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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Lampião seria eleito Governador do Sertão?

                                                                                 Pancho Villa                            Lampião
A história nos mostra tantas estórias de pessoas destemidas e violentas que ao entrarem na política, tornaram-se ídolos para os pobres. Por exemplo, Francisco (Pacho) Villa foi fugitivo da justiça, por mais da metade de sua vida, ladrão de estradas e de gado. Uma pessoa que mal sabia ler e escrever, mas que tornou-se governador de Chihuahua, no México, fundou mais 50 escolas para os filhos dos mexicanos pobres e tornou-se querido pelos campesinos. Através de seus roubos criou uma grande rede de contrabando a serviço de uma revolução. Era um homem tão odiado que o mataram com mais de 150 tiros.
 
                          Pancho Villa e seus sequazes
A realidade mexicana é diferente da brasileira, apesar de também termos origens europeia, indígenas e africanas, a proporcionalidade dos povos difere bastante. O México é mais indígena do que o Brasil, que é mais negro.
 
                                                        
Este fato se reflete na resistência dos dois povos, no sul do México o exército camponês, liderado por Emiliano Zapata, combateu a expropriação das terras comunais, herança dos povos indígenas. No Brasil a existência deste tipo de terras não é comum, pois sempre teve 'dono' se bem que arrendassem aos lavradores pobres em sistemas de cotas.
 
Outra dificuldade de compreensão é a própria heterogeneidade da realidade mexicana, enquanto no sul os camponeses lutaram para garantir a posse de suas terras coletivas, no norte a luta esteve centrada na reforma agrária e na divisão dos latifúndios para os trabalhadores. Além das diferenças regionais, saltam aos olhos as relações estabelecidas entre as forças políticas no contexto da Revolução.
 
LAMPIÃO E SEUS CANGACEIROS
 

No caso de Lampião, ele não tinha motivação política para combater as forças públicas representadas pela Polícia Militar. Mas Getúlio Vargas, um caudilho acostumado na lida com o povo, sabia que isso poderia descambar para um movimento de massas, que seria quase impossível ser combatida, pois as estratégias dos cangaceiros fundava-se na luta de guerrilhas, atacando onde não esperavam e o aprendizado da derrota do ataque cangaceiro à cidade de Mossoró no Rio Grande do Norte, seria visto como "lição aprendida".

 O governo Getulista não poderia se dar ao luxo de aceitar com tranquilidade esse movimento pois governos passados já tinham como "lição aprendida" o ataque a Canudos, onde foi preciso desprender maior contingente e força. Vejamos que os fanáticos de Antônio Conselheiro não tinham esse poderio bélico todo, assim como Lampião e seus cangaceiros, que possuíam armas mais modernas da época e sua munição era sempre nova.

Estava se tornando perigoso, pois Lampião cada vez mais se aproximava da política e mesmo sendo contestado pelos comandantes das principais forças dos estados, poderia iniciar um movimento de contestação maior, onde envolvesse a luta campesina de reforma agrária. Próximo a Lampião, já tinha pessoas esclarecidas, como o Mascate Líbio Benjamim Abraão, que bem poderia abrir os olhos mais ainda de Lampião para a política. O próprio Lampião já se arvorava em Governador do Sertão. Só estava faltando sua formação política e isso poderia se dá se não tivesse sido morto no sertão sergipano.