Nos bastidores da visita técnica feita por ocasião do CARIRI CANGAÇO FLORESTA 2017 vemos os admiradores da saga cangaceira preparando-se para ouvirem uma exposição da historia da emboscada preparada por Lampião, para as forças volantes de Zé Saturnino e Manoel Neto.
Zé Saturnino recebeu o comando de uma volante de 100 soldados pelo major Teófanes e auxiliado pelo anspeçada Manoel Neto, meteu-se nas caatingas à procura de Lampião.
Os dois eram rapazes valentes, mas sem nenhuma noção de estratégia militar. À noite, viajavam com fachos acesos para iluminar o caminho. Vendo que caminhavam para a morte, logo no segundo dia 17 soldados desertaram.
Zé Saturnino no dia 10 de novembro de 1926, teve uma boa notícia: Lampião acabava de sair dali, tinha dançado a noite toda. Seguindo a pista deixada pelos cangaceiros, a tropa passou por Campos Bons, Cachoeira, Exu e Arapuá, indo pernoitar na fazenda Icó.
No dia 11, antes do alumiar do sol, a volante reiniciou a marcha. Como havia uns rastros em direção à fazenda Favela, de Antônio Novaes, os comandantes resolveram ir até lá a fim de se informar se havia notícia dos cangaceiros. A Favela fica a três léguas de Floresta. Já chegando à sede da fazenda, Zé Saturnino postou-se com uma parte da volante dentro de uma capineira, por trás da
parede do açude em frente à casa-grande, e Manoel Neto seguiu com os outros homens para a casa. Bateu na porta. De súbito, portas e janelas se escancararam, e dos vãos abertos choveram balas em cima da tropa.
Os soldados, por não esperarem uma reação daquela ordem, ficaram atarantados, alvo fácil para os cangaceiros. Manoel Neto colou-se à parede, sem saber o que fazer, vendo seus comandados serem abatidos impiedosamente.
Lampião estava dormindo em outra casa com uma parte do grupo.
Melhor sorte não teve Zé Saturnino, que ficara entocado no capinzal, não sabendo que justamente ali estava acampado o grupo de Sabino Gomes — quando os homens de Zé Saturnino correram para socorrer os companheiros, toparam de frente com os cabras de Sabino, e em face disso fugiram.
O grupo de Sabino investiu então contra os soldados que ainda lutavam no terreiro da casa, e estes, atacados de todos os lados, debandaram em absoluta desordem.
Muitos feridos, sabendo que se ficassem ali seriam sangrados pelos cangaceiros, juntaram as últimas forças e também correram, encorajados pelo valente Manoel Neto, que saiu carregando um ferido nos ombros e arrastando outro pelo braço, repetindo isso três ou quatro vezes.
Quando os dois comandantes se encontraram, abraçaram-se, sem ter o que dizer, escutando os gritos dos companheiros sendo sangrados. À sua volta só se viam uns 20 soldados. Pensaram que o resto tinha morrido. Ficaram felizes quando souberam que a maior parte havia fugido.
Morreram na fazenda Favela seis soldados: Antônio Freire Palita, Gaudêncio Pereira da Silva, Francisco Pereira, João Gregório Neto, Agripe Lopes dos Santos e Cícero Petronilo da Silva. Feridos, quase todos.
Entre os cangaceiros, apenas um morreu e cinco receberam ferimentos.
FONTE: RAPOSA DAS CATINGAS de José Bezerra Lima Irmão (pg 217 )
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