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quarta-feira, 9 de setembro de 2015

FRANCISCO MENELEU - O Guerreiro do Tempo

Ao ser preso juntamente Com vários companheiros, foram recebidos por um "Corredor Polonês" onde a soldadesca brandia os famosos sabres "Rabo de Galo" e batiam com sadismo nos presos que corriam em direção ao "tintureiro" que os aguardava no fim da fila, para leva-los à Escola de Artífices de Natal, capital do Rio Grande do Norte.

Foi assim que começava aos 18 anos o jovem Francisco Meneleu, gráfico que participara da impressão do "A Liberdade", o jornal que divulgou o ideário do Levante Comunista de 23 de novembro de 1935, sua odisseia nas masmorras da ditadura Vargas. Na data era 27 de novembro 1935, foi preso na modesta pensão em que residia e junto com ele, agora na cadeia, centenas de revolucionários civis e militares. 

Ao ser transferido para a cadeia pública de Mossoró, ali nos Paredões, continuou a desenvolver trabalhos de conscientização para si e para os que ali estavam com ele, revolucionários também. O trabalho continuava, era uma pequena célula organizada que deu outra feição pelo modelo operário de organização que passou a ter naquele local. O movimento organizado por ele dentro desta prisão gerou inclusive empregos para detentos comuns.

Tinha o respeito dos companheiros que ali estavam, bem como dos administradores do presídio. 

Esse livro de memórias lembra-me rascunhos seus que passou a mim, onde iniciava com a frase: 

"Hoje eu acordei revoltado e com vontade de falar!" 

Falava das injustiças dos homens. Mas também falava dos companheiros com boas lembranças e lembrava as lutas pela liberdade; lembrava os momentos em que encarcerado passou a conhecer e a ter respeito pelos que estavam à frente do ideário do Levante Comunista; lembrar e falar para ninguém esquecer desses Revolucionários Potiguares que já caíram vencidos pelo tempo. Lembrar também que teria de continuar com coragem para resistir. 

Hoje, aos 88 anos, está resistindo contra mais esse, carrasco que o quer levar às masmorras do hades

Francisco Meneleu, um guerreiro do tempo. Faz-me lembrar um "Hilander" Só resta um. Sim, só Ele vivo, dos que participaram no Rio Grande do Norte da Revolução Comunista de 1935.

A Ele dedico respeito, consideração e amor. 
                                                     
Raul Meneleu 

Tive o privilégio de somar meu nome ao do autor em ato de entrega total, como filho amado por ele e o fiz em 19 de março de 2006, dia de São José, data em que nasci e recebi o nome Raul, em memória de um grande amigo seu chamado Raul Caldas. 


Nessa orelha de livro resumi minha admiração por esse grande homem que veio a falecer em 18 de janeiro de 2008 na cidade de Fortaleza, capital do Ceará.