Na realidade, o que acontecia era o oposto. O trabalho se tornou outra forma de genocídio, chamada pelos nazistas de “extermínio por meio do trabalho”.
Ao serem selecionadas para “trabalhar”, as vítimas poupadas do extermínio imediato eram imediatamente privadas de sua identidade individual. Suas cabeças eram raspadas e um número de registro era logo tatuado nos seus braços esquerdos, como se fossem objetos. Os homens tinham que usar um tipo de pijama, calças e casacos listrados, esfarrapados, e as mulheres usavam uniforme de trabalho.
Cada dia era uma luta pela sobrevivência em condições insuportáveis. Os prisioneiros eram alojados em barracões primitivos que ao entrar em tais tive um calafrio pois o lugar é tétrico e não tinham janelas nem isolamento do frio ou do calor.
Os sanitários para necessidades fisiológicas assentava-se no meio dos barracões, separando os beliches rústicos. Em Auschwitz, assim como em centenas de outros campos do Reich e da Europa ocupada, onde os
alemães usavam trabalhadores escravos, os prisioneiros também eram empregados fora dos campos, em minas de carvão, pedreiras e em projetos de construção, cavando túneis e canais. Sob guarda armada, sem qualquer proteção contra o frio.
alemães usavam trabalhadores escravos, os prisioneiros também eram empregados fora dos campos, em minas de carvão, pedreiras e em projetos de construção, cavando túneis e canais. Sob guarda armada, sem qualquer proteção contra o frio.
A maioria dos prisioneiros de Auschwitz sobrevivia por poucas semanas ou meses. Aqueles que estavam muito doentes ou fracos para trabalhar eram condenados à morte nas câmaras de gás. Alguns cometeram suicídio se atirando contra as cercas eletrificadas. Outros pareciam cadáveres ambulantes, com o corpo e o espírito destruídos.
Mais de um milhão de pessoas morreram em Auschwitz, e nove entre cada dez vítimas era judia. As quatro maiores câmaras de gás daquele local comportavam, cada uma, 2.000 pessoas para serem mortas por axfixiamento, podendo assim assassinar 8.000 pessoas em pouquíssimo tempo.
A história do trabalho revela seu paralelo com a tortura, mesmo que impere um esquecimento da origem das palavras “tripalium “ e “labor” na atualidade. A falácia do trabalho como valor adentra também o cotidiano fazendo com que nosso tempo livre seja ocupado por suas reproduções.
A frase “O Trabalho Dignifica o Homem” trata do quão doloroso e alienante é a lógica que faz com que nossos corpos sejam domados e lacerados em troca da sobrevivência diária. O homem é o único animal que paga para viver aqui na terra. Isso é a degradação da raça humana. Os homens poderosos apropriaram-se de terras e mais terras, onde nada plantam. São os latifúndios. Ter por ter.
A palavra "trabalho" veio do latim tripalium , tripálio, uma técnica de sofrimento obtida com três paus fincados no chão, aos quais era afixado o condenado, quando não empalado num deles até morrer. "Empalar" é espetar pelo ânus, algo comum na Antiguidade, ante o qual a crucifixação romana foi um avanço.
“Elogio Ao Ócio”, do pensador britânico Bertrand Russell que é uma compilação de textos escritos por Russell sobre assuntos como trabalho, educação, comportamento, ele destrói a mentira fulcral da sociedade: “o trabalho dignifica o homem”. Mostra como essa falácia histórica contribuiu e digo eu, contribui, para o estado das coisas. O texto, escrito no início dos anos 30, soa talvez para alguns atemporal.
Podem alegar que o cenário analisado por Russell ainda se concentrava demasiadamente no trabalho físico, na produção de bens materiais, na incipiência da Revolução Industrial.
Bertrand mostra, já naquela época, como a jornada de trabalho (que chegava a 15 horas para um adulto na Inglaterra) poderia ser convertida para 4 hs. Como nos concentrávamos excessivamente no frisson em produzir bens inúteis e dispensáveis.
Em passagem desse livro seu, ele diz por exemplo que "Antes de mais nada: o que é trabalho? Há dois tipos de trabalho: o primeiro, alterar a posição de um corpo na ou próximo à superfície da Terra relativamente a outro corpo; o segundo, mandar outra pessoa fazê-lo. O primeiro tipo é desagradável e mal pago; o segundo é agradável e muito bem pago. O segundo tipo é capaz de extensão indefinida: há não somente aqueles que dão ordens, mas aqueles que dão conselhos sobre que ordens deveriam ser dadas. Geralmente dois tipos opostos de conselhos são dados simultaneamente por dois grupos organizados; a isto se chama política. A habilidade necessária a este tipo de trabalho não é conhecimento dos assuntos sobre os quais são dados conselhos, mas conhecimento da arte da fala e da escrita persuasiva, isto é, da propaganda.
Na Europa, mas não na América, há uma terceira classe de homens, mais respeitada do que qualquer uma das outras classes de trabalhadores. Há homens que, pela propriedade da terra, podem fazer outros pagarem pelo privilégio de poderem existir e trabalhar. Estes proprietários de terras são ociosos, e portanto se esperaria que eu os elogiasse. Infelizmente, a sua ociosidade se torna possível pelo trabalho de outros; de fato, seu desejo pelo ócio confortável é historicamente a fonte de todo evangelho do trabalho. A última coisa que eles desejariam é que outros seguissem o seu exemplo.
Ele também diz: "A técnica moderna tornou possível que o lazer, dentro de certos limites, não seja uma prerrogativa de uma pequena classe privilegiada, mas um direito distribuído equanimemente pela comunidade. A moral do trabalho é a moral de escravos, e o mundo moderno não precisa da escravidão.
A ideia de que os pobres devam ter lazer sempre foi chocante para os ricos. Na Inglaterra, no início do século dezenove, quinze horas era a jornada comum para um homem; algumas vezes crianças trabalhavam tanto quanto, e muito comumente trabalhavam doze horas por dia. Quando alguns intrometidos sugeriram que talvez estas horas fossem exageradas, foi-lhes dito que o trabalho afastava os adultos da bebida e as crianças da marginalidade. (…)
Se o trabalhador comum trabalhasse quatro horas por dia, haveria o suficiente para todos e não haveria desemprego – assumindo um moderado senso de organização. Essa ideia choca os abastados, porque eles estão convencidos de que os pobres não saberiam como usar tanto lazer. Nos Estados Unidos, os homens freqüentemente trabalham longas horas mesmo quando estão bem financeiramente; tais homens, naturalmente, se indignam com a ideia do lazer para assalariados, exceto na forma do cruel castigo do desemprego; de fato, eles não gostam de lazer nem mesmo para seus filhos. Estranhamente, enquanto querem que seus filhos trabalhem tão duro que não tenham tempo para serem civilizados, eles não se importam que suas esposas e filhas não tenham absolutamente nenhum trabalho. A inutilidade esnobe, que em uma sociedade aristocrática se estende a ambos os sexos, é, sob uma plutocracia, confinada às mulheres; isto, entretanto, não a torna mais sensata.
O uso sábio do lazer, deve-se conceder, é produto de civilização e educação. Um homem que tenha trabalhado longas horas a vida inteira fica entendiado se se torna subitamente ocioso. Mas sem considerável quantidade de lazer um homem é privado de muitas das melhores coisas. Não há mais nenhuma razão para que a maior parte da população sofra dessa privação; somente um ascetismo tolo, geralmente paroquiano, nos faz continuar a insistir em excessivas quantidades de trabalho agora que não há mais necessidade."
Bem, todos sabemos que passamos momentos difíceis de desemprego, e isso no mundo inteiro, e realmente famílias estão ajudando os seus da melhor forma possível. Sabemos também que é terrível um homem ou uma mulher não ter condições de sobreviver por falta de empregos, que lhes dignificam.
Essa é a realidade em qualquer forma de governo, não nos iludamos. O mundo de hoje concentra suas riquezas apenas às mãos de 1% de sua população.
Será isso justo?
A frase “ARBEIT MACHT FREI” - O trabalho liberta pode ser substituida por "DIE VERSKLAVT ARBEITEN" - O trabalho escraviza.