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terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Comentários ao livro Apagando o Lampião

Mesmo com as críticas contundentes dos amigos pesquisadores, autores de livros e documentaristas, a Frederico Pernambucano de Mello sobre a questão de quem matou Lampião, não podemos desmerecer os esforços deste grande pesquisador conhecido por todos nós.

Quando você começa a ler o livro não quer parar, porque as frases borbulhantes da mente maravilhosa deste Grande Professor, soam como música aos nossos ouvidos.

Por exemplo, quando chegamos à página 15, ele mostra que existem escritos valiosos da maioria dos escritores, mas que deixam em aberto boa parte do complexo de causas, sociais, econômicas, políticas e até tecnológicas que construíram para o grande desfecho de 1938 na grota do Angico.

Isso me lembrou nosso famoso escritor Sergipano Alcino Costa, que em um dos seus livros, mostra os mistérios que aconteceram neste desfecho, onde foi morto o cangaceiro mais famoso da história desta Saga Nordestina.

Mostra-nos Frederico Pernambucano de Mello, que escrever sobre Lampião, sobre todos os fatos que envolveram o rei dos cangaceiros, torna-se em determinados momentos, nos assuntos específicos, uma armadilha para o pesquisador. E diz " que cada tópico do episódio que cor o mundo afora se abre em armadilha para o pesquisador a ponto de nos trazer à mente verso com que outro repentista extraordinário, Pinto do Monteiro, converteu para si mesmo na imagem do perigo, fazendo uso de cores sertanejas quando improvisou:

Eu sou um pé de Cardeiro
Na beirada do Riacho,
Com um Arapuá por cima
E um rolo de cobra embaixo,
Mangangá se arranchando:
Só vem a mim quem for macho!

Com isso o autor prestigia aqueles escritos mais importantes que foram feitos por outros. Ele diz textualmente "O quadro é preciso nas tintas. Reproduzi-lo aqui vale por homenagem deliberada do autor deste livro, àqueles que se debruçaram sobre o tema com a coragem de enfrenta-lhe a complexidade, arrostando paixões que se inflamam a cada ano decorrido do acontecimento. Paixões que, longe de arrefecer, parecem cristalizar-se em desafio permanente, convertendo o tema em Campo Minado.
A despeito do comentário, tivemos o cuidado de não fazer tábua rasa de nenhuma destas fontes escritas, do que dá prova a bibliografia ao final. A todas analisamos demoradamente. Demora de anos. As obras que chegaram ao "cardeiro" e as que deste sequer se aproximaram."

E para concluir apenas a parte inicial do livro, antevendo a querela mais importante, ele diz: "Não nos surpreendem as dificuldades enfrentadas por seus autores. Afinal, debruçaram-se sobre um mito em vida, que a morte não fez senão ampliar. Dos mais completos exemplos do processo psicológico de sublimação de perfil humano que o Brasil pode ver em sua história, esse de Lampião."

Depois posto outros comentários, se não me der preguiça, pois só escrevo quando dá vontade. Mas... o "cardeiro" (para um bom entendedor uma palavra basta) enfrenta sem temor defender sua tese com argumentos. E doa em quem doer!