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terça-feira, 19 de janeiro de 2016

HERÓIS DO POVO - O povo quis assim


Robin Hood é um herói mítico inglês, um fora-da-lei que roubava da nobreza para dar aos pobres. Teria vivido no século XIII, aos tempos do Rei Ricardo Coração de Leão, e das grandes Cruzadas. Prezava a liberdade, vivia ao ar livre, e o espirito aventureiro o imortalizou como o "Príncipe dos ladrões". Robin Hood é para muitos, um dos maiores heróis da Inglaterra.

Antonio Silvino
Sinhô Pereira
Tomemos agora alguns "heróis" brasileiros e vejamos que a coisa é bem assim. O povão sempre está ao lado daqueles que insurgem-se contra a polícia e os impostos. Vejam o caso de Lampião. Antes dele tivemos outros "heróis" como  Sinhô Pereira, Antonio Silvino, entre outros.


A mentalidade sertaneja no seu modo de ver, tinha Lampião como um herói e sua valentia nos combates contra a força policial/governo o cobria de glória pois era um perseguido, um revoltado contra as injustiças. O sertanejo que pagava impostos, sem terem escolas, estradas, remédios, justiça e nem o combate a secas seguidas pela falta de investimentos em açudes, fora a roubalheira. Nesse seu abandono, vocês acham que ficariam ao lado do governo?

Virgulino Ferreira, O Lampião
Lampião aos olhos da maioria empobrecida dos sertanejos era considerado um símbolo da revolta que sentiam mas não podiam fazer nada. Com todos os outros cangaceiros antes dele, se deu o mesmo: eram vistos como heróis pelos sertanejos pobres.

Zé do Telhado
Assim como no nordeste brasileiro, era idêntico esses fatos em outras plagas do mundo. Em Portugal também tivemos "heróis" aos moldes dos nossos, como o famoso Zé do Telhado, sentenciado e preso na mesma penitenciária em que o grande escritor português Camilo Castelo Branco cumpria pena por sedução. Esse Zé do Telhado parecia mais com Lampião.

Muitos personagens dos velhos filmes de bang-bang realmente existiram, mas na verdade tais mocinhos não foram realmente “mocinhos” e tão valentes ou infalíveis como dizem as lendas, como também alguns “bandidos” não se tornaram fora da lei por simples opção ou por pura malvadeza. Alguns assaltantes de bancos famosos, como Jesse James, foram praticamente empurrados para o crime devido a Guerra Civil americana. Mas fazem parte do imaginário popular como heróis.

Jesse James e seu irmão Frank foram o terror por muitos anos para as companhias férreas intercontinentais, que praticamente expulsavam o agricultores de suas fazendas para dar passagem aos trilhos, e para os bancos no Missouri. Mas antes de se tornar um fora-da-lei Jesse era agricultor e ajudava seu pai administrar suas terras. Com sua morte, Jesse James conquistou um status próximo ao de mártir e até hoje é venerado pelos americanos. 

Outro bandido famoso e que caiu na graça popular foi Billy The Kid. Na turma dos “heróis” americanos temos Wild Bill Hickock, um autêntico pistoleiro e aventureiro que às vezes carregava uma insígnia de delegado no peito. Outro destemido memorável seria Wyatt Earp. Este foi um dos poucos a exercer a lei e ordem no velho oeste e morrer de velhice. Wyatt tinha uma personalidade forte, quase arrogante, era para alguns um exímio jogador de cartas, e para outros, um trapaceiro. E na esteira de homens violentos que se tornaram "heróis" temos ainda Doc Holliday, Bat Masterson e Buffalo Bill, entre outros.

Como dizia o escritor cearense Gustavo Barroso, "É necessário olhar o sertão e os acontecimentos do sertão com os olhos dos sertanejos... Em idêntico estágio de sua evolução, os outros povos, mesmo os mais civilizados, não eram superiores aos sertanejos."