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quarta-feira, 16 de março de 2016

VOLANTES caçadoras de cangaceiros X PM atual - Comparativo

A aqueles que lerem esse artigo, quero dizer que tanto os cangaceiros do passado quanto os bandidos atuais, foram e são pessoas violentas e que não se pode combate-los com palavras e sim com a força da lei, usando para isso de armas letais. 

Quero aqui fazer um comparativo, do comportamento de pessoas dentro das comunidades, nos tempos dos cangaceiros e comunidades atuais, em relação às forças públicas que combatem o banditismo.

Não critico. Apenas avalio o comportamento daqueles que se encontraram e se encontram espremidos entre essas duas forças.

As Volantes eram grupos de soldados ou contratados que percorriam as caatingas em busca de grupos de cangaceiros. Alguns ficaram famosos por sua perversidade contra civis.



Dentre as Volantes famosas temos a do mais perigoso e valente matador de cangaceiros, Zé Rufino.




Pertences e cabeças dos cangaceiros Mariano, Pai Veio e Pavão (Em outras fotos, Pavão foi identificado como Zeppelin), mortos em combate no local chamado Cangaleixo (SE), pela volante Baiana de José Rufino, em 1936.




Força volante de Alagoas, comandada pelo sargento Aniceto, trazendo como troféu a cabeça do cangaceiro Pontaria. Alagoas/1938. As volantes usavam trajes semelhantes ao dos cangaceiros.

Meninos de 15 e 16 anos faziam parte da volante conhecida como Nazarenos. Eram chamados assim por morarem na Vila de Nazaré (PE). Maiores perseguidores do bando de Lampião.

A mistura entre bandidos e soldados era e ainda é muito grande na cultura popular, o que pode explicar pelo fato de que bandidos e soldados são, ambos, indivíduos deslocados. Esse deslocamento os levam a pertencer simultaneamente a diferentes grupos, cujas relações foram historicamente marcadas pela dominação de um sobre o outro. 

Assistimos, então, a uma "guerra de lugares", sobretudo em tempo de seca e miséria, quando os soldados ganhavam mais ao se tornarem cangaceiros que ao continuarem policiais. Conhecendo o ódio e o desprezo que os sertanejos alimentam contra a polícia, em particular, e contra as "autoridades", em geral, essa mutação social era carregada de conseqüências e, em relação à população, não era neutra nem inocente. 

Um dos exemplos mais demonstrativos é o de Jararaca, ex-policial que se tornou cangaceiro: "Vira-folhas. Houve soldados que se fizeram cangaceiros, como Vicente José dos Santos; e cangaceiros que se fizeram soldados, como Quelé" 

Existe uma grande diferença entre a violência e a crueldade de uns e de outros, disse uma testemunha dessas atrocidade. "Os cangaceiros, sempre em movimento, matavam rapidamente suas vitimas; já os macacos, protegidos na cadeia ou nas cidades... que Deus os perdoe!... tinham o tempo de fazer durar o sofrimento!"


A história da cangaceira Otília, contada por ela e por Dadá, como também por Amaury Corrêa de Araújo, foi confirmada pelo vaqueiro Seca do Brejo, na Missa do Vaqueiro (Serrita, PE), em julho de 1989. 

A cangaceira Otília, presa em Jeremoabo, na Bahia, foi estuprada durante muitas semanas. Otília, a companheira de Mariano, "quando ficou presa em Jeremoabo, era retirada à noite da cadeia e tinha que 'servir' aos companheiros dos seus raptores"; lá pela madrugada, após terem batido e humilhado a pobre coitada, os macacos jogavam a cangaceira na cela, abandonando-a no chão, como um bicho espantado.

O destino das cangaceiras capturadas era pior que o das vítimas dos cangaceiros. A polícia, ao contrário dos cangaceiros, "não respeitava nem mesmo os cadáveres" - (Daniel Lins, Lampião: o homem que amava as mulheres).

Muitos são os casos de atrocidades perpetradas pelos comandantes e seus soldados, em busca de obterem informações dos cangaceiros. Basta dizer que usavam do artificio da tortura e foi nos últimos momentos de Lampião que essa tortura foi utilizada quando foram arrancadas unhas do coiteiro Pedro de Cândido. (Alcino Alves - Lampião Além da Versão)

Muitos e muitos casos de perversidade poderiam aqui ser citados. Isso fazia que a população sertaneja, vivesse amedrontada com as forças policiais as quais os cangaceiros apelidaram de "macacos" e só mantivesse respeito por eles na presença ameaçadora das armas. Preferiam muitas vezes ter tratos com os cangaceiros.

Nesses tempos atuais, acontece no seio da população o mesmo receio pela Polícia Militar, pois abaixo como veremos, os motivos são os mesmos: Violência, falta de respeito pela própria lei que representam e corrupção. Vejamos em artigos de meios noticiosos e como exemplo, a PM do Rio de Janeiro, cujos links direcionam para tais:

POLÍCIA ATUAL

Dois terços da população tem medo de sofrer agressão da PM - Levantamento do Fórum de Segurança Pública ouviu 1,3 mil pessoas em cidades com mais de 100 mil habitantes, conforme reportagem da Gazeta do Povo a respeito do texto publicado na edição impressa de 01 de agosto de 2015.

Quase dois terços dos moradores de cidades com mais de 100 mil habitantes têm medo de sofrer agressão da Polícia Militar, segundo pesquisa encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública ao Datafolha.

Levantamento semelhante realizado pelo mesmo instituto, em 2012, revelava que 48% dos entrevistados tinham esse temor, percentual que cresceu para 62% na nova pesquisa. Foram ouvidas 1,3 mil pessoas em 84 municípios brasileiros. A margem de erro é de três pontos percentuais.


Jovens, pobres, negros e moradores do Nordeste formam o perfil daqueles que mais têm medo da PM. O levantamento apontou, ainda, que 81% dos entrevistados temem ser assassinados. É um índice maior do que o registrado em 2012, quando 65% relataram o temor de serem mortos.

POLÍCIA MILITAR DO RIO DE JANEIRO

Malvistos pela população e caçados pelos criminosos, os policiais militares do Rio de Janeiro estão abalados como soldados em guerras e mais suscetíveis a cometer erros fatais. Esse é um artigo de HUDSON CORREA E RAPHAEL GOMIDE em 04/02/2016 na revista semanal ÉPOCA.

Só no primeiro semestre de 2015, policiais das UPPs do Complexo do Alemão e da Penha estiveram envolvidos em 260 tiroteios, mais de um por dia. Na favela Nova Brasília, o clima entre policiais e moradores é de animosidade. A polícia é tratada como mais um inimigo, não um aliado.

É comum entre os PMs a percepção de que a população sente medo, repulsa e até certo desprezo por eles, como mostra a pesquisa UPPs: o que pensam os policiais, feita recentemente pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes. Para a maioria dos policiais entrevistados, os sentimentos dos moradores em relação a eles são de ódio, raiva, aversão, desconfiança, resistência e medo. 

Barbaridades cometidas por alguns PMs ao longo dos anos, como tortura, agressões, execuções de inocentes e fraudes para camuflar assassinatos a sangue-frio, criaram essa rejeição em parte da população. Para ficar em um exemplo rumoroso, desde julho de 2013 não se sabe o que aconteceu ao pedreiro Amarildo, que desapareceu depois de ser levado para a sede da UPP da Rocinha. Vinte e cinco policiais da unidade são acusados de participar da tortura, morte e do sumiço do corpo. 

PM do Rio precisa ser pacificada, diz promotor
Para Paulo Roberto Cunha, da Auditoria Militar, polícia deve ter mais mecanismos de controle, treinamento e fiscalização.

“A questão fundamental é o controle da atividade policial com devido treinamento, a fiscalização do Ministério Público e a atuação do Poder Judiciário”, disse o promotor de Justiça da Auditoria Militar Paulo Roberto Cunha Júnior. Ao lado da juíza estadual Patrícia Acioli, Cunha investigou dezenas de homicídios cometidos por policiais militares em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Em represália às investigações, em agosto de 2011, dois policiais militares assassinaram a juíza na porta de casa, com 21 tiros. Segundo o promotor, o Estado falha em treinar bem policiais e coibir os abusos da PM que vêm à tona desde a década de 90. “Não se pode falar verdadeiramente em segurança pública, se a própria polícia incide na prática de crimes gravíssimos”, disse.

Instrutores do curso de formação preparam os alunos para o pior em termos de autoestima. “Ninguém gosta de você, só seu cachorro!”, diz o instrutor, aos gritos. “A cidade vai odiar você: o porteiro te dá café, a moradora oferece um lanche à tarde, mas todo mundo te odeia, só dá porque você está de farda.” Em vez de aprender o convívio com a sociedade, o policial sai preparado para o confronto. “A PM não é feita para matar, não deve matar, a não ser em absoluta defesa pessoal ou de terceiros”, diz o coronel Robson Rodrigues, até dezembro chefe do Estado-Maior da corporação. “Mas morremos muito e matamos muito.” O Brasil é um dos países com o maior número de policiais mortos em confronto. Em 2014, último ano disponível na estatística, 352 policiais foram mortos no país – só para comparar, foram 96 nos Estados Unidos e apenas oito no Reino Unido. Segundo um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Rio de Janeiro  é o Estado com o maior número de policiais assassinados em confrontos, com 93 em 2013 e 95 em 2014.

Dessa forma vemos que a questão de conduta de determinados policiais não mudou muito daqueles do tempo do cangaço, a não ser em armamentos mais modernos. Sabemos que a sociedade necessita e muito, ter forças de repressão ao banditismo. Aqui cabe a máxima: é preferível ter que não ter.

Acontece que os governos atuais, mesmo preocupados com a violência, não investem em muitos recursos para a formação policial no trato com as comunidades. 

Nessa reportagem da Revista Época, vemos uma policial, a Capitã Bianca, que perdeu o marido, também policial, o capitão da PM Uanderson Silva, que foi morto aos 34 anos durante um confronto com traficantes no Complexo do Alemão, tentar investir no social e vir a sentir o clima entre policiais e moradores, que é de animosidade. 

A polícia é tratada como mais um inimigo, não um aliado. Para amainar a situação, no passado a Capitã Bianca considerou criar um programa de distribuição de presentes no Dia das Crianças. Mas o projeto minguou, segundo ela, pela resistência da população local. “Sentia o medo das crianças em falar comigo”, diz. “Elas crescem com a visão de que o policial é violento.” 

Dessas considerações vemos que os policiais vivem em uma fronteira de violência, e em osmose absorvem a tal.

Quando teremos uma polícia eficiente no trato com os cidadãos em usar a mão pesada da lei, obedecendo a essa com justiça? 

Respondo: Quando mudarmos a formação dos programas preparatórios e darmos condições psicológicas, sociais e materiais àqueles que vestem uma farda, ou não, para proteger os cidadãos e ter respeito por eles.