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domingo, 24 de julho de 2016

São tempos que não voltam mais!

Hoje levantei com o som do rito cadenciado e dolente do Maracatu Az de Espadas de Fortaleza, cuja Rainha por longos anos foi o Professor Benoir, diretor do antigo Ginásio Aluno João Nogueira Jucá, ou simplesmente como era conhecido em todo o Mucuripe como a escola do Padre Zé Nilson, fundador da mesma.


Cedinho ia para a Avenida Dom Manoel e sentava-me na coxia da calçada esperando que os principais atores do grande maracatu, passassem gingando graciosamente pelos meus olhos de menino. 

Aguardava ansioso para ver meu professor, travestido de Rainha Negra africana, balançar-se "pra cá e pra lá", graciosamente abanando-se com seu majestoso leque branco, com pedrinhas brilhantes faiscando para uma platéia compenetrada de admiradores. Seu Rei, gingando em seu redor, em passos firmes arrodeando sua rainha, como para protege-la.

Sim, hoje acordei pensando nesses grandes momentos do carnaval de rua de minha Fortaleza querida. E para o Maracatu e sua grande Rainha, fiz esse poema saudoso:

São tempos que não voltam mais!
Por isso não os esqueço jamais.
É na batida do tambor,
Que viajo com meu amor,
Procurando pedras brilhantes,
Que meu coração desejou.

São tempos que não voltam mais...
Por isso não os esqueço jamais.
Na cantoria do Maracatu,
Eu vi a Rainha Negra gentia,
Abanar-se com seu leque branco,
Que fazia emocionar de alegria.

São tempos que não voltam mais!
Por isso não os esqueço jamais.
Negros e Índios irmanados,
Contra a escravidão,
Eram tempos afortunados,
Que agora não voltam não.

São tempos que não voltam mais...
Por isso não os esqueço jamais.
São tempos que não voltam mais!
Por isso não os esqueço jamais.

Leva pras ondas do mar,
Todo o mal que aqui possa estar,
Leva pras ondas do mar,
Todo o mal que aqui possa estar.
São tempos que não voltam mais...
Por isso não os esqueço jamais.
São tempos que não voltam mais!
Por isso não os esqueço jamais.

São tempos que não voltam mais...

Nota: O Maracatu Cearense é diferente do Maracatu Pernambucano, é uma homenagem aos antigos escravos africanos (muito depois é que entraram os índios) e é também tradição que faz parte do carnaval local de Fortaleza.