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segunda-feira, 14 de agosto de 2017

NEGROS DOS PONTÕES

NEGROS DOS PONTÕES OU DOS ESPONTÕES E A RELAÇÃO COM A CONFRARIA

Vídeo produzido por
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São três os grupos que compõem os eventos voltados aos festejos do rosário na cidade de Pombal, mas apenas . Pontões estão intrinsecamente ligados à Irmandade e à devoção ao rosário. O Reisado não é um grupo típico das festas dos Negros do Rosário. Câmara Cascudo, em seu Dicionário do folclore brasileiro, diz que Reisado é a denominação erudita para os grupos que cantam e dançam na véspera de dia de Rei. Em Pombal, o Reisado foi incorporado à Festa dos Negros do Rosário no inicio da década de 1960. Os Congos (Congo ou Congada) são danças cujo objetivo, assim como o Reisado, é celebrar as festas de Natal, de Reis e do Divino Espírito Santo, mas que também foi incorporado aos festejos de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito e, por fim, os Negros dos Pontões. Apenas esses últimos, Negros dos Pontões, ou dos Espontões, estão diretamente ligados à Irmandade dos Negros do Rosário, em todas as ocorrências no Brasil, e formam o único grupo a sair às ruas a partir do nono dia que antecede o domingo do encerramento da festa. É formado, desde a sua origem, por membros de uma mesma família: os Rufinos, que descendem de negros escravizados residentes originalmente na zona rural, em terras herdadas dos seus antigos senhores, o que reforça a hipótese de Manoel Cachoeira e Joaquina da Vassoura virem a ser do tronco da família RUFINO, hipótese que é comungada por João Coremas, que informou não ter chegado a conhecer os dois, mas que conviveu com Francisco Rufino, rei que sucedeu Manuel Cachoeira, provavelmente entre 1950 e 1952.

O povo de Pombal se costumou a chamá-los pela denominação Os Negros dos Pontões mas, segundo Câmara Cascudo, o correto seria Os Negros dos Espontões* e a Dança dos Espontões. A sua formação não tem um número Exato de pessoas, porém é o mais numeroso entre os três grupos, constituído apenas por homens. Exibem-se em dois cordões, encarnado e azul. Até o final da década de 1960, todos trajavam vestes brancas. O que diferenciava os cordões eram as cores dos lenços que os componentes traziam em volta do pescoço: azul e vermelho. Nos dias atuais, o grupo trajam chapéus de palha enfeitados com fitas coloridas, e nas mãos trazem lanças (pontões) terminados em maracás, enfeitados também com fitas multicoloridas. As lanças são para abrir caminho na multidão durante a procissão como para fazer as figurações na dança e marcar ritmo da música entoada por urna banda formada por um fole, pifano, prato, caixa, tambor e pandeiros. O grupo não canta.

Os Negros dos Pontões têm um caráter semelhante a um grupo militar, com a função de fazer o Cordão de Segurança e a guarda do Rei da Irmandade do Rosário durante a procissão. O chefe é chamado de Capitão dos Pontões e é o responsável por marcar o ritmo, tanto na música como na dança, que em sua encenação lembra uma batalha. Em Jequitibá - MG, o nome do grupo similar aos Negros dos Pontões de Pombal é Guarda de Nossa Senhora do Rosário. Lá eles usam lanças enfeitadas nas cores brancas e azuis, sem as fitas coloridas ou maracás nas pontas das lança, mas os passos de dança são idênticos aos de Pombal, com algumas outras coreografias mais. Já em Caicó, o grupo é denominado de Negros do Rosário, e as lanças se assemelham mais à ocorrência em Jequitibá, Minas Gerais.

Aos sábados os Negros dos Pontões costumam visitar casas e a feira livre para se exibirem e recolherem dinheiro para a manutenção da Irmandade dos Negros do Rosário.
A solicitação de dinheiro é feita com o componente colocando sobre a cabeça do feirante a lança enfeitada com fitas coloridas, agitando ritmadamente os maracás, até que a pessoa faça a doação ou simplesmente agradeça a gentileza.

No dia da Procissão, o grupo acompanha o Rosário e faz a proteção do Rei e da Rainha em silêncio, sem dançar e sem tocar as maracas, como se a preocupação única fosse a prontidão para a defesa da corte real.

* Espontão é uma meia lança usada pelos sargentos da infantaria francesa no século XVIII e com uso idêntico na Idade Média.

Do livro "A Irmadade dos Negros do Rosário de Pombal" de Jerdivan Nóbrega de Araújo

Em primeiro plano a Igreja do Rosário de Pombal-PB.
Foto J.Tavares de Araujo Neto

O amigo Jose Tavares De Araujo Neto escrevendo em sua página, no FB nos explica um detalhe histórico dessas duas igrejas.


POR TRÁS DE UMA BELA IMAGEM, HISTÓRIAS DE SANGUE E PRECONCEITO RACIAL QUE ENVERGONHAM POMBAL

Em primeiro plano a Igreja do Rosário de Pombal, também denominado Igreja Nossa Senhora do Rosário, fundada em 1721, que originalmente se chamou Igreja Nossa Senhora do Bom Sucesso.

Esta foi a forma que os colonizadores portugueses encontraram para homenagear Nossa Senhora do Bom Sucesso, santa da Igreja católica, que jogou suas bênçãos para que os bandeirantes, sob o comando do capitão-mor Teodósio de Oliveira Ledo, chacinassem toda uma tribo indígena que morava no lugar.

Ao fundo, a atual Igreja Nossa Senhora do Bom Sucesso, fundada em 1872, que foi construída para substituir a antiga, em represália à decisão do bispo de Olinda, que autorizou que os negros pudessem frequentar a primeira.

Esta foi a forma que a elite branca de Pombal encontrou para respeitar a decisão soberana do bispo sem ter que passar pelo constrangimento de se misturar com os negros.

Tende piedade de nós!