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sábado, 1 de março de 2025

Resumo do livro "Cangaceiros Envultados, A Crendice Popular como Registrada" de Raul Meneleu

Resumo do livro "Cangaceiros Envultados, A Crendice Popular como Registrada" de Raul Meneleu  
Raul Meneleu, em "Cangaceiros Envultados, A Crendice Popular como Registrada", investiga a interseção entre história e folclore no Nordeste brasileiro, focando nos cangaceiros — figuras históricas como Lampião, transformadas em mitos pela imaginação popular. O livro explora como esses bandidos, muitas vezes violentos, foram elevados à condição de heróis ou entidades sobrenaturais, refletindo tensões sociais e aspirações coletivas de comunidades marginalizadas.  

Contexto e Transformação Mítica  
A obra situa os cangaceiros no cenário árido e desigual do sertão do século XIX e XX, destacando sua dualidade: criminosos para as elites, mas símbolos de resistência para o povo. Meneleu analisa como lendas atribuíam a eles poderes invulgarmente, como invulnerabilidade a balas ou pactos com o diabo, transcendendo sua humanidade. Essas narrativas, muitas vezes disseminadas por literatura de cordel e relatos orais, serviam tanto para explicar sua resistência quanto para criticar estruturas opressivas.  

Crenças Sobrenaturais e Tradição Oral
O autor detalha superstições como a ideia de que os cangaceiros escondiam tesouros protegidos por assombrações ou que seus espíritos vagavam pelo sertão. Essas crenças, enraizadas no sincretismo religioso (misturando catolicismo e tradições indígenas/africanas), eram perpetuadas por "beatos" e repentistas. Meneleu destaca o papel da oralidade na preservação desses mitos, mostrando como histórias transmitidas geracionalmente humanizavam figuras históricas, integrando-as ao imaginário coletivo.  

Cultura como Resistência e Identidade  
A obra argumenta que a mitificação dos cangaceiros representou uma forma de resistência cultural, convertendo opressão em narrativas de bravura e justiça. Ao examinar fontes como folhetos de cordel, relatos orais e manifestações artísticas, Meneleu demonstra como esses mitos reforçaram a identidade nordestina, oferecendo uma leitura alternativa da história oficial.  

Conclusão e Abordagem Interdisciplinar  
Com uma abordagem interdisciplinar — mesclando história, antropologia e literatura —, Meneleu conclui que os cangaceiros "envultados" (envoltos em mitos) revelam mais sobre as dinâmicas sociais do que sobre os indivíduos em si. O livro destaca a capacidade do folclore em ressignificar o passado, transformando figuras controversas em emblemas de resistência e pertencimento, essenciais para compreender a complexidade cultural brasileira.