O jornalista e professor Luiz Antônio Simas conta-nos uma historia a respeito da Entidade Seu 7 da Lira, que encorporava na médium Cassilda de Assis e que abaixo, os amigos poderão ver algumas imagens em forma de documentário, trabalho do Núcleo de Estudos da Tenda de Umbanda Filhos da Vovó Rita sobre a ilustre médium e sacerdote de Umbanda que dedicou uma vida ao Seu 7 da Lira.
O professor Simas nos diz: Conheço poucos fuzuês brasileiros que se comparem ao que acontecia, na década de 1970, em Santíssimo, pertinho de Bangu. Em um galpão transformado em terreiro de umbanda, a médium Cacilda de Assis recebia Seu Sete da Lira, um exu fuzarqueiro e sedutor.
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Os leitores imaginem o furdunço: Chacrinha e Flávio Cavalacanti entrevistavam Seu Sete da Lira enquanto a curimba comia solta. Consta que câmeras, assistentes de palco, chacretes e mulheres da plateia recebiam entidades e davam passes via satélite.
Resultado da brincadeira: Os homens do regime militar interferiram no babado, a Globo e a Tupi tiveram que assinar um acordo de auto-censura e os milicos baixaram um decreto de censura prévia aos programas ao vivo. Criou-se um órgão federal controlador da umbanda e o governo abriu uma sindicância que culminou com o fechamento do terreiro e o fim da carreira de Dona Cacilda, sob acusação de exploração da crendice popular e propaganda do charlatanismo.
Correu à boca miúda que o verdadeiro motivo da cassação do exu teria sido outro. A primeira-dama do país, Cyla Médici, teria rodado na canjira e recebido Seu Sete enquanto assistia ao programa do Chacrinha, chegando a pedir cachaça e dar consultas para os empregados da residência oficial do governo.
Acho, por tudo isso, que os estudiosos da ditadura deveriam incluir o Rei da Lira na lista dos cassados. A dupla dinâmica Seu Sete e Abelardo Chacrinha foi demais para os sisudos censores e os carrancudos militares. Nem a esquerda, com seus materialismos importados da Europa, entendeu. O Brasil, todavia, desafiador em suas subversões pela festa, estava inteirinho ali.
Contadas por Luiz Antônio Simas
segunda-feira, 31 de março de 2014
A PELEJA DE SEU SETE CONTRA O GENERAL
Texto publicado originalmente no jornal O Dia, de 30/03/2014)