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domingo, 13 de março de 2016

Cangaceiros e Volantes - Violência latente

A história do cangaço é rica em acontecimentos que mostram que o sofrimento sempre estava em maior quantidade nos braços da população sertaneja, perdidas nas pequenas cidades, vilas e povoados do agreste nordestino, onde eram espremidos entre as volantes e os cangaceiros, todos sedentos de sangue e mentes fartas de maldade.

Quando Lampião andava pelo mundo, com certeza não tinha sido o Bom Deus dos Céus, que o tinha colocado por aqui, e muito menos mandado  Zé Rufino, o maior caçador de cangaceiros com suas tropas, pois eram cobras e escorpiões, quando enfezados, usavam de todo o poder de suas peçonhas para azucrinarem a vida do sertanejo das caatingas.

Muitos ocorridos terríveis foram obras das Volantes que em sua busca insana de matar e cortar a cabeça de cangaceiros, desprezavam a lógica e quando entravam nos povoados e cidadezinhas, faziam coisas piores que Lampião e seus facinorosos companheiros.

Em um relato de um desses malfeitos das Volante, temos o que se deu com a Volante de Zé Rufino, onde temos o seguinte histórico em que estavam no rastro de Lampião e seu bando, pega não pega, e o Rei dos Cangaceiros, sempre andando na frente e sabendo dos passos da volante. 

Estavam em Sergipe, onde Lampião tinha total apoio e uma grande rede de coiteiros e sentia-se muito a vontade nos coitos da região de Poço Redondo, Sergipe. Quem nos oferece esse histórico, é Alcino Alves Costa, em capítulo de seu livro "Mentiras e Mistérios de Angico" sob o título "Fogo da Laginha na Lagoa do Domingo João"

Pois bem, Zé Rufino em sua tenacidade, quando chegava nos locais que os cangaceiros haviam se arranchado, só encontrava os restos de comida e pontas de cigarro, capim deitado e amassado e isso fazia que ficasse cada vez mais desconfiado que tinha gente na frente deles "avisano os cangacero". 

Desanimados e com raiva, entraram no povoado e aborrecidos encontram um idoso de nome Trancolino, e o espancaram sem motivo nenhum, depois obrigaram dois rapazes a fazerem uma corrida e o perdedor levou uma forte sova, e não se dando por satisfeitos colocaram dois irmãos para brigarem, obrigando-os a esmurrarem-se e como recompensa cada um levou uma bofetada de cada soldado da Volante. 

Os habitantes do povoado sem compreenderem essas absurdas atitudes em que Zé Rufino nada fazia para para-los. Era assim naqueles tempos de aflição; de um lado os cangaceiros, do outro as volantes, e imprensado estavam os sertanejos.