Pancho Villa Lampião
A história nos mostra tantas estórias de pessoas destemidas e violentas que ao entrarem na política, tornaram-se ídolos para os pobres. Por exemplo, Francisco (Pacho) Villa foi fugitivo da justiça, por mais da metade de sua vida, ladrão de estradas e de gado. Uma pessoa que mal sabia ler e escrever, mas que tornou-se governador de Chihuahua, no México, fundou mais 50 escolas para os filhos dos mexicanos pobres e tornou-se querido pelos campesinos. Através de seus roubos criou uma grande rede de contrabando a serviço de uma revolução. Era um homem tão odiado que o mataram com mais de 150 tiros.
Pancho Villa e seus sequazes
Pancho Villa e seus sequazes
A realidade mexicana é diferente da brasileira, apesar de também termos origens europeia, indígenas e africanas, a proporcionalidade dos povos difere bastante. O México é mais indígena do que o Brasil, que é mais negro.
Outra dificuldade de compreensão é a própria heterogeneidade da realidade mexicana, enquanto no sul os camponeses lutaram para garantir a posse de suas terras coletivas, no norte a luta esteve centrada na reforma agrária e na divisão dos latifúndios para os trabalhadores. Além das diferenças regionais, saltam aos olhos as relações estabelecidas entre as forças políticas no contexto da Revolução.
Este fato se reflete na resistência dos dois povos, no sul do México o exército camponês, liderado por Emiliano Zapata, combateu a expropriação das terras comunais, herança dos povos indígenas. No Brasil a existência deste tipo de terras não é comum, pois sempre teve 'dono' se bem que arrendassem aos lavradores pobres em sistemas de cotas.

LAMPIÃO E SEUS CANGACEIROS
No caso de Lampião, ele não tinha motivação política para combater as forças públicas representadas pela Polícia Militar. Mas Getúlio Vargas, um caudilho acostumado na lida com o povo, sabia que isso poderia descambar para um movimento de massas, que seria quase impossível ser combatida, pois as estratégias dos cangaceiros fundava-se na luta de guerrilhas, atacando onde não esperavam e o aprendizado da derrota do ataque cangaceiro à cidade de Mossoró no Rio Grande do Norte, seria visto como "lição aprendida".
O governo Getulista não poderia se dar ao luxo de aceitar com tranquilidade esse movimento pois governos passados já tinham como "lição aprendida" o ataque a Canudos, onde foi preciso desprender maior contingente e força. Vejamos que os fanáticos de Antônio Conselheiro não tinham esse poderio bélico todo, assim como Lampião e seus cangaceiros, que possuíam armas mais modernas da época e sua munição era sempre nova.
Estava se tornando perigoso, pois Lampião cada vez mais se aproximava da política e mesmo sendo contestado pelos comandantes das principais forças dos estados, poderia iniciar um movimento de contestação maior, onde envolvesse a luta campesina de reforma agrária. Próximo a Lampião, já tinha pessoas esclarecidas, como o Mascate Líbio Benjamim Abraão, que bem poderia abrir os olhos mais ainda de Lampião para a política. O próprio Lampião já se arvorava em Governador do Sertão. Só estava faltando sua formação política e isso poderia se dá se não tivesse sido morto no sertão sergipano.