CAUSOS DO CANGAÇO: Briga de cangaceiros acaba em rosto colado
No sexto centenário da morte de Lampião a Empresa Sergipana de Turismo e a Prefeitura de Canindé de São Francisco programaram um encontro de estudiosos do cangaço , o I Seminário sobre a História do Cangaço.
Grota do Angico
Na Grota do Angico foi celebrada missa pelos 60 anos da morte de Lampião, Maria Bonita e nove "cabras".
O padre Eraldo Cordeiro, nesse episódio, tascou a frase "Covardes não entram para a história", isso diante de autoridades, admiradores da saga e dos sobreviventes desse mais famoso embate, os cangaceiros Manoel Dantas Loiola, mais conhecido como Candeeiro e Sila e o volante Elias.
Elias
Pois bem, de volta à Canindé de São Francisco, no debate de encerramento do I Seminário sobre a História do Cangaço, os mesmos personagens fomentaram a maior polêmica desse evento.
Candeeiro
Candeeiro comentou que, dias antes do episódio da Grota do Angico, Lampião havia lhe confidenciado que pretendia deixar o cangaço.
Sila
Sila, até então a mais tranquila da mesa, falou em seguida e disse: "Não gosto de participar de mesa-redonda para não ouvir coisas que não são bem verdades. Lampião não contaria um segredo desses para um homem que não era de sua maior confiança", disse, em referência a Candeeiro. Candeeiro, já com 83 anos, com os olhos brilhantes que lhe valeram seu apelido, retrucou, garantindo que a memória estava firme: "Eu estou com tudo certo".
Expedita
Expedita Ferreira, filha de Lampião e Maria Bonita, apaziguou: "Não vale a pena essa discussão". Pelo jeito não valia. O debate terminou e, minutos depois, lá estavam Sila e Candeeiro dançando de rosto colado no salão de Canindé de São Francisco.
BASE DO TEXTO: Casslano Elek Machado - Jornalista Folha de São Paulo 05 de agosto de 1998