Senhor Almiro com o neto Bruno |
Hospedado em um hotel em Stela Maris, Salvador, Bahia, para passar o dia aguardando a hora de embarque para Madrid, Espanha, resolvi por volta das 15 horas de quinta-feira dia 16/03/2017, dá uma saidinha em busca de comprar fitas para colocar em nossas malas, para identificar melhor as mesmas na esteira do aeroporto.
Fui andando pela avenida do hotel para ver se encontrava um armarinho. Fui em algumas lojinhas e perguntando aqui e acolá fui bater em um pequeno shopping center de bairro, onde entrei em uma lojinha de cosméticos onde a senhora proprietária me atendeu.
Me tratando muito bem, depois que expus meu propósito, me deu uma sugestão de utilizar fita de presente. Aceitei a sugestão e Dona Paulina, esse é seu nome, (Paulina Silva Araújo), dirigindo-se a uma prateleira apanhou um rolo de fitas e perguntou se um metro serviria. Pedi dois.
Perguntei quanto custava e ela disse-me que, como eu era o primeiro freguês, não iria me cobrar nada, mesmo eu insistindo. Inclusive depois que cortou a fita pegou uma tesourinha de cabos plásticos e disse que eu levasse também para ajudar nos preparos de amarrar as fitas nas malas. Também oferta da casa, mesmo eu reforçando que agora estava mais valioso os materiais para ela me ofertar grátis.
Daí ela me perguntou de onde eu era. Expliquei-lhe que morava em Aracaju e ela me disse que tinha alguns parentes lá e que gostava muito dessa cidade.
Foi quando eu disse que já tinha morado em Salvador, no bairro de periferia chamado Pirajá. Ela me relatou que também tinha residido ali e perguntou-me se eu tinha conhecido seu pai, o Senhor Almiro, que tinha trabalhado na ITT (Itapoan Transportes Triunfo).
Foi uma surpresa muito grande pra mim ter encontrado sua filha, em uma coincidência formidável. Tinha em minha juventude trabalhado como motorista de ônibus coletivo nessa empresa e passamos a lembrar do "Seu" Almiro, que coordenava as saídas dos ônibus da garagem que ficava próximo ao bairro de São Caetano no subúrbio.
Uma grande coincidência estava se dando ali naquele momento. Então passei a contar-lhes alguns casos engraçados envolvendo a minha pessoa e seu pai. Foi uma alegria! Seu filho Bruno (Bruno Biscaia Araujo), um jovem rapaz, que vinha chegando na loja e que ela me apresentou. Pediu que o jovem fosse chamar seu pai, e o marido veio para me conhecer.
Igualmente como a esposa, o Senhor Edmilson, (Edmilson Biscaia Araujo), foi de uma hospitalidade sem igual. E passamos a conversar como se já fôssemos amigos de muitos anos.
Essas coincidências da vida são ótimas e servem para vermos o quanto somos dependentes uns dos outros, mesmo que não sintamos na maioria das vezes os laços nesse emaranhado de caminhos que cruzamos uns com os outros.
Que o Senhor Deus do Universo tenha o Senhor Almiro em um lugar bom de sua memória. E com certeza o tem.
Agradeço de coração ter encontrado com essa família maravilhosa de Dona Paulina. Isso nos faz mais humanos. Espero que em outras visitas a essa terra maravilhosa que é a Bahia de São Salvador, possa estreitar mais os laços que nos unem através desse homem que em minha juventude tive o privilégio de conhecer.
O Senhor Almiro tinha um carinho especial para comigo. Lembro até hoje dele. Nunca ralhava comigo, jovem e rebelde, mas me falava e aconselhava como se fosse um pai falando ao filho.
Recordo de uma de minhas peraltices, em que ele ao ver o estrago que eu tinha provocado no ônibus 53 que eu dirigia, com algumas janelas quebradas, por ter tido um pega com outro ônibus, que um companheiro da mesma empresa dirigia, (ambos vazios e só com os cobradores, pois nos dirigíamos para a primeira viagem), na avenida do Terminal da França, Cidade Baixa, em Salvador, quando tive que voltar à garagem para colocar os três vidros quebrados, e ele ao ver o ônibus, mandou que eu o encostasse na oficina e viesse falar com ele.
- Mas Urso Branco... o que você fez meu filho!
Até então ele não sabia do pega. Veio a saber depois nas rodas de conversa de motoristas e cobradores, quando relatavam os inúmeros casos do dia com cada um. Nunca me cobrou o dinheiro dos vidros. Era assim "seu" Almiro comigo. E os colegas se admiravam por ele ter tanto carinho e consideração por mim.
O Senhor Almiro, tinha passado um tempo em Aracaju, residindo, e lembrei agora que o encontrei em determinada ocasião, onde trocamos gentilezas e lembranças dos velhos tempos, e ele ficou bastante alegre em saber que eu trabalhava agora na Petrobras, quando fiz o concurso para a mesma, quando de minha pequena passagem pela ITT (Itapuan Transportes Triunfo).
Ele conhecia meu curriculum vitae, onde sabia de meu profissionalismo como técnico e supervisor. Talvez fosse por isso, por esse conhecimento de ver um jovem que não media esforços para sustentar a família, tendo tido empregos melhores remunerados e grau de supervisão nos mesmos, que "Seu" Almiro me admirava. E a admiração era mútua! Eu via seu esforço de trabalho com sua limitação física, que nunca o abatia e nem reclamava.
"Seu" ALMIRO! O Senhor é dessas pessoas que a gente nunca esquece. Inda mais com uma coincidência dessas em conhecer sua bondosa filha e sua família. Que O Senhor Soberano do Universo continue a ajudar ao Senhor Almiro a ajudar outras pessoas!
Sua bênção "Seu" Almiro!
* Meu apelido quando rapaz