Translate

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Lampião em Mossoró e Cartas de Amigos


Acabo de receber pelos Correios o livro Lampião em Mossoró de autoria do nosso saudoso amigo Raimundo Nonato, que foi enviado pelo professor Francisco Pereira, grande livreiro paraibano. Aproveito para falar também do meu Amigo e Pai, Francisco Meneleu, em seu livro "Coisa Julgada e Cartas de Amigos" onde registrou seus tempos de revolucionário da Revolta Comunista de 1935 no Rio Grande do Norte e do seu convívio com amigos, onde fazia parte de uma CORRENTE DA AMIZADE*, título da Confraria de Intelectuais que uma vez por ano reuniam-se na Serra do Martins, para confraternizarem a amizade. E entre eles estava o amigo  Raimundo Nonato, que tive o privilégio de conhecer.
Chamava meu Velho Pai de LAMPIÃO DE CASCA DE MELANCIA, por seu envolvimento na famosa Intentona Comunista. Meu pai diz, em seu livro, como introdução ao capítulo reservado a RAIMUNDO NONATO, O Jagunço, como ele assinava as cartas a meu pai:

"Lampião de Casca de Melancia. Era assim que ele me chamava, carinhosamente. Retirante da seca de 1915 veio para Mossoró e aí começou toda uma luta... Com muita
perseverança e resistência venceu dificuldades e tomou-se mais tarde um dos melhores e mais inteligentes professores
de Mossoró. Como mestre ensinou a várias gerações, inclusive à minha, de cuja época tenho saudades... Depois de muitos anos o nosso professor, batalhador de nascença, já casado com a Professora Edith Bessa fundaram um Curso para o ensino Normal, na antiga Praça do Moinho, onde eu e Adeú** (Aloísio Solino) tomamos umas aulas para enfrentarmos o curso "elefante".
Autor de obras de valor inestimável para a bibliografia norte-río-grandense, principalmente, tornou-se um dos
maiores nomes da literatura potiguar. "Memórias de um retirante" é o seu clássico (livro de memórias).
Nonato deixou saudades, mas antes de tudo, deixou seu nome registrado nos anais da História. dezenas de cartas foram extraídas durante estes anos. a última, a de Primeiro de Março de 1992 ficou para terminar nossa correspondência da corrente da amizade. com o falecimento do meu professor, que me ensinou em várias épocas, no dia 22 de agosto de 1993 ficou um vácuo que nunca será preenchido peço que Deus ilumine o seu espírito para acompanhar os seus amigos aqui neste mundo velho de maldades. Muito obrigado Nonato por tudo!"

* membros da confraria: Vingt-Un Rosado; Raimundo Soares de Brito; Renato Rebouças; Enélio Lima Petrovich; Josinete Câmara; Zenaide de Almeida; José Gonçalves Pinheiro e   Juvêncio Cunha Filho, o Pucunino.

**Aloísio Solino, meu Padrinho de batismo

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

O Vaticano de Aracaju

Descobrindo Aracaju depois de 38 anos aqui residindo fico aflito por ter perdido tanto tempo. Mas precisava trabalhar para o sustento meu e dos meus. Talvez isso, seja o alívio para minha consciência. Alguns podem até pensar, " que besteira " é essa de sentir-se assim. Mas quando digo isso,  não o digo com consciência pesada, como se fosse um grande pecado. O digo, por não ter tido interesse em saber a história da cidade. Depois de aposentado, estou fazendo o que não podia fazer antes.
Aracaju tem ainda, muitos casarões do século 19. Alguns deles tive a oportunidade de ver, antes de serem demolidos. Outros, que ainda estão em pé, este, da Esquina da Rua de Santa Rosa com Avenida Ivo do Prado, somente o conhecia por passar em frente nas minhas idas ao mercado municipal. 

Nunca tinha procurado saber a procedência de sua construção. E chegou o dia de saber mais sobre o belo casarão, tão mal cuidado, uma pena...
Quem acendeu a luzinha de minha consciência foi o meu médico otorrino, Doutor Marcelo Ribeiro, em uma ida a seu consultório para uma limpeza, pois tenho que fazer isso pelo menos semestralmente, pelo acúmulo de cerume e por vez em quando ter crise de otite.
Marcelo Ribeiro, além de médico é escritor, membro da academia Sergipana de letras e da academia Sergipana de medicina, da Sociedade Brasileira de médicos escritores, do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e da Academia de Letras e artes do Nordeste. Quando faço essas visitas periódicas a seu consultório, creio que seus clientes que estão na fila de espera depois de mim, devem ficar espantados com a demora do atendimento à minha pessoa. É que já nos conhecemos há vários anos desde quando militávamos no Partido dos Trabalhadores e Marcelo fora eleito deputado estadual. Torna-se uma farra de ideias e conversas quando lhe visito.
Pois bem, nesta última, falei-lhe sobre minha visita à cidade de São José do Belmonte, em Pernambuco, por ocasião do Grande Encontro da Confraria Cariri Cangaço, onde reuniu-se pesquisadores e escritores das coisas nordestinas, cujo tema maior foi as desavenças, das famílias Carvalho e Pereira, verdadeira guerra no sertão nordestino. Foi quando Marcelo Ribeiro passou a me contar sobre Mário Cabral, que em sua época de menino, tomou ojeriza por um dos mais importantes ícones da literatura Sergipana, por questões de família, quando Mário Cabral em seu livro Roteiro de Aracaju, obra publicada em 1948, quando Mário escreveu no capítulo Vaticano, uma crítica, que a meu ver depois de ler a história, achei de péssimo mau gosto, pois pelo menos naquela ocasião, não tivera o vislumbre de uma obra de época, que hoje enfeita o centro histórico de Aracaju. Foi uma crítica lamentável, mas que depois na edição de 1955, foram tais expressões substituídas, como se pode ver abaixo, onde todas essas expressões grifadas foram suprimidas pelo autor. Esse relato, está no livro do Doutor Marcelo Ribeiro, intitulado Cabral, Mário Cartas Abertas.


Texto de Mário Cabral, onde ele conversa com uma fictícia amiga:
"Não se trata do Vaticano de Roma, a cidadela do catolicismo, a suntuosa residência do Chefe da Igreja. Trata-se do Vaticano de Aracaju.
O Vaticano, querida, é um monstruoso prédio construído na esquina da Avenida Otoniel Dória com a Avenida Getúlio Vargas. Aconteceu assim: José da Silva Ribeiro (um capitalista) idealizou, certa vez, levantar um grande edifício na capital sergipana. E como dinheiro não lhe faltasse, meteu mãos à obra. 
E começou a construir, improvisadamente. O maior edificio da cidade, no seu tempo. Não havia planta, nem projeto, nem engenheiro. Havia, apenas, dinheiro e a idéia esquesita do capitalista José da Silva Ribeiro. Os alicerces foram feitos, enormes, pesados, alicerces de fortaleza. Ao depois, rapidamente, subiram as pare-
des. Depois das paredes, aqui e ali, foram surgindo as divisões internas, as salas, os quartos, os corredores, os mais diversos e exóticos apartamentos do mundo.
Ao terminar a sua gande loucura  (grande obra), gastara, José Silva Ribeiro (esse capitalista), no monstrengo arquitetônico, milhares de cruzeiros, uma boa parte da sua sólida fortuna. Quisera lhe mostrar, querida, O Vaticano de outrora, sem as modificações introduzidas 
posteriormente.
Você penetraria um largo Pórtico, pórtico de museu ou de igreja. 
E subiria, logo depois, uma escadaria imponente. Ao chegar ao primeiro pavimento você estaria perdida, desorientada,
em um terrível meandro de salas, quartos e corredores sem saber recuar nem prosseguir. Você atravessaria dezenas de salas, dezenas de quartos, dezenas de
corredores, você subiria e desceria dezenas de pequenas escadas, mas, ao fim de ingente esforço, voce necessitaria o auxílio de um morador no sentido de acertar com a porta de saída. Eis o Vaticano, minha amiga.
Uma multidão de seres reside ali, naquele labirinto intrincado. Operários, canoeiros, soldados, prostitutas e marinheiros. Em baixo, no andar térreo, ficam os
bilhares, as casas de jogo, os bares frequentados pela pela gente do cais, pelos estivadores e pelos maloqueiros. A cachaça corre com fartura errar a noite não sucede um conflito, luta corporal, luta de peixeiras afiadas e reluzentes ponto mas, embora no centro da cidade, a ronda policial evita intervir Nas questões internas do Vaticano. Hoje o Vaticano está modificado. O labirinto foi desfeito. Mas assim mesmo, é interessante percorrer as suas dependências. Você verá o Vaticano de Aracaju. Lá não há luxo e esplendor, mas sujeira e Miséria. Os ratos vírgulas enormes, nojentos e agressivos, também São donos do Velho Casarão. Assim é o Vaticano de minha Terra, a obra-prima do capitalista José da Silva Ribeiro."

Hoje, quase que esta construção do século 19 está desvirtuada. A foto acima mostra como era, em sua construção original. As demais, abaixo, são recentes, retiradas do Google Mapa, onde onde vemos as modificações.
O poder público e autoridades devem concientizar-se que tal casarão tem que ser preservado assim como outros que foram adquiridos pelo governo e que servem de escolas, universidades, museus e repartições públicas. Restam bem poucos casarões da época. Preservá-los é fundamental para nossa história.















terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Comentários ao livro Apagando o Lampião

Mesmo com as críticas contundentes dos amigos pesquisadores, autores de livros e documentaristas, a Frederico Pernambucano de Mello sobre a questão de quem matou Lampião, não podemos desmerecer os esforços deste grande pesquisador conhecido por todos nós.

Quando você começa a ler o livro não quer parar, porque as frases borbulhantes da mente maravilhosa deste Grande Professor, soam como música aos nossos ouvidos.

Por exemplo, quando chegamos à página 15, ele mostra que existem escritos valiosos da maioria dos escritores, mas que deixam em aberto boa parte do complexo de causas, sociais, econômicas, políticas e até tecnológicas que construíram para o grande desfecho de 1938 na grota do Angico.

Isso me lembrou nosso famoso escritor Sergipano Alcino Costa, que em um dos seus livros, mostra os mistérios que aconteceram neste desfecho, onde foi morto o cangaceiro mais famoso da história desta Saga Nordestina.

Mostra-nos Frederico Pernambucano de Mello, que escrever sobre Lampião, sobre todos os fatos que envolveram o rei dos cangaceiros, torna-se em determinados momentos, nos assuntos específicos, uma armadilha para o pesquisador. E diz " que cada tópico do episódio que cor o mundo afora se abre em armadilha para o pesquisador a ponto de nos trazer à mente verso com que outro repentista extraordinário, Pinto do Monteiro, converteu para si mesmo na imagem do perigo, fazendo uso de cores sertanejas quando improvisou:

Eu sou um pé de Cardeiro
Na beirada do Riacho,
Com um Arapuá por cima
E um rolo de cobra embaixo,
Mangangá se arranchando:
Só vem a mim quem for macho!

Com isso o autor prestigia aqueles escritos mais importantes que foram feitos por outros. Ele diz textualmente "O quadro é preciso nas tintas. Reproduzi-lo aqui vale por homenagem deliberada do autor deste livro, àqueles que se debruçaram sobre o tema com a coragem de enfrenta-lhe a complexidade, arrostando paixões que se inflamam a cada ano decorrido do acontecimento. Paixões que, longe de arrefecer, parecem cristalizar-se em desafio permanente, convertendo o tema em Campo Minado.
A despeito do comentário, tivemos o cuidado de não fazer tábua rasa de nenhuma destas fontes escritas, do que dá prova a bibliografia ao final. A todas analisamos demoradamente. Demora de anos. As obras que chegaram ao "cardeiro" e as que deste sequer se aproximaram."

E para concluir apenas a parte inicial do livro, antevendo a querela mais importante, ele diz: "Não nos surpreendem as dificuldades enfrentadas por seus autores. Afinal, debruçaram-se sobre um mito em vida, que a morte não fez senão ampliar. Dos mais completos exemplos do processo psicológico de sublimação de perfil humano que o Brasil pode ver em sua história, esse de Lampião."

Depois posto outros comentários, se não me der preguiça, pois só escrevo quando dá vontade. Mas... o "cardeiro" (para um bom entendedor uma palavra basta) enfrenta sem temor defender sua tese com argumentos. E doa em quem doer!

sábado, 1 de dezembro de 2018

Os Vagalumes de Maria Bonita


Na história do Cangaço precisamos ter cuidados em fazermos afirmativas, pois as contradições que muitas vezes, senão em maioria, nunca foram propositais.

Destaco o depoimento da cangaceira Sila, quando, contando que na noite anterior do fatídico dia da morte de Lampião e Maria Bonita, junto com mais nove cangaceiros, estava sentada em uma pedra, conversando com Maria e que viu lampejos que ela achava que poderiam ser fachos de lanternas, mas que fora dissuadida por Maria Bonita, que lhe dissera que eram apenas luzes dos vagalumes. Ela então talvez convencida naquela ocasião, que realmente eram lâmpadas de vagalumes, não ficou preocupada e nem disse isso ao seu companheiro Zé Sereno quando chegou em sua barraca. No depoimento ela diz que após o acontecido,  lembrando dessa conversa, esta lhe marcou a mente, que eram soldados fazendo o cerco ao Angico. Mas pergunto: que hora era  aquela da conversa, se o ataque se deu cedinho pela manhã e temos testemunhos de soldados, que disseram que às 3 horas da manhã, não tinham ainda atravessado o Rio São Francisco?

A mente humana pode ser convencida por algum fato lembrado, mas que necessariamente tal fato não se deu.
Boa parte das lembranças do ser humano é falsa. Jamais aconteceu. Não passa de mentiras inventadas pelo cérebro, fizem os psicólogos.

Parte das lembranças é pura imaginação. Isso porque a memória não é um registro da realidade – é uma interpretação construída pela mente. O nosso cérebro inventa o mundo, das cores que a gente vê às experiências que a gente vive. E edita essas informações antes de gravá-las.

Boa parte das lembranças é falsa. Jamais aconteceu. Não passa de mentiras inventadas pelo cérebro. Lembrar é imaginar, e imaginar é distorcer.
Em uma reportagem de Gisela Blanco e Bruno Garattoni publicado na revista Super Interessante de julho de 2018, reportando sobre isso, mostra que essas lembranças sempre afloravam no consultório de algum psicólogo, depois de sessões de terapia com técnicas de hipnose e regressão e se descobriu muitos casos de falsas memórias, que haviam sido acidentalmente induzidas por psicólogos durante sessões de hipnose. É aquela história que de tanto se falar se acredita.

"É uma interpretação construída pela mente. O nosso cérebro inventa o mundo, das cores que a gente vê às experiências que a gente vive. E edita essas informações antes de gravá-las, explica o psicólogo cognitivo Martin Conway, da Universidade de Leeds. Cientistas da Universidade Harvard pediram a voluntários que se lembrassem de uma festa em que tinham estado. Em seguida, eles deviam imaginar uma festa que ainda não havia acontecido. Os pesquisadores monitoraram as cobaias durante todo o experimento e descobriram que, nos dois exercícios, sua atividade cerebral foi praticamente a mesma. Ou seja: os mecanismos que usamos para acessar nossas memórias são os mesmos que usamos para imaginar as coisas. Uma pessoa pode ter lembranças erradas ao ler o que está gravado corretamente na sua memória,

Vocês podem até se lembrar do principal, mas todo o resto será distorcido – com direito a várias informações criadas pelo cérebro. Já que a memória e a imaginação usam os mesmos mecanismos, a mente não vê problema em dar uma inventadinha para completar as lacunas.

Essa tendência é tão forte que a Justiça possui artifícios para se defender disso, e ver se os relatos de testemunhas estão contaminados pela imaginação. Além de propor situações que não aconteceram (como no caso do americano Paul Ingram), os interrogadores evitam perguntas indutivas (“ele estava usando um boné, certo?”) ou que envolvam raciocínio negativo (“isso não está certo, né?”), pois elas acabam levando o cérebro a distorcer as memórias. Mas não há uma maneira de determinar, cientificamente, se uma lembrança é real. Nem mesmo o detector de mentiras consegue desmascarar falsas memórias, e por um motivo simples. Sabe aquela máxima que diz: uma coisa não é mentira quando você acredita nela? Pois é.

Apesar de tudo isso, é difícil imaginar uma sociedade que não acreditasse na memória das pessoas. Não existiria verdade nem realidade coletiva, pois cada indivíduo viveria isolado em seu próprio mundo de lembranças. “A crença na memória é fundamental para várias instituições da sociedade, como a Justiça e as escolas”, afirma Schacter. Ainda bem. Pois, no futuro, nossas memórias serão totalmente diferentes."

Então amigos, não era porque Sila estava mentido. Ela e Maria Bonita realmente conversaram naquela pedra e a lembrança que Sila teve quando algum tempo depois, alguns dias depois ou talvez meses, quando ela lembrou ficou gravado em sua mente que aquelas luzes de lanternas eram dos Soldados. Mas não poderia ser pois, a que horas elas estavam conversando em cima daquelas pedras? Era 3 horas da manhã? Eu duvido que isso se deu nessas horas entre 3 e 4 da manhã! Provavelmente deveria ser, essa conversa, antes de 22h.

Mas aí já entra da minha parte essa interrogação. Mas sinceramente acho muito difícil que essa conversa tenha se dado as 3 horas ou 4 horas da manhã pois os soldados ainda estavam atravessando o rio.

RAUL MENELEU
30 de novembro 2018

Créditos
Foto de Sila: print screen Prog. do Jô
Fotos: Benjamim Abraão
Documentário: Aderbal Nogueira

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

O Passarinho Encantado

♡ Vovô Raul para sua netinha Alícia 

Alicia você já ouviu a história do Passarinho Encantado que voou para o quintal da vovó Quinhaflor? 
Pois eu vou lhe contar: 

Certa feita, vovó Quinhaflor ao regar a horta para que as plantinhas crescessem, pois as plantinhas só podem crescer se tiver chuva, se não tiver, a pessoa tem que molhar as plantinhas. As flores, as rosas, as plantas do quintal, a horta de onde ela plantou tomate, chuchu, beterraba, cenoura, couve, coentro, pimenta e cebolinha; todas essas plantinhas que ela usa na cozinha quando vai fazer o almoço. Pois bem ao olhar para o cajueiro, vovó Quinhaflor viu um passarinho todo colorido. Ele tinha penas vermelhas, amarelas, verdes, brancas, azuis e lilás. Ele era um arco-íris muito lindo! A vovó Quinhaflor, como você sabe, conversa com os animais, ela entende a linguagem dos animais. Ela sabe falar passarinhês, que é a língua dos passarinhos, assim como ela sabe falar a língua dos gatos, a língua dos cachorros, a língua dos Papagaios e também aprendeu a falar a língua dos passarinhos, quando ela e o vovô Raul estiveram no Parque Nacional de Sete Cidades, no Estado do Piaui, onde tem muitas árvores e cachoeiras. O Curso foi no hotel Fazenda da cidade de Piracuruca, onde o Rei dos Pássaros, o Professor Uirapuru, ensinou o Passarinhês. 

Voltando ao lindo passarinho, Vovó Quinhaflor disse para o passarinho, claro que em Passarinhês: Passarinho lindo... de onde você vem meu amigo? Fique à vontade aqui no meu quintal. Aqui nós temos frutas, temos Acerolas, Cajus, Pitangas, Romãs, bananas, mamãos, Goiabas, Mangas, diversos tipos de frutas para que você possa fazer uma boa refeição! E o passarinho respondeu para vovó Quinhaflor 

▪ziu piu ziu tchi piu piu piu piu... 

Que vovó Quinhaflor entendeu perfeitamente o que ele estava dizendo. Traduzindo da linguagem dos passarinhos, ele disse: Minha boa senhora, eu estou vindo de um reino muito distante. Nesse reino, uma bruxa muito malvada, me transformou num passarinho e eu fui obrigado a fugir de meu reino, porque ela queria me colocar numa gaiola de ouro e eu não aceitei e por isso eu voei para longe.

A vovó Quinhaflor disse para ele: Bonito e nobre passarinho, aqui você está encontrando esse pedacinho de terra, da qual eu e o vovô Raul, cuidamos dele, plantando, arrumando as árvores, cuidando delas, para que os passarinhos aqui na cidade possam ter um local onde possam vir e se deleitarem, para comer um pouco de frutas deliciosas, desse quintal. Nos visitam diversos passarinhos. Vêm aqui e falam conosco. Brincam e voam entre as árvores. Agora, você tem que ter cuidado com os Niquinhos. Você sabe o que é niquinho? São aqueles macaquinho pequenininhos e eles gostam de ir para os ninhos dos passarinhos, para comer os ovinhos, muitas vezes ele atacam até os passarinhos. Então tem que ter cuidado porque eles estão aqui também, pois nos visitam para comerem  bananas que eu coloco para eles. Então fique à vontade.

▪Mas me diga uma coisa... como é que se faz para quebrar esse Encanto? Esse feitiço que essa feiticeira fez com você? E ele respondeu: 

▪Nobre senhora, para quebrar esse Encanto tenho que encontrar uma menininha muito linda e que seja estudiosa, seja ajudadora de seu papai e de sua mãe. Deve chegar perto de mim e com o dedinho dobrado, pedir para que eu venha pousar em seu dedinho e carinhosamente me dar um beijo. Só dessa forma quebra o feitiço daquela Feiticeira má que está querendo dominar o meu reino.

E a vovó quinhaflor disse para o passarinho: 

▪Pois então se é só isso, meu lindo passarinho, tenho uma netinha muito bonita, muito linda, que se chama Alícia. Tenho certeza que se eu pedir, ela virá com todo prazer, aqui no quintal, para ver você e dar um beijo bem carinhoso, para que você possa se libertar desse feitiço!

E o passarinho agradeceu a vovó Quinhaflor, disse que iria aguardar e ficou morando no quintal da vovó e do vovô Raul. Certo dia, depois que vovó Quinhaflor falou com sua netinha Alícia, marcaram um domingo de manhã. 
Quando chegou no domingo, o Sol e o céu azul estavam 
muito bonitos, para que Alícia viesse no quintal e ver o passarinho. O papai e a mamãe de Alicia vieram juntos também, para ver aquele lindo passarinho.  Alicia muito alegre chegou na casa do vovô e da vovó e foi
entrando correndo lá para o quintal, para ver aquele passarinho tão bonito e tão famoso que vovó tinha falado pra ela. Quando Alícia avistou o passarinho ficou radiante de alegria. Olhando para ele, achando-o  muito bonito, ela nunca tinha visto outro igual e esticando o dedinho, disse: 

▪Venha passarinho, pousa aqui no meu dedinho, para que eu possa lhe beijar! 

E o passarinho veio majestoso, voando na direção de Alicia  e pousou no dedinho dela. Alicia carinhosamente deu um beijinho bem suave no bico do passarinho e o passarinho de repente se transformou num lindo Príncipe!

E o Príncipe graças a Alícia se viu livre para voltar ao seu reino para cuidar de seus súditos. Mas antes disso, abriu uma sacola muito bonita que ele usava e dela retirou uma linda coroa de Princesa e coroou Alícia como sendo a futura Princesa de seu Reino Mágico.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

O Gatinho Amarelo

♡ Vovô Raul para sua netinha Laura
O Gatinho de cor, que se chama Amarelo. 

Gatinho Amarelo 
Ele mora na casa do vovô Raul e da vovó Quinha. A casa, tem um grande quintal onde Amarelo brinca. Ele tem muitos amiguinhos para brincar. Tem o gatinho Guilherme, a gatinha Rosinha o gato Alemão, o gatinho Junior e a mãe do Junior, a Mimosa. Tem também a gatinha Pérola, o gato Valiant, e as gatinhas Lili e Lia de Carol.

Pois bem, certo dia apareceu na porta da casa, uma gatinha linda, com pelos pretos. Ela estava com três filhotinhos. A vovó Quinha perguntou para a gatinha, depois de dar bom dia pra ela:

▪De onde você vem linda gatinha?

E ela respondeu na linguagem dos gatos: miau, miau, miau!
Gatinha Lili

Como a Vovó Quinha entende a linguagem dos gatos, ouviu o que ela estava dizendo. Ela havia sido abandonada pelos seus donos, que eram pessoas más, que moravam lá do outro lado da cidade, em um bairro bem distante.

Então a Vovó Quinha abriu o portão e deixou a gatinha entrar com seus três lindos filhotinhos. A linda gatinha disse para a Vovó Quinha, que estava com fome. E a Vovó preparou leite e serviu à gatinha e seus três filhotes, que beberam e sentiram-se mais aliviados.

O primeiro gato da casa, a vir receber a gatinha e seus três filhotes foi o Amarelo. Ele cumprimentou a gatinha e ronronou para os três lindos gatinhos e disse:

▪miau, miau, miau 

Traduzindo da língua dos gatos:

▪Como se chama linda dama?
▪E seus três filhotinhos como se chamam?

Gatinha Nina

E a gatinha respondeu: 

▪miau, miau, miau.

É a Vovó Quinha entendeu o que ela estava falando. Ela disse para o gato Amarelo, que, quando um gato é abandonado por seus donos, ficam sem nome e um novo nome é dado por aqueles que os acolhem.
Gatinho Tom

A Vovó Quinha olhando para o gato Amarelo, perguntou-lhe se ele queria cuidar daquela gatinha e seus três lindos gatinhos. Amarelo todo contente, sorrindo disse: 

▪miau!

Que traduzindo, foi SIM.

Então Vovô Quinha escolheu o nome para a gatinha, que passou a ser chamada de Lili e os três filhotinhos ficaram com os nomes de Tom, Mateus e Nina.
O gato Amarelo ficou cuidando da gatinha e seus três  filhotes, que cresceram bonitos e saudáveis.

Gatinho Mateus

Amarelo cuidou muito bem daquela família ensinou os gatinhos como se tornarem bons gatos, mostrando para eles tudo que sabia sobre ser gato. Hoje já são bem grandinhos. Amarelo, já idoso como o Vovô e a Vovó, continua a ter cuidado com eles. É eles hoje são uma linda família.



O Que Aprendemos com essa estorinha?

▪Sermos amorosos com os ANIMAIS.
▪Sermos pessoas hospitaleiras.
▪Cuidarmos bem de nossos animais, não maltrata-los.
▪Não abandonarmos nossos animais.

domingo, 11 de novembro de 2018

NAZARÉ DO PICO e sua gente.

Essa é uma história que as populações, o povo das cidades por onde eles passaram, ou por suas redondezas, nunca deveriam esquecer. Tem que ser estudada nas escolas das vilas e cidades em sua grade curricular de História.

Considero essa, como mais importante que a história do descobrimento do Brasil, sem querer desmerecer a tal. Foram homens que combateram o banditismo, com grande garra e sem perspectivas de ganho material. O fizeram para protegerem suas famílias, o que foi extensivo a todas as famílias sertanejas. Lampião e seu bando entre outros cangaceiros, eram perversos e não respeitavam as famílias. Prestava serviços escusos para os coronéis fazendeiros assim como abertamente quando era de interesse amedrontar a população indefesa.

Se estudamos essa fase da história do sertão,  o cangaço,  não é porque gostamos de bandidos e sim para termos o entendimento que houveram pessoas no seio da sociedade que entregaram até mesmo suas vidas para combaterem a tais. Entre estes, estavam os Nazarenos. Chamados assim por terem fundado e residido na cidadezinha de Nazaré, distrito do município de Floresta, Estado de Pernambuco.

Há 101 anos atrás nascia essa cidadezinha como uma pequena Vila onde começava a sua história tivemos no ano passado 2017 as comemorações do Centenário desta cidadezinha que no ano de 1923 era apenas um Arraial de 40 casas formando uma pequena e única rua, ficando numa extremidade a igreja e na outra a barbearia de Manoel flor e a casa do Professor Domingos Soriano Lopes Ferraz que tinha sido quem tivera a ideia no ano de 1917 de fundar esse Arraial. 

Ficava em sua fazenda chamada algodões e foi ele mesmo quem marcou o alinhamento das casas, convidou amigos para virem morar no Arraial que estava construindo e muita gente aceitou o convite, para fugirem dos riscos da guerra  entre os Pereira e Carvalho. Também ficariam mais protegidos dos assaltos dos jagunços de Cassimiro Honório e de outros desordeiros.

Dentre os fundadores de Nazaré, o homem de maior posse, era Antônio Gomes Jurubeba conhecido como seu Gomes. Ele era dono da fazenda Genipapo. Estive nessa Fazenda Genipapo onde nos reunimos em confraria com os amigos do Cariri Cangaço, para fazermos uma homenagem a esse grande homem, um dos guerreiros nazarenos e de seus familiares que lutaram contra Lampião e seus cangaceiros. Fiz um vídeo que indico para os amigos assistirem como foi essa programação, (https://youtu.be/lpP8mvfjAqw).

O grande acontecimento no Arraial de Nazaré, era a feira livre às quartas-feiras. Uma vez por mês o Vigário de Vila Bela vinha Celebrar missa, batizados, celebrar casamentos. Ele chegava sempre na terça-feira e se hospedava na casa de Antônio Gomes Jurubeba e na quarta-feira depois da da missa ele voltava para Vila Bela. 

Nesse pequeno povoado foi onde aconteceram muitas desavenças entre Lampião e os seus moradores, seus residentes, inclusive um dos mais famosos dos casos que  se deu, foi o casamento de Maria Licor, que era prima de Lampião, filha de Dona Joaninha Ferreira. Lampião queria assistir ao casamento. Lampião já era desafeto dos Nazarenos, tinha uma certa fama de bandoleiro e todos esperavam que ele viesse para o casamento da prima. Para verem um relato desse casamento, temos o do Padre Frederico Bezerra Maciel, que pode ser visto aqui (https://meneleu.blogspot.com/2014/10/o-casamento-de-licor-prima-de-lampiao.html).

As histórias contadas pelos descendentes desses bravos Nazarenos são muitas. Os amigos podem ter acesso a vários livros e documentários. Indico para vocês o vídeo feito pelo amigo Aderbal Nogueira, aqui => (https://youtu.be/3RLjKEDn-nM) e aqui =>(https://youtu.be/CEGA9VsNu78) onde ele entrevista o Senhor João Gomes de Lira, tenente reformado da PM de Pernambuco, que conta como foi o início da intriga entre Lampião e os Nazarenos.