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segunda-feira, 20 de junho de 2016

Firmes, sempre. Violentos, nunca!

Um dos maiores desafios da Segurança Publica desde sempre é a abordagem praticada em ações efetuadas. Não há como considerar normal a violência gratuita por vezes praticada. Mas, também não é possível entender essa atividade crucial para que a tranquilidade da população esteja garantida sem que haja firmeza na forma de atuar das polícias.

Por isso, que uma morte ocorrida em uma abordagem policial tem que ser investigada de forma séria, impassível, inabalável. Porque se isso não ocorrer e os eventuais culpados não forem condenados pelo uso excessivo de força que resulta na perda de uma vida, todo o trabalho sério praticado pelo restante da força de segurança poderá ser contestado. 

E aí viveremos o pior dos mundos, já que dados comprovam que os casos em que os policiais se excedem são em menor número do que as atuações corretas. Mas, se os desequilíbrios das polícias não forem exemplarmente punidos, os que trabalham de forma correta serão, esses sim, condenados pela sociedade. 

Em um caso reportado nesta edição do Cinform, essa dubiedade é exposta de forma cruel: em uma blitz, uma motocicleta com dois jovens não obedece a ordem de parada. Um policial saca sua arma, atira e atinge o carona. Segundo todos os indícios, esse jovem, que faleceu devido ao tiro recebido, era trabalhador, do bem e inocente. Já o jovem que conduzia a moto era um infrator contumaz, que veio a óbito algum tempo depois. 

Fica claro que houve despreparo na conduta do policial ou da equipe que realizava a blitz. Porque se a abordagem fosse de outra forma, com perseguição e apreensão dos dois, seria possível identificar que, dentre eles, "devia" algo a ponto de não parar o veículo, e o outro seria encaminhado para a sua família, são e salvo, ainda que merecesse uma chamada de atenção por andar em companhia de um jovem infrator. 

Mas, a atitude foi impensada, gerando uma tragédia familiar que, seguramente, não cicatrizará jamais, nem mesmo no caso da Justiça ser feita, já que o jovem não voltará para casa mesmo com a prisão do policial acusado do crime. Só que, nessa possibilidade, do culpado ser efetivamente punido, haverá a sensação de que a Justiça foi feita. E isso é muito importante não só para a família, para quem um julgamento justo servirá de alento. Mas, também para a sociedade, que perceberá que as forças policiais não estão acima do bem e do mal. 

E, finalmente, um julgamento que puna quem errou, servirá também para as forças policiais atentarem ainda mais para a sua forma de atuação. Porque ninguém quer ou precisa de uma polícia insossa, sem firmeza e determinação. Mas, a ninguém interessa também uma polícia que primeiro mate e só depois busque as respostas para a elucidação de possíveis crimes.

Se os desequilíbrios das polícias não forem exemplarmente punidos, os que trabalham de forma correta serão, esses sim, condenados pela sociedade.

Editorial do jorna CINFORM ano 33 edição 1732 - 20 a 26 de junho de 2016