Nesse vídeo em entrevista concedida pelo famoso Comandante de Volante Policial, Tenente Zé Rufino ao Jornalista Paulo Gil Soares em 1964 ele nos conta um pouco de sua vida na caatinga nordestina em perseguição aos cangaceiros e principalmente ao próprio Lampião.
Zé Rufino foi um dos mais temidos perseguidores de cangaceiros, chegou rapidamente ao oficialato na Policia Militar da Bahia.
O Cineasta e pesquisador da Saga Cangaço Aderbal Nogueira em comentário sobre Zé Rufino, em matéria por mim escrita (Cangaceiros e Volantes - Violência latente) e postada no Facebook, atestou que os cangaceiros "Vinte e Cinco, Durval Rosa, Candeeiro e outros que conheci disseram que Lampião temia os comandantes Nazarenos mas Zé Rufino era o mais perigoso. 'Vinte e Cinco' disse para mim "os Nazarenos quando avistavam a gente metiam bala, queriam sangue a todo custo, mas Zé Rufino era diferente, se ele pudesse ele entrava dentro do coito pra começar o tiroteio. Era uma cobra cascavel. Era quem nós mais temia"
Realmente "temos que destacar a figura de Zé Rufino" como bem diz Pedro Son, que foi Secretário municipal de Educação em Jeremoabo (BA):
"O implacável caçador de cangaceiros, que residiu, fez família e se tornou, por opção, cidadão jeremoabense. O matador de Corisco, página mais lida de sua história, começa a ter sua biografia destacada. Nascido José Osório de Farias, sanfoneiro afamado em seu estado natal, Pernambuco, Zé Rufino foi convidado por Lampião para integrar o bando, que sonhava com sua sanfona alegrando o bando, recusando, e entrando na volante para fugir da vingança do rei do cangaço, que não aceitava uma negativa. Meses depois José Osório engajou-se à polícia chegando a receber graduação de tenente, e a partir daí surgiu o Tenente Zé Rufino. Chegou rapidamente a oficial, alcançando a posição de coronel da Policia Militar da Bahia. Participando de inúmeros combates, Zé Rufino matou muitos cangaceiros, tendo se tornado um dos mais respeitados chefes militares na perseguição ao cangaço, tendo dado fim aos cangaceiros Pai Véi, Mariano, Barra Nova, Zepellin, Canjica, Zabelê, etc., mas Corisco, sem dúvida, foi o que mais lhe deu fama.
Mas o fato que terminou pegando Lampião de surpresa, numa emboscada que ocasionou sua morte, tem também algo a ver com Zé Rufino. Cansado de ver o estrago que o comandante fazia no cangaço, Lampião manda uma mensagem a Corisco que dizia: “Vamos dar uma lição em Zé Rufino, que está querendo passar de pato a ganso.” E acertaram um encontro exatamente na Grota do Angico para acertar uma emboscada contra o então tenente José Osório de Farias, conhecido como Zé Rufino. Para Lampião, o tenente andava ‘atrapalhando’ e era hora de tomar providências. Surpreendido pela volante, não houve tempo para colocar em prática a emboscada contra Zé Rufino.
Passados os anos turbulentos das perseguições aos cangaceiros, Zé Rufino comprou fazendas na região de Jeremoabo, e aqui viveu até seu derradeiro suspiro. Lembro-me, pequeno, de vê-lo, tranqüila e calmamente, andando pelas ruas de nossa cidade, ou sentado nas barbearias contando um pouco de suas aventuras. Ano passado, sua vida e história foi tema da Conferência de Abertura do Cariri Cangaço 2010, realizado dia 17 de agosto na cidade de Barbalha-CE, com o pesquisador Antônio Amaury Correia de Araujo." JEREMOABO, O Cangaço e Zé Rufino