo tipo de vida, mas pertencendo a outro grupo.

Afirma-se que após o seu desencarne esteve algum tempo vagando em cegueira no plano espiritual sendo amparado pelo espírito Nina Arueira. Ficou por longos anos sob a orientação do Espírito Sheilla e de Joseph Gleber, que tiveram vínculos com ele na Germânia, e também sob a orientação do Espírito Glacus.

Em 1949, acontece sua sua primeira manifestação no  Centro Espírita Oriente e na casa de Jair Soares. Teria então afirmado ser “folha caída dos ventos do Norte”. Também levado por Scheilla e Joseph começou a manifestar-se no Grupo Espírita André Luiz, no Rio de Janeiro, através de alguns médiuns principalmente através do extraordinário médium de efeitos físicos conhecido como Peixotinho (Francisco Peixoto Lins).

Desde então o Espírito José Grosso, o “cangaceiro do bem”, vem cooperando em reuniões de efeitos físicos e também junto a vários movimentos espíritas integrando as hostes espirituais onde transitam outros espíritos benfazejos que viveram no sofrido.

Espírito de muito sentimento e muito amigo é dedicado orientador na FEIG como mentor espiritual da tarefa da Sopa e da Creche Irmão José Grosso, na Fundação Espírita Irmão Glacus

Adaptação de relato feito pelo médium Ênio Wendling em reunião mediúnica


Vejam essa mensagem dele no YouTube 


Mensagem Espírito José Grosso


quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Zimbório do Senhor do Padrão

Zimbório do Senhor do Padrão
Classificado como Monumento Nacional desde 1971, o "Senhor do Padrão" assinala o
local onde, segundo a lenda, teria dado à costa, em 3 de maio do ano 124, a imagem do Bom Jesus de Matosinhos.

Local certamente assinalado desde épocas remotas, no entanto em data posterior a 1758 que se edificou o zimbório que hoje  podemos contemplar conforme foto abaixo.
Conhecido também por "Senhor da Areia", tal designação resulta do fato de, até ao inicio do século XX, este monumento se encontrar totalmente isolado e escondido no meio de um vasto areal, possuindo por isso um fortissimo impacto visual. 

O aparecimento miraculoso de uma fonte de água doce neste local, em 1733, deu origem à construção menor, que podemos observar na foto abaixo junto ao zimbório.
Veja no mapa Google 
https://maps.app.goo.gl/vz6AkyukhNDTJF5a9

sábado, 4 de dezembro de 2021

ANTIGA CADEIA DA RELAÇÃO onde Zé do Telhado e Camilo Castelo Branco ficaram presos.

Cidade do PORTO - PORTUGAL
                Antiga cadeia da Relação
                  Foto de Quinha Flor

O edificio onde se encontra atualmente o Centro Português de Fotografia começou a ser construído em 1767, sob risco do arquiteto Eugénio dos Santos e Carvalho.
O grandioso imóvel veio a alojar o Tribunal e a Cadeia da Relação.
No espaço destinado à Cadeia, as áreas de detenção distribuiam-se da seguinte forma:

PRIMEIRO PISO
                        Foto de Quinha.Flor

Onde situavam-se as enxovias (Santa Ana, Senhor de Matosinhos, Santa Teresa e enxovia de Santo Antônio), lajeadas de granito, escuras, húmidas e frigidíssimas, com acesso apenas por alçapões situados no andar superior.

                    Enxovia de Santa Ana
                      Foto de Quinha.Flor 

SEGUNDO PISO
                    Foto de Quinha.Flor 
Onde situavam-se os Salões, espaços também coletivos, mas mais salubres.

TERCEIRO PISO
                   Foto de Quinha.Flor 
Onde ficavam os quartos de Malta, concebidos como prisões individuais para
"pessoas de condições".

A distribuição dos presos por estes espaços
obedecia a criterios que deviam ter em conta o tipo de crime cometido, o estatuto social do detido e a capacidade para pagar a carceragem.
Para além destas áreas, a cadeia dispunha ainda da "capela dos presos", uma estrutura em madeira, adossada à parede do saguão principal, onde era celebrada a missa.
                     Foto de Quinha.Flor 

O saguão principal, concebido para iluminação e arejamento da área prisional, viria a tornar-se, em 1862, com a criação do pátio dos presos, numa zona vital para o quotidiano do estabelecimento.
Com esse objetivo foi inutilizado um enorme
tanque ali existente e foram transformadas as janelas das enxovias em portas de acesso
O conceito de prisão penitenciária do séc. XIX entrou, desde logo, em conflito com esta velha prisão setecentista. Por soluções construtivas e infraestruturas deficientes, aliadas à incapacidade do Estado para fazer obras, o edificio foi-se arruinando. Paralelamente, por impossibilidade
arquitetónica, não sofreu intervenções de fundo. Todas as adaptações realizadas, nomeadamente as que ocorreram já no século XX, depois da saida do Tribunal para outro edificio em 1937, foram feitas em condições precaríssimas, com orçamentos minimos, tendo sempre em mente a transferência para um novo estabelecimento prisional há muito projetado para o Porto.
Em Abril de 1974, alguns dias depois da Revolução, o edificio foi desativado por razões de segurança,sendo os presos transteridos para o Estabelecimento Prisional em Custóias.
A velha cadeia, subsistiria, assim, cerca de
duzentos anos em atividade, mantendo-se como exemplar ùnico da arquitetura judicial/prisional dos finais do Antigo Regime.
A partir de 1987, o edificio, cedido pela Direção Geral do Património do Estado ao IPPC sofreu um  conjunto de intervenções para suster o seu estado de degradação. 
Em 1989 foi adjudicado o projeto
de recuperação e remodelaçăo ao Arquiteto  Humberto Vieira e ao Gabinete de Onganização e Projetos, Ld.a. 
Em 2000 foi iniciada uma última intervenção
de adequação às novas funcionalidades - de
Centro Portuguès de Fotografia, cujo projeto se deveu aos Arquitetos. Eduardo Souto Moura e Humberto Vieira.

A obra da Cadeia e Tribunal da Relação teve início em 1765, por ordem de João de Almada e Melo.
Eugénio dos Santos, um dos mais conceituados técnicos ao serviço do Marquês de Pombal, foi o autor do projeto, em estilo neoclássico. Com a sua forma estranha, devido ao espaço então
disponivel entre o Convento dos beneditinos e a muralha medieval, foi um dos edifícios mais imponentes construidos na época.
Nesta cela esteve preso o escritor Camilo Castelo Branco, que inspirado pelas circunstâncias, veio a criar sua grande obra MEMÓRIAS DO CÁRCERE.

O LUGAR
O lugar é o campo do Olival, a margem norte do burgo ao longo do Antigo Regime; campo que se que queria aberto, de esparsas oliveiras, para facilitar a vigilância militar das guarnições da Porta da muralha.
Só com relutância o Senado da cidade aceitaria o plantio das árvores que iriam definir o primeiro jardim público, no inicio do século XVII.

É um lugar maldito. Aí se estendia, logo à saida da Porta, o cemitério dos enforcados, deslocado depois, com a construção da Torre dos Clérigos, para a outra ponta do
ermo, que iria ser coberto pelas fundações do novo hospital da Misericórdia, - de Santo Antônio.
Ai, à esquerda do Campo, precisamente onde ficaria, dentro de muros, a Casa da Relação, se queimaram até aos alicerces as 4 sinagogas, as lojas e as habitações dos
judeus, quando da sua expulsão dos finais do século XV.

O edificio do século XVIII, indefinidamente pombalino, constrói-se sobre os fundamentos do antigo, mas ocupando uma maior superficie e revelando já dispositivos de controle e vigilância caracteristicos das instituições da sociedade disciplinar. O olhar
geométrico da nova ordem, aqui preciosamente triangular, enquadra a praça do Olival, um rectângulo vazio, através de duas filas de grossos álamos, que as plantas reconstituem.
Hão de começar a dita obra pela casa que foi da Relação Velha, correndo até à rua chamada da Victória ou de São Bento, e daí pela dita rua acima até ao chafariz, ... e depois para se fazer a casa para o
despacho, e concluidos que sejam os ditos dois lados, se continuará a obra para a parte que fica olhando para o muro.

          Contrato de arrematação da obra


Denominação, qualidade e capacidade das celas

Ordem Superior ou Quartos de Malta
N° 1 a 10 são todas iguais em qualidade, mas não em capacidade e podem conter até 30 presos. Há mais um quarto escuro, que serve para comunicação nocturna de
casados (visitas íntimas).
Essas celas foram usadas para altos cargos tais como Clérigos, Oficiais Militares, Empregados Superiores na ordem judicial e administração e de Fazenda, Delegados e outras pessoas de distinta consideração social por família, riqueza ou emprego. Por todas os crimes à excepção de roubo,
receptador d'eles, assassinato por dinheiro, fabricação de moeda falsa, falsificação de letras, notas de Bancos, ou Titulos do Estado, bancarrota fraudulenta e outros
crimes, que na opinião pública são notados d'infamia.

Enfermaria para homens e outra de mulheres. 
Fornecidas pela Misericórdia, para todas as pessoas, independente de classe social.

Ordem inferior ou Salões
Salão das dores com seis janelas pelos dois  lados. Porta e janela com grades para os corredores. Bem arejado e o melhor. Podia conter até 60 presos.
Para as pessoas da ordem superior pelos crimes exceptuados d'esta, para Sub Delegados; Escrivāes e empregados nas secretarias da Administração Pública, ou de
Fezenda; Negociantes de pequeno trato; Mestres proprietarios de oficinas; Lavradores vestidos com decência e outras pessoas d'alguma consideração social, e prezos
por correção que não fossem da baixa plebe. Por todas os crimes, à exceção quanto às pessoas que não pertencem à ordem superior, dos crimes excetos d'esta.

Salão do Carmo com duas janelas para um lado da rua.
Porta de grades e janela tambem de grades para os corredores. Pode conter até 40 presos. Sendo saudavel e melhor depois dos acima.

Salão de S.José - com seis janelas para dois lados da rua. 
Porta sem grades e duas janelas com tais para os corredores.
Podia conter até 80 presos.


sábado, 26 de setembro de 2020

Jararaca ataca a Vila de Carnaiba de Flores

Em 3 de abril de 1927 Jararaca ataca a Vila de Carnaíba.

Já se passaram 93 anos desde que a outrora bela e formosa Vila de Carnaíba de Flores, foi atacada pelo famigerado cangaceiro Jararaca.

Nesta linda e aprazível cidade interiorana de Pernambuco,
nasceu um dos poetas "mais grandes" da cultura nordestina. Compositor de temas vibrantes, poeta e folclorista, conhecido pelo nome de Zé Dantas.

José de Sousa Dantas Filho tinha apenas 6 anos de idade quendo isso aconteceu.
Vou aqui homenagear, aproveitando o espaço, o Grande Poeta:

Zé Dantas, grande compositor sertanejo, conhecido por suas belas canções, como “O xote das meninas”, “Derramar o Gás”, “A Volta da Asa Branca”, “O Forró de Mané Vito”, “Vozes da Seca”, “Vem Morena”, “Algodão”, “Cintura Fina”, “Imbalança”, “Mané e Zabé”, “Minha Fulô”, “Noites Brasileiras”, “São João na Roça”, “Paulo Afonso”, “Riacho do Navio”, “Sabiá”, “Samarica parteira”, “Siri Jogando Bola” entre outras obras.

Pois bem, voltemos ao ataque do cangaceiro Jararaca.
Carnaíba das Flores, que está situada à margem direita do lendário Rio Pajeú. Foi assaltada pelo temível cangaceiro Jararaca e seu grupo de 13 cabras. Aqui esse artigo, iremos dissertar o histórico que o Padre Frederico Bezerra Maciel escreveu no seu livro CARNAÍBA, A PÉROLA DO PAJEÚ:  

"Procedente das bandas de Sítio dos Nunes, ao chegar ele, alta madrugada, em Carnaíba velha,  espécie de subúrbio com casas separadas e esparçadas do outro lado do rio. Aprisionou o fogueteiro Faustino para que servisse de guia indicando as casas do telegrafista e dos comerciantes da vila.

De 4 horas e 30 minutos para as 5 horas da manhã atravessou o denso e fofo areal do rio sêco com seu grupo e o prisioneiro guia entrando na rua principal pela passagem ao oitão esquerdo do vapor do descaroçador de algodão de manuel josé da silva.

Em todo o percurso da longa, alinhada e bela rua, arborizada de cajaranas e findando na igreja do orago  Santo Antônio, foi o guia mostrando as casas comerciais e residenciais dos principais homens de dinheiro Manuel José, Zé Martins, Major Saturnino Bezerra, Zé Dantas (pai), enfim já perto da igreja do lado esquerdo de quem ia, a casa do telegrafista Emídio de Araújo conhecido por Emídio Grande. Na realidade não devia este ser chamado de telegrafista e sim de telefonista pois o que havia era um telefone na repartição pública federal para passar telegramas. Aproveitando-se ali de um descuido do grupo, conseguiu o fogueteiro fugir pela e cercas de pau a pique e avelós dos roçados das vazantes.

No largo patamar da igreja, os cabras, entre talagadas de cachaça, xaxavam,   batendo como coice das armas na calçada e cantando mulher rendeira, com isso despertando os habitantes do lugar, que logo compreenderam tratar-se de cangaceiros. Em seguida, o próprio Jararaca deu três tiros na porta da entrada da casa
do telegrafista, o qual respondeu, de dentro, com um tiro. Isto fez o grupo temer
entrar na casa. Então, após uns quatro tiros na porta da casa vizinha, residência.
de Zé Veríssimo, que logo fugiu com a esposa pelo portao do muro, rebentaram
a porta da frente e nela entraram. Abriram a mala, quebrando-lhe a fechadura
estragaram as roupas encontradas, rasgando um vestido e queimando outro, nada roubando porque seus donos quase nada possuiam. Vivia o pobre Zé Verissimo
do modesto emprego de caixeiro de balcao na loja do major Saturnino, Na outra
casa, pegada à de Verissimo, morava o cabo Severino, comandante do destacamento, que saiu correndo por detrás, sem detonar um tiro. Os cinco soldados do destacamento, que moravam juntos, em acanhado casebre de António Conserva, guarda da linha, situado no mesmo correr da rua, porem mais em cima, bem no oitão direito da igreja e distante do patamar da igreja de apenas 4 metros, também correram pelos fundos. O soldado Zé Inácio que morava bem na frente do telegrafista e que estava doente de febre tifoide, temendo por sua sorte, enrolou-se num cobertor e saiu pela cerca do quintal para a residència de Joaquim Leandro da Silva, conhecido por Joaquim Borrego, atrás da lgreja, o qual estava ausente.
A familia deste, como todas as outras da vila, deitadas no chão, temendo as balas.
Depois da casa de Veríssimo, entraram os cangaceiros, forçando porta e janela, na residéncia do major Saturnino, situada a 18 casas abaixo. O major estava fora. E sua esposa, D. Naninha Grande, ficou sozinha com a fuga de seu filho, Zé Bezerra, pelo quintal. Os cabras respeitaram a mulher, mas roubaran
rifle e dinheiro. Daí seguiram para a residència de Manuel José,  no outro cordão de rua, bateram na porta.  A esposa Maria Brasileiro foi atender. Dois cangaceiros entraram e foram logo exigindo dinheiro. Manuel José apareceu e disse que o dinheiro estava guardado na loja. Enquanto um cangaceiro acompanhava Maria Brasileiro até a loja, o outro ficou mantendo o esposo como refém.  Na loja Maria teve a presença de espirito de não mostrar o cofre mas tão somente a gaveta do balcão com o apurado do dia e que na ânsia foi logo raspado pelo cangaceiro. Muito dinheiro miúdo em moedas e cédulas, importancia total pequena. O outro companheiro tão preocupado em manter o refém nem atinou mandar abrir o baú onde estavam guardadas as jóias, no qual se sentara de propósito Manuel José. Logo que o primeiro voltou e os dois iam começar contar o dinheiro, ouviram-se tiros do lado de fora. Os dois fugiram levando o dinheiro.

Os carnaibanos começaram a se movimentar para a reação. Ora, cada comerciante
mantinha cabras para defesa em casos como este. Por exemplo, Major Saturnino tinha os cabras João Mororó e João Teotônio; Zé Martins tinha Mané Quitola; Luís e Eliseu Cassiano tinham João Lessa; Zé Dantas tinha Zé Marques, Manuel José tinha seu cunhado Zé Vital... .
E muitos possuíam armas próprias. Uns 20 decididos carnaibanos pulavam de um muro para outro a fim de estabelecer os planos de resistência e tomavam posição nas entreabertas das janelas e em outros resguardos. Os soldados voltaram para o embate. Dois deles que estavam no quartel estabelecido numa casa quase em frente da de Manuel José não podendo fugir começaram a atirar para o ar a fim de intimidar, mais com isso gastando multa munição atoa. Nesse então, das janelas da rua começaram a partir tiros esparsos de ponto. Depois fechou-se o tempo.

Por trás do antigo cemitėrio morava um cidadão da Barra de São Serafim, chamado Manuel Florentino. Conseguiu ele entrar no beco formado pelo vapor de Zé Jordão e o chalé de Zé Martins e fazendo frente ao beco de Manuel José. Deitado, amparou-se nuns paus, ali colocados deitados, a modo de dique para as águas das enxurradas da rua nos tempos de chuva. Dali atirava de ponto na direção do beco de Manuel José, para onde havia corrido alguns cangaceiros por causa dos tiros disparados de vários pontos da rua. Nessa corrida um dos cangaceiros deixou cair seu fuzil no meio da rua. Parte dos cangaceiros, da porta e das janelas da
morada de Manuel José, atirava para dentro da rua respondendo aos detensores.
Outra parte, da esquina do fim do muro da mesma casa respostava ao beco. Pedro
Orenuno ordenou a seu companheiro recém-chegado, Pedro Martins, a ir ver o
Fuzil caido para com ele fazer boca de fogo, isto é, lhe dar cobertura sustentando o fogo.
Arrastando-se, o xará apanhou o fuzil e permaneceu ali, no mesmo ponto, deitado, atirando. Quando o tiroteio já com quase 2 horas cessou um pouco, disse Pedro Florentino ao outro: só se tomar o portão do oitão.
Quando atravessou a rua entrou no beco, recebeu Pedro Florentino as cargas de um rifle peiado e de um fuzil, 
utilizados por dois cangaceiros. Por sorte apenas um balaço de fuzil o atingiu na parte superior da coxa atravessando-a sem atingiu o osso. Colando-se na parede, revidou Pedro Florentino e
de ponto no cangaceiro do rifle, acertando-lhe na mão, o qual deixou a arma no canto da parede e nesta imprimindo de sangue sua mão ferida. 
Pelo portão detrás do muro, ainda na mesma casa fugiram os restantes cangaceiros. Abrindo a porteira do curral, pularam a cerca que dá para a vazante e desta ganhararm o 
rio. Prenderam Manuel Torquato para mostrar o caminho do Sítio dos Nunes.
Pegaram dois cavalos para os baleados. Torquato safou-se, dizendo; - Lá vem a policia! Rumaram eles para o Serrote do Capim ou para a serrinha dos Eustórgios. Atrás deles, saíram alguns mascates de Carnaiba, como Zé Agostinho
conhecido por Zé Boa Vista, Elpidio do Velho Brejeiro, os empregados de Zé Martins, além de João Mororó... não os encontrando, nem deles tendo noticia.
Também não tinham rastejadores para tomarem a pista. Afora o rifle, peiado
com um lenço grande, deixado no beco, foi encontrado, dentro da roça, um bornal com farinha, carne e rapadura, cuja correia partira, de certo, no momento de seu possuidor pular a cerca.

Os cangaceiros, como os militares da policia, não possuíam tática de guerra.
Tipico o ataque de Jararaca a Carnaíba. Por isso, o que Ihes faltava em estratagema, sobrava em desmandos e perversidade. Somente Lampião, naquela época
no Sertão, sabia usar de tática e que táticas geniais! Mais tarde surgiria seu irmão
Ezequiel com pendores táticos, mas prematuramente morto."

Do livro CARNAÍBA, A PÉROLA DO PAJEÚ do escritor Padre Frederico Bezerra Maciel. 

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

FLOR DO PARNASO


FLOR DO PARNASO 
- Por Raul Meneleu
Quando no Parnaso estou, Com altos pensamentos antológicos, buscando entrar no coração desta mulher - pois flor é - encontro-me em uma sala de visitas. Quisera ir até à cozinha, pois sei que é lá que a encontrarei como realmente é.

Quando insisti, ela abriu o sorriso largo de boas vindas, como se quisesse me fazer um afago. Lá chegando mostrou-me seu eu recitando
OS LÍRIOS.

"Certa madrugada fria
irei de cabelos soltos
ver como crescem os lírios.

Quero saber como crescem
simples e belos — perfeitos! —
ao abandono dos campos.

Antes que o sol apareça
neblina rompe neblina
com vestes brancas, irei.

Irei no maior sigilo
para que ninguém perceba
contendo a respiração.

Sobre a terra muito fria
dobrando meus frios joelhos
farei perguntas à terra.

Depois de ouvir-lhe o segredo
deitada por entre os lírios
adormecerei tranqüila."

Emocionei-me por esta pequena flor ter me dado um pouco de seu perfume, e pedi mais... ela então recitou-me SERENA,

"Essa ternura grave
que me ensina a sofrer
em silêncio, na suavidade
do entardecer,
menos que pluma de ave
pesa sobre meu ser.

E só assim, na levitação
da hora alta e fria,
porque a noite me leve,
sorvo, pura, a alegria,
que outrora, por mais breve,
de emoção me feria."

Bibliografia
Henriqueta Lisboa (1901-1985)
OS LÍRIOS, de A Face Lívida (1945)
SERENA, de Azul Profundo (1950-1955)


Natureza Belicosa Que Possuimos

Essa natureza belicosa que possuímos.

Senti a pequenez do homem perante o universo quando comecei a raciocinar como somos dependentes uns dos outros. Emocionamo-nos com tantas coisas! Um animalzinho que passa à nossa frente, sendo ele um gatinho, cão, beija-flor ou outro qualquer que vejamos até mesmo em filmes. Por que somos assim? Ao mesmo tempo em que amamos, odiamos; ao mesmo tempo em que queremos paz fazemos guerra? Emocionamo-nos em ver a pureza de uma criança e sorrimos, pois desejamos que o mundo seja visto pelos olhos dela. Somos e estamos mais pretensos a viver do lado do amor e da paz.

Essa natureza belicosa que possuímos algum dia será perdida, pois ao avançarmos como civilização, indo à busca de bons relacionamentos com o próximo, seremos pessoas amáveis e mansas. Sim, estamos sendo ainda preparados para nos tornar membros de uma grande confraria do universo onde residem outros seres que já são mansos e como nós, no passado também tiveram de empreender esforços da convivência pacífica.

É lógico que o processo tanto para nós como para algumas dessas entidades que vivem em planos diferentes do nosso, não está totalmente completo, pois alguns poucos ainda insistem em sua belicosidade. Mas o exemplo da maioria que se esforça vencerá e em algum momento todo o universo jubilará e as palavras de Isaias, um dos maiores profetas da antiguidade, irá se cumprir:

“O ermo e a região árida exultarão, e a planície desértica jubilará e florescerá como o açafrão. Sem falta florescerá e realmente jubilará com exultação e com grito de júbilo. Terá de se lhe dar a própria glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e de Sarom. Haverá os que verão a glória de Deus, com seu esplendor.

Fortalecei as mãos fracas e firmai os joelhos vacilantes. Dizei aos de coração ansioso: “Sede fortes. Não tenhais medo. Eis que vosso próprio Deus chegará com a própria vingança, Deus, até mesmo com retribuição. Ele mesmo chegará e vos salvará.”

Naquele tempo abrir-se-ão os olhos dos cegos e destapar-se-ão os próprios ouvidos dos surdos. Naquele tempo o coxo estará escalando como o veado e a língua do mudo gritará de júbilo. Pois no ermo terão arrebentado águas, e torrentes na planície desértica. E o solo crestado pelo calor se terá tornado como um banhado de juncos, e a terra sedenta, como fontes de água. No lugar de permanência de chacais,  um lugar de repouso, haverá grama verde com canas e plantas de papiro.

E certamente virá a haver ali uma estrada principal, sim, um caminho; e chamar-se-á Caminho de Santidade. O impuro não passará por ela. E será para aquele que anda no caminho, e nenhuns tolos vaguearão nele. Ali não virá a haver leão e não subirá nele a espécie feroz de animais selváticos. Não se achará ali nenhum deles; e ali terão de andar os resgatados. E retornarão os próprios remidos por Deus e certamente chegarão a Sião com clamor jubilante; e sobre a sua cabeça haverá alegria por tempo indefinido. Alcançarão exultação e alegria, e terão de fugir o pesar e o suspiro.”

Infelizmente esses que “chegarão a Sião” não são o Israel de Deus. Israel na atualidade assim como no inicio da EC deixou de ser o povo de Deus, não quiseram aceitar a vinda de Jesus Cristo e por Ele foi dito: “Jerusalém, Jerusalém, matadora dos profetas e apedrejadora dos que lhe são enviados — quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, da maneira em que a galinha ajunta a sua ninhada de pintinhos debaixo de suas asas, mas vós não quisestes isso! Eis que a vossa casa vos fica abandonada. Eu vos digo: De modo algum me vereis até que digais: ‘Bendito aquele que vem em nome de Deus!’”

Até hoje Israel não bendisse Jesus Cristo o filho de Deus. Enganam-se aqueles que acham que esse Israel que ai está é povo de Deus. Povo de Deus são todos aqueles que aceitam Jesus Cristo como seu Salvador. A salvação só vem pelo sangue de Cristo derramado a favor da humanidade, que para merecer tem que aceitar o sacrifício feito por Ele, o Filho de Deus.

Por mais de 1.500 anos antes da vinda de Jesus como o prometido Messias, a nação carnal de Israel foi o povo especial de Deus. Apesar de constantes advertências, a nação, como um todo, mostrou-se infiel. Quando Jesus apareceu, foi rejeitado por esta nação. De modo que Jesus disse aos líderes religiosos judeus: “O reino de Deus vos será tirado e será dado a uma nação que produza os seus frutos.”

A nova nação é congregação cristã, nascida em Pentecostes de 33 EC. Os primeiros membros dela eram discípulos judeus de Jesus, que o aceitaram como seu Rei celestial. No entanto, eram membros da nova nação de Deus não à base da ascendência judaica, mas à base da fé em Jesus. De modo que este novo Israel de Deus era algo ímpar: uma nação espiritual. Quando a maioria dos judeus se negou a aceitar Jesus, fez-se aos samaritanos e depois aos gentios o convite de fazer parte da nova nação. Esta nova nação foi chamada por São Paulo de “o Israel de Deus”.

Em cumprimento das palavras de Jesus, em Pentecostes, quando se derramou o espírito santo e o Israel de Deus nasceu, o Reino foi tirado do Israel carnal e dado à nova nação espiritual.

Sim, como disse no principio, estamos sendo ainda preparados para nos tornar membros de uma grande confraria do universo onde residem outros seres que já são mansos e que nunca tiveram de empreender esforços da convivência pacífica.

Por enquanto o Israel atual é um país beligerante com seus vizinhos e seus vizinhos beligerantes com Israel. Têm que chegar a um acordo. A paz e a tranquilidade só chegará, quando o principal poder bélico, Israel, ceder aos anseios da população palestina, assim com seus anseios foram agraciados quando o Estado de Israel foi fundado.  Os palestinos têm o mesmo direito que o povo judeu tiveram em maio de 1948 em terem seu próprio Estado.

Com certeza podemos dizer também que a criação de um Estado Palestino não iria resolver de imediato o conflito. Pelo menos ajudaria a amenizar um dos principais problemas que foi a não delimitação do território da Palestina em maio de 1948.

Devemos lembrar que a região em que se encontra a cidade de Jerusalém, em Israel, é também considerada sagrada para três das maiores religiões monoteístas do mundo: o cristianismo, o judaísmo e o islamismo. Em alguns lugares do planeta você percebe a convivência pacífica dessas três religiões, assim como na cidade medieval de Toledo na Espanha. O problema no Oriente Médio é político. Os demais problemas, como o religioso, serão resolvidos por certo pois o Deus dos mulçumanos, dos judeus e dos cristãos é o mesmo.

Sim, só o longo aprendizado relativo à paz baseada no amor de Cristo fará que o mundo se transforme. Jesus em suas palavras maravilhosas e seu exemplo ímpar, disse: “Eu sou o pastor excelente; o pastor excelente entrega a sua alma em benefício das ovelhas. O empregado, que não é pastor e a quem não pertencem as ovelhas como suas próprias, observa o lobo vir e abandona as ovelhas, e foge — e o lobo as arrebata e espalha — porque é um empregado e não se importa com as ovelhas. Eu sou o pastor excelente, e conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e entrego a minha alma em benefício das ovelhas. E tenho outras ovelhas, que não são deste aprisco; a estas também tenho de trazer, e elas escutarão a minha voz e se tornarão um só rebanho, um só pastor”.

em 7 de agosto de 2014

Raul Meneleu às 08:07:00