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terça-feira, 7 de janeiro de 2014
Quando o sol foi vaiado
Há 70 anos, frequentadores da Praça do Ferreira se aglomeravam para vaiar o sol que teimava em aparecer. Registrado por um repórter do jornal O POVO, o episódio daquele 30 de janeiro de 1942 virou um marco da irreverência cearense.
Uns contam que o tempo apenas estava bonito para chover. Outros dão conta que já chovia forte há dois dias, entrando no terceiro. O Ceará, vindo de uma seca braba, clamava para que o sol desse uma trégua por mais uns dias, mas ele, naquele 30 de janeiro de 1942, teimou em varar as grossas nuvens e apareceu avermelhado no céu.
Passando pelas proximidades da Praça do Ferreira em direção ao setor de redação do O POVO, um repórter “esgueirando-se pelas calçadas molhadas” viu um grupo numeroso de pessoas aglomerado por ali, reparando “o esforço desesperado do sol para aparecer” e registrou os seguintes fatos na edição vespertina daquele mesmo dia. “Olhando para o alto e apontando, começaram uma demonstração estrondosa, vaiando o astro vencido e apagado, naquele momento, num grito uníssono de várias bocas. Mas afinal o velho Rei das alturas venceu, botando todo corpo vermelho para fora das nuvens e dispersando os vaiadores”.
À época, como tudo o que acontecia na Praça do Ferreira, o ato inesperado foi sabido por boa parte da pequena população fortalezense, mas logo o deu por esquecido. Hoje, o episódio é visto como uma prova que a verve cômica do cearense vem de muito antes de Chico Anysio, Renato Aragão, Tom Cavalcante, Falcão ou Rossicléa." - Matéria do jornal O POVO Online