Lampião quando chegou na Bahia, não conhecia ainda o terreno
e escondeu provisoriamente seu tesouro na serra do Tonã. Enterrou-o em um saco
de couro e só mais tarde quando veio a conhecer melhor a região, esconderia
definitivamente tal tesouro, no Raso da Catarina, provavelmente dinheiro em cédulas de maior valor*, adotando o mesmo sistema que
usara no outro lado do rio São Francisco – botijas enterradas em pontos
diferentes para maior segurança.
Segundo a crendice popular, a botija enterrada quando o dono
morre, seu fantasma não encontra paz até ser encontrada e desenterrada. Os
moradores da região do Raso da Catarina dizem que Lampião galopa constantemente
em um cavalo branco, cantando “Mulher Rendeira” por trás dos serrotes, “aperreado”
por algumas botijas encontrarem-se ainda enterradas, ele vagueia em noites de
lua.
Ainda existe muita gente que sonha com as botijas de Lampião
nesse árido e esquisito local. Mas se você for “picado” pela mosca da botija, e
queira ir ao Raso da Catarina para encontrar e desenterrar esses tesouros
escondidos, não deixe de contratar um guia local e levar muita água, pois a
região é inóspita e ainda pode se deparar com os perigos de onças suçuarana e
cobras cascavéis em seu caminho.
* Quando Lampião conheceu o Coronel Petronildo de Alcântara, poderoso fazendeiro conhecido por Coronel Petro, apresentado pelo vigário de Glória, o padre Emílio Moura Ferreira, o coronel ficou bastante assombrado com a quantidade de dinheiro que Lampião lhe mostrou, só notas graúdas, afirmando que tinha trazido para a Bahia três coisas: fome, nudez e dinheiro. Como Petro era homem ganancioso, convidou Lampião para investir em sociedade, na compra de fazendas. Lampião satisfeito, passou às suas mãos aquela dinheirama toda.
Fonte: Padre Frederico Bezerra Maciel em seu livro "Lampião, seu tempo e seu reinado" livro 4 A Campanha da Bahia.