Geraldo Duarte*
Há dezoito anos, minha mulher e eu moramos de favor. Hóspedes de Babi e de Cléo, assumidas donas da residência.Babi, sergipana, estrábica, educada, recatada e pouco afeita às visitas. Desde 1998 convivíamos.
Cléo, cearense, vive a contar de 1999. Temperamento diverso daquela, atirada, de interação fácil com conhecidos e estranhos, além de reclamante.
Tais diferenças comportamentais confirmam o princípio que energias contrárias atraem-se. Sempre unidas. Poucas e passageiras rusgas. Completavam-se na domesticidade.
Nós quatro, diuturnamente, estávamos juntos e interagindo.
Acometida de falência múltipla de órgãos, hospitalizada, Babi faleceu no último dia 20 e fez-se ao Oriente Eterno das Inteligências Animais. Viveu 88 anos e 2 meses, pois um ano do ser humano equivale a 4,9 de um felídeo.
Estamos em momentos de forte saudade. Por todos os lugares a enxergamos. Presente no gabinete ao lado do computador. No braço da poltrona, acompanhando as leituras dos jornais e livros e, até, durante as feituras destes artiguetes. Recebendo-me nas chegadas, seguia-me pelo apartamento. Mais parecia canino que felino.
Hoje, Cléo soma 83 anos e 3 meses. Adoeceu. Passou uma semana sem comer ou beber.
Internou-se. Com injeção de soro e medicamentos convalesce em casa. E não para de procurar Babi nos variados cantos que ela, quase exclusivamente, usava.
Maria do Livramento, nossa secretária do lar, amante e criadora de bichanos, para quem Babi e Cléo “não falam para não dar recados”, ficou muito sentida e, agora, redobra atenções a “Quequéo”.
Grato por sua inesquecível e feliz companhia estimada “Babita”!