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quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Contatos imediatos ou não - Parte II

AS AJUDAS QUE TEMOS RECEBIDO - Parte II
Por Raul Meneleu

O interesse de nossos criadores que avancemos como sociedade carece de pressa. Eles apenas nos deixaram seguir nosso caminho em busca de civiliza.cão dando-nos regras que ao tomarmos consciência delas, seguiríamos se quiséssemos avançar em paz e organização de direitos e deveres para a inteira raça humana.

Mas parece ter havido algo que liquidou esse propósito e fomos espalhados pela quase inteira totalidade do globo terrestre, onde pelo isolamento e pequenos grupos, foram criadas regras um pouco diferentes de umas para outros grupos. Dessa questão até mesmo a linguagem foi tornando-se diferente e passamos a ter diversas línguas. O que terá havido para que isso acontecesse?

HOUVE REALMENTE UM DILÚVIO?

O interessante no mito do dilúvio é que nessas narrativas, de uma grande inundação,  geralmente enviada por uma (ou várias) divindade(s), destrói a civilização, muitas vezes em um ato de retribuição. Paralelos são frequentemente feitos entre as águas da inundação e as águas primitivas de certos mitos de criação, sendo que a água é descrita como uma medida de limpeza ou purificação da humanidade, em preparação para o renascimento. A maioria dos mitos de inundação também contém um herói cultural, que "representa o desejo humano pela vida".


Na história de muitos povos e grupos, existe um relato de um dilúvio que aconteceu no passado. A temática mitológica do dilúvio é generalizada entre muitas culturas ao redor do mundo, conforme visto em histórias sobre inundações da Mesopotâmia; nos Puranas, os livros religiosos hindus; em Deucalião, da mitologia grega; na narrativa do dilúvio no Gênesis; em mitos dos povos quichés e maias na Mesoamérica; na tribo Lac Courte Oreilles Ojibwa de nativos americanos da América do Norte e entre os chibchas e cañaris, na América do Sul. (DILÚVIO)
Nesse artigo da Wikipédia, vemos que as causas reais e prováveis desse dilúvio estão cientificamente comprovadas.

Isso me faz lembrar que existe alguns locais no Ceará, Chapada da Araripe, que possui fósseis de peixes, folhas e insetos em pedras calcáreas, comprovando  que aquela região foi um grande mar. (Fósseis da Chapada do Araripe). Os cientistas não acreditam que houve um único dilúvio universal, mas, sim, que muitos povos guardaram a lembrança de um dilúvio local e a repassaram num sentido mais amplo.


QUEM FORAM NOSSOS CRIADORES?

Existem algumas teorias idealizadas por alguns cientistas e histórias escritas por povos antigos, que falam do surgimento do homem. Um dos mais fascinantes mistérios da Pré-história é o surgimento do ser humano. Até 1859, apenas livros religiosos, como a Bíblia, davam resposta a esse enigma, naturalmente em sua linguagem simbólica. Nesse ano, o naturalista inglês Charles Darwin publicou seu livro "A origem das espécies", apresentando evidências de que as espécies animais são capazes de modificações gradativas, ou de evolução, através do tempo, de modo que novas espécies possam surgir. Leiam aqui Pré-história: O surgimento do ser humano e os períodos pré-históricos.

Existe também outra fonte de como o homem surgiu. No decorrer da história mesopotâmica, os sumérios foram a primeira civilização a ocupar os territórios entre os rios Tigre e Eufrates. OS SUMÉRIOS construíram muitas cidades e de uma delas saiu ABRAÃO. um personagem bíblico citado no Gênesis a partir do qual teriam se desenvolvido as religiões abraâmicas, as principais vertentes do monoteísmo: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.


Zecharia Sitchin, Economista, Editor e Jornalista, autor de livros, que defendia uma explicação alternativa para a origem da humanidade, envolvendo uma versão da teoria dos astronautas antigos. Ele atribui a criação da antiga cultura suméria aos "anunnaki" (ou "nefilim"), uma raça extraterrestre nativa de um planeta chamado Nibiru, que se encontraria nos confins do Sistema Solar. Ele afirmava que a mitologia suméria é a evidência disto, embora suas idéias sejam rejeitadas por alguns historiadores ortodoxos, que discordam de sua tradução dos textos antigos e de sua interpretação dos mesmos. Sitchin acreditava que os annunaki geraram o Homo Sapiens através de engenharia genética para serem escravos e trabalharem nas minas de ouro, através do cruzamento dos genes extraterrestres com os do Homo Erectus. 

AJUDAS TECNOLÓGICAS RECEBIDAS?

Desde o início da humanidade, o progresso científico aconteceu. Mesmo que hoje estejamos em um grau elevado de conhecimentos, não podemos dizer que invenções tais como a roda, a pólvora, o domínio inicial de ligas metálicas e as descobertas de elementos químicos não tenham sido grandes invenções.  Temos nos escritos bíblicos e de livros sagrados de outras civilizações, inclusive a sumeriana, algumas referências que deuses ou entidades, ajudaram os homens transmitindo-lhes conhecimento. Inclusive o domínio da agricultura e pecuária.

No século passado, houve um cientista que dizia que recebia ajudas e inspirações de seus inventos, de entidades alienígenas. Não temos como comprovar isso, mas era o que ele dizia. Seu nome, Nícolas Teslas. Um dos maiores injustiçados do mundo da ciência. Pai de diversas invenções não creditadas ao seu nome, Tesla permitiu que o mundo em que vivemos se tornasse real e por causa de suas invenções chegamos ao atual modo de vida que não dispensamos mais a energia elétrica que usamos para tudo.


Nikola Tesla era um Homem com Grandes Ideias, caso não tenha reparado pelas 300 patentes registadas no seu nome. Infelizmente, ele estava muito à frente do seu tempo e enquanto a maior porte das suas ideias mais elaboradas teoricamente funcionavam, elas nunca foram bem aceites. Ainda assim, apesar de ele nunca ter recebido reconhecimento por parte do seu principal rival Thomas Edison, ele era um inventor brilhante que deu ao mundo algumas fantásticas e pioneiras inovações. Aqui estão algumas das mais incríveis invenções de Nikola Tesla. VEJA AQUI AS 10 MAIORES INVENÇÕES DE TESLAS.


A Revista Nexus em um artigo disse: ” Dr. Nikola Tesla foi considerado uma das pessoas mais famosas do planeta. Hoje ele desapareceu de nossos livros científicos e livros didáticos. O que ele descobriu que o fizesse esquecido? “ - A maioria dos estudiosos reconhecem que a escuridão em torno de Tesla é parcialmente devido a suas maneiras excêntricas e suas reivindicações fantásticas que dizia comunicar-se com seres de outros mundos. 


Nikola Tesla foi creditado como o criador de grande parte da tecnologia que temos hoje. Sem a genialidade de Tesla, não teríamos rádio, TV, AC eletricidade, bobina de Tesla, iluminação fluorescente, luzes de néon, os dispositivos controlados por rádio, robótica, raios-x, radar, microondas e dezenas de outras invenções surpreendentes. Por causa disto, não é de estranhar que Tesla também é estudado em todo o mundo da aviação e, possivelmente, antigravitacional. Na verdade, sua última patente em 1928, foi para uma máquina voadora parecia tanto um helicóptero e um avião. Antes de sua morte, Tesla inventou, de acordo com relatos, os planos para o motor de uma nave espacial. Ele chamou Drive Space ou movimentação campo anti-eletromagnética . Nikola Tesla foi também objecto de controvérsia, pois afirma-se que ele estava envolvido em um dos mistérios mais secretos da Segunda Guerra Mundial, O famoso

De onde vieram essas grandes descobertas? Será que podemos acreditar que a humanidade foi ajudada a desenvolver-se em tecnologias para seu progresso? Quem são esses ajudadores seres invisíveis até hoje para nós?

Vou deixar para outro artigo mais à frente, tecer comentários sobre esses seres.

LEIA O ARTIGO
Contatos imediatos ou não - Parte I

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Contatos imediatos ou não


AS AJUDAS QUE TEMOS RECEBIDO
Por Raul Meneleu

Civilização zero. O que somos. Não creio que mudemos tão rapidamente em 83 anos. Levaremos muitos séculos pra tornar-nos uma de nível 1 - Para mudarmos tão rápido teríamos que passar por uma revolução abrupta e isso não é interessante pois mesmo assim teríamos dissidências e teriam lutas. Que preferimos?

Isso que digo está sendo acompanhado por civilizações de 1; 2; 3 graus e quem sabe até de quarto grau. Uns são a favor de recebermos o mais rapidamente possível tecnologias avançadas e outros que têm o propósito de não interferir e deixar que avancemos gradualmente.

Aqueles de outras civilizações, que estão fornecendo tecnologia avançada ao homem, estão esquecendo  que não é possível o homem avançar sem que se compreenda os direitos humanos e os direitos fundamentais da pessoa humana. Não podem deixar de lado a história que mostra o grande desejo de poder e dominação de alguns homens e mesmo governos, sem relacionar a história.

O que vemos na história? Escolherei dois exemplos de mal uso dessa tecnologia e descobertas feitas pelo homem, com ajuda ou não de inteligências de civilizações mais avançadas. Primeiro na questão da energia atômica. Vimos e vemos o que está sendo posto para a humanidade, onde alguns países usam-na para ameaçar a existência de outros povos. Tudo bem que parte dessa grande descoberta, fez que a humanidade tirasse proveito. Mas o que dizer de Hiroshima e Nagasaki? Quantos perderam suas vidas? E que dizer dos vazamentos de materiais radioativos? Quantas vidas perdidas e ambientes contaminados foram criados pela irresponsabilidade de alguns?

Não estou defendendo nenhum lado nessa questão! Falo até mesmo "contra e a favor". Mas onde vejo o grande óbice? Minha resposta é justamente no relacionamento entre humanos. 
Tomando emprestado um texto escrito por uma pessoa cujo nick-name é "an19 - Ambicioso" em sua resposta ao "Questionário AVA AULA TEMA 8 - Tecnologias de Gestão" no tema Desenvolvimento Econômico:

"A civilização humana, desde os seus primórdios até a época atual percorreu um longo caminho, passando por inúmeras transformações, sejam elas sociais, políticas, religiosas ou econômicas. Sendo indispensável o estudo da história para compreender como estes processos ocorreram, como se chegou ao estágio atual.

A ciência jurídica como condicionada a existência de vida humana em sociedade também passou por inúmeras modificações, enormes avanços e infelizes retrocessos que muitas vezes acabaram com inúmeros séculos de lutas e esperanças por um mundo mais justo. Sendo necessário o uso da história para a melhor compreensão destes fenômenos.
Percebe-se, portanto a importância do estudo da história para a compreensão do mundo jurídico, ainda mais quando tratar-se daqueles direitos essenciais a pessoa humana, ou seja. Não será possível compreender os direitos humanos e os direitos fundamentais sem relacioná-los a história., pois estes não surgem como uma revelação, como uma descoberta repentina de uma sociedade, de um grupo ou de indivíduos mas sim foram construídos ao longo dos anos, frutos não apenas de pesquisa acadêmica, de bases teóricas, mas principalmente das lutas contra o poder. Nesse sentido Norberto Bobbio (1992, p. 5) afirma que:
“Os direitos do homem, por mais fundamentais que sejam, são direitos históricos, ou seja, nascidos em certas circunstâncias, caracterizados por lutas em defesa de novas liberdades contra velhos poderes, e nascidos de modo gradual, não todos de uma vez e nem de uma vez por todas.”

“A colocação do problema – boa ou má deixa claramente intuir que o filão do discurso subseqüente – destino da razão republicana em torno dos direitos fundamentais – se localiza no terreno da história política, isto é, no locus globalizante onde se procuram captar as idéias, as mentalidades, o imaginário, a ideologia dominante a consciência coletiva, a ordem simbólica e a cultura política.”

Os direitos essenciais a pessoa humana nascem das lutas contra o poder, das lutas contra a opressão, das lutas contra o desmando, gradualmente, ou seja, não nascem todos de uma vez, mas sim quando as condições lhes são propícias, quando passa-se a reconhecer a sua necessidade para assegurar a cada indivíduo e a sociedade um existência digna.

Entende-se necessário um estudo histórico a respeito dos direitos essenciais a pessoa humana para entender como, quando, em que contexto, eles surgiram para a humanidade. Ainda busca-se explicar a sua positivação dentro de um sistema jurídico, sendo, portanto aceitos frente ao poder político e independentes da vontade destes."

Essa palavras não dizem tudo mas dá uma ideia geral de nosso grande problema de relacionamento. Estávamos indo bem, desenvolvendo nas artes e cultura humanística, essa base de relacionamento. Ainda estamos fazendo isso! Só que, não estamos suficientemente educados nos direitos fundamentais de homens e animais pois o outro exemplo que trago, é incrivelmente desumano pois trata-se da área de saúde.

As grandes empresas farmacológicas estão a explorar os seres humanos, vendendo caro seus remédios para cura de doenças que afligem a humanidade e animais. Esses avanços tecnológicos não estão à disposição de todos. Deveriam estar sendo distribuídos gratuitamente, pois trata-se de questão humanitária. Não quero nem tecer comentários sobre o outro problema que pensei, O DA FOME NO MUNDO!

Como vêem os amigos, esses problemas deveriam estar sendo vistos por aqueles que estão a nos ajudar. Mas daí vem outro raciocínio meu, por saber que estaríamos piores se essas tecnologias não estivessem à disposição de parte da humanidade.
Tivemos ajudas da outra parte dessas civilizações avançadas, quando nos enviaram ensinamentos de respeito e amor pelo próximo. Mas será que isso não irá demorar muito? 

Vemos que o homem não está respeitando nada. Inclusive quanto lixo estamos depositando nas esferas siderais! Nossas florestas estão sendo dizimadas. Nossos oceanos e rios, sendo usados como esgotos e lixeiras. Fora a dizimação de espécies animais. Temos alguns humanos sim, que estão tentando preservar esses eco-sistemas. Alguns estão sendo assassinados por aqueles que querem poder. Onde iremos parar?

Esse raciocínio de ajudar a raça humana, passa pela tecnologia sim! Mas se essa tecnologia não vier com o melhoramento das relações interpessoais dos homens, estaremos fadados ao aniquilamento da humanidade e a destruição do planeta terra.

Mas será que não é isso que essas fontes de ajudas tecnológicas estão querendo ao ultrapassarem leis universais? A resposta será dada em outro artigo.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

O Batismo de fogo de Zé Saturnino












O Batismo de fogo de Zé Saturnino foi na fazenda Favela. O major Teófanes nomeou Zé Saturnino ao posto de segundo-sargento e lhe deu instruções de combate.  Este recebeu o comando de uma volante de 100 soldados e auxiliado pelo anspeçada, nome que se dava antigamente ao posto militar acima de soldado e subordinado ao cabo, a Manoel Neto, meteu-se nas caatingas a procura de Lampião. 


Zé Saturnino
Manoel Neto
Rapazes valentes, mas sem quase nenhuma noção de estrategia militar, embrenharam-se pela noite adentro viajando com fachos acesos para iluminar o caminho, expondo-se a emboscadas pelos cangaceiros. Por conta dessa inexperiência, quase vinte por cento da tropa desertou. 

Zé Saturnino e Manoel Neto, passando por Santa Maria (atual Tupanaci), no dia 10 de novembro de 1926, teve noticia que Lampião acabava de sair dali e que tinha dançado a noite toda. 

Seguindo a pista deixada pelos cangaceiros, a tropa passou por Campos Bons, Cachoeira, Exu e Arapuá, indo pernoitar na fazenda Icó. No dia 11 de novembro de 1926, antes do raiar do sol, a volante reiniciou a marcha. Como havia uns rastros em direção à fazenda Favela, de Antonio Novaes, os comandantes resolveram ir para a mesma a fim de se informar se havia noticia dos cangaceiros. 

A Fazenda Favela, que visitei no dia 13 de outubro de 2017 acompanhando a comitiva do Cariri Cangaço, fica a poucos quilômetros  da cidade de Floresta-PE. 


Lá chegando Zé Saturnino postou-se com uma parte da volante dentro de uma capineira, por trás da parede do açude em frente a casa-grande, e Manoel Neto seguiu com os outros homens para a outra casa que ficava no alto. 

Bateu na porta. De dentro, uma voz perguntou:

— Quem tá ai? 
— Aqui é Mané Neto! 
— Apois quem tá aqui é Antonho Ferrera!!! 

(alguns pesquisadores divergem dessa informação pois colheram dados que Antônio Ferreira. irmão de Lampião, estava com ele, na antiga sede da fazenda.)

E de repente a porta e janela se escancararam, e dos vãos abertos choveram balas em cima da tropa. Os soldados, por não esperarem uma reação daquela ordem, ficaram atarantados, e foram alvo fácil para os cangaceiros. Manoel Neto colou-se na parede, sem saber o que fazer, vendo seus comandados serem abatidos impiedosamente. 

Lampiao estava dormindo em outra casa com uma parte do grupo e ao escutar o tiroteio veio dar retaguarda a outra parte do bando, barrando a fuga dos soldados que corriam naquela direcão. Melhor sorte não teve Zé Saturnino, que ficara entocado no capinzal, não sabendo que justamente alí estava acampado o grupo de Sabino Gomes — quando os homens de Zé Saturnino correram para socorrer os companheiros, toparam de frente com os cabras de Sabino, e em face disso fugiram. Vejam as explicações nesse documentário:


O grupo de Sabino investiu então contra os soldados que ainda lutavam no terreiro da casa, e estes, atacados de todos os lados, debandaram em absoluta desordem. Muitos feridos, sabendo que se ficassem ali seriam sangrados pelos cangaceiros, juntaram as últimas forças e também correram, encorajados pelo valente Manoel Neto, que saiu carregando um ferido nos ombros e arrastando outro pelo braço, repetindo isso três ou quatro vezes.

Quando os dois comandantes se encontraram, abraçaram-se, sem ter o que dizer, escutando os gritos dos companheiros sendo sangrados. A sua volta só se viam uns 20 soldados. Pensaram que o resto tinha morrido. Ficaram felizes quando souberam que a maior parte havia fugido. 

Morreram na fazenda Favela seis soldados: Antonio Freire Panta, Gaudêncio Pereira da Silva, Francisco Pereira, Joao Gregório Neto, Agripe Lopes dos Santos e Cicero Petronilo da Silva. Feridos, quase todos. Entre os cangaceiros, apenas um morreu e cinco receberam ferimentos. 

Por conta dessa emboscada que sofreram, o Capitão Muniz de Farias jogou toda a culpa em cima de Manoel Neto, mas mesmo assim, por conta de sua valentia, Manoel Neto foi promovido a cabo mas Zé Saturnino perdeu o comando da volante e incorporou-se na volante de Euclides Flor. Corn o tempo, voltou a chefiar pequenos grupos. Quando em 1928 Lampião se transferiu para a Bahia, Zé Saturnino acompanhou a volante de Euclides em três incursões pelas terras baianas. Em 1° de junho de 1931, desligou-se da policia. Explicou suas razoes: 

— Se Lampião vorta para Pernambuco, brigo cum ele, mais nun vou largá mia fazenda e mia famia par andá fazeno papé de besta na Bahia, cumo quem procura uma aguia num paiero!

Em parte desse texto, o autor do livro Lampião, Raposa das Caatingas, nos ajuda a ver como essa batalha que ficou conhecida por "Fogo da Favela" - mas indico também outro livro, editado recentemente, chamado As Cruzes do Cangaço, onde os autores, em nossa visita nos relataram no local,  O Fogo da Favela.


Observações: 
- Mesmo o que está escrito acima e as informações faladas nos vídeos, nesse encontro do Cariri Cangaço 2017 em Floresta - PE. não invalida essa história.



Virgulino Torna-se o Cangaceiro Lampião

Lampião, senhor do sertão: vidas e morte de um cangaceiro*

Um artigo do Diário de Pernambuco de 18 de dezembro de 1931 relata que, tendo assumido a direção do grupo de Sinhô Pereira, Lampião passou imediatamente a devastar o sertão do Nordeste, principalmente o de Pernambuco, de onde era natural. 

Não esquecera tampouco sua inimizade com os nazarenos os quais enfrentou já em 1923, logo após sua entronização. Lampião decidira assassinar Antônio Gomes Jurubeba, o patriarca e chefe da numerosa família dos Jurubeba, mas se deparou com uma resistência "colossal": a comunidade inteira, incluindo as mulheres, envolveu-se num combate de mais de três horas que transformou o território dos nazarenos em "verdadeiro inferno". 

Lampião teve de bater em retirada. A resistência daqueles valentes sertanejos foi seguida da incorporação de uma parte dos nazarenos às Forças Volantes, o que marca o início de uma luta sem trégua entre Lampião e os nazarenos. 

Segundo o jornalista, em 1928 a família Jurubeba contava com vinte de seus membros incorporados à Força Volante do tenente José Belarmino Higino. O mesmo jornalista, que acompanhou de perto a luta entre os nazarenos e Lampião desde 1923, reencontrou o velho Gomes Jurubeba em 1931 que, cercado de seus dezesseis filhos e netos, declarava-se "sempre preparado a dar festiva recepção aos bandoleiros, a qualquer circunstâncias'. ("Sobre a ação do Bando de Lampião através dos Sertões Nordestinos, Narra ao Diário da Noite, do Rio, o Senhor Cícero Rodrigues de Carvalho", Diário de Pernambuco. 18/12/1931.)

A resistência dos sertanejos foi posta em destaque pela imprensa com muita frequência a partir dos anos de 1930, deixando bem claro que a população não estava incondicionalmente submetida a Lampião.

Na visão dos jornalistas do litoral, o sertão é uma região caracterizada por uma cultura violenta da qual o cangaceiro é o herdeiro natural, porém Lampião continua sendo, aos olhos dos sertanejos, não a figura tradicional do cangaceiro valoroso, mas um criminoso sanguinário. 

Se um bom número de cenas de tortura, humilhações e violências descritas com pormenores escabrosos e cores carregadas na imprensa da época, nem sempre parece verídico, é certo que Lampião sempre se distinguiu por sua crueldade e pela extrema violência dos seus atos. 

Eis o testemunho de Cícero Rodrigues de Carvalho, reproduzido na imprensa, que tem por objeto os começos de Lampião no cangaço à frente de um grupo em 1924:

Seguiu-se um período de horripilantes chacinas praticadas pelo bando lampionico contra indefesos agricultores. Foram, barbaramente, assassinados os srs. José Martins, João Cocô, José Capote, Belisário Zuza e José Calixto. 

A ultima dessas vitima sofreu atrozmente. Sangraram-no lentamente, cortaram-lhe as orelhas. Sua esposa padeceu os maltratos mais vis, sendo obrigada a salgar as orelhas do marido, já morto para entrega-las, depois em mãos de Lampião. Cena das mais infames que registra a historia do cangaço. 
Em fins de maio, em plena rua comercial da vila de Betânia, a legião da morte havia assassinado quatro pessoas, inclusive dois soldados pertencentes ao destacamento local. As vitimas foram friamente degoladas com facas de lamina larga, tendo os vampiros, para gáudio de suas taras abomináveis, introduzido, a coice de armas, um cartucho em cada olho das mesmas. ("Como Lampeão se Fez Chefe de Bando", Diario de Pernambuco, 18/12/1931)

Ressalte-se que Lampião pode ser visto de maneira negativa mesmo no sertão. Os versos de cordel de João Martins de Athayde, escritos quando Lampião ainda estava vivo, apresentam-no não somente como um indivíduo perverso e sanguinário mas, também como aquele que traiu certos princípios fundamentais próprios da cultura do sertão, a saber, o sentido de honra e o respeito a Deus: 

Lampião é um bandido 
De muita perversidade 
No logar onde elle passa 
Vai deixando a orfandade 

E não pode ter conceito 
Os crimes que ele tem feito 
Fora e dentro da cidade
É ladrão assassino 

E tambem deflorador 
Fez do rifle um seu amigo 
Consagrando grande amor 
E desgraçado e perjuro 
E mais sujo que o monturo 
Que nada tem valor. *

*(Carlos Alberto Doria, O Cangaço, 1981. p. 59 (transcrição do cordel de João Martins de Athayde, Novas Proezas de Lampeão).

Pg 93 do livro Por Elise Grunspan-Jasmin

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Cidadão de Floresta Manoel Severo Gurgel Barbosa




O Curador do CARIRI CANGAÇO Manoel Severo recebe o Título de Cidadão Florestano em Sessão Solene na Câmera de Vereadores na data de 13 de outubro de 2017.
A mesa da solenidade foi composta pelo Presidente da Câmara Municipal, vereador Beto Souza, pelo Prefeito Municipal Ricardo Ferraz, pelo vice-Prefeito Pedrinho Vilarim, pelo Secretário da Cultura do Estado de Pernambuco, Marcelino Granja, além do homenageado, Manoel Severo Gurgel Barbosa, além de vereadores que compõe o legislatura do povo Florestano, dentre eles, a vereadora Bia Numeriano, autora do Projeto de Lei.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

LAMPIÃO A ressurreição de Ezequiel


A SUPOSTA MORTE DE EZEQUIEL FERREIRA, O PONTO FINO 




Essa entrevista foi feita por mim no dia 14 de outubro de 2017, na cidade de Nazaré do Pico em Pernambuco, por ocasião das comemorações de 100 anos da cidade. O Senhor Pedro Ferreira, fala-me da visita que o irmão de Lampião Ezequiel Ferreira, na cidade de Serra Talhada, para tirar documentos.

O escritor do livro LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS, José Bezerra Lima Irmão, nos faz um relato detalhado desse episódio. Ele nos diz:

Para os leitores do Diário de Notícias, A Tarde, A Noite e Diário de Pernambuco, que não perdiam os relatos dos feitos de Lampião, 1931 estava sendo um ano "morno". A impressão que se tinha era de que não acontecia quase nada. Nas feiras, os cantadores e violeiros só falavam em Maria Bonita. Mas, na verdade, muita coisa estava acontecendo. A polícia é que tinha perdido o entusiasmo, alegando falta de verbas para continuar a campanha. Limitava-se a traçar planos para extinguir o cangaço. Em virtude disso, os informes passados à imprensa rareavam. Porém, nas caatingas, Lampião continuava em plena atividade. Três fatos marcaram aquele ano na história do cangaço: a admissão de mulheres no bando de Lampião, a morte de Ezequiel Ferreira e o esquartejamento de Herculano Borges. Dos homens, Ezequiel Ferreira da Silva era o irmão mais novo de Virgulino. Era um rapaz moreno-claro, simpático e brincalhão. Quando os manos mais velhos — Antônio, Livino e Virgulino — viraram cangaceiros, nos episódios que culminaram com a morte do pai, Ezequiel era um menino de apenas 9 anos. À. época, ficou com as irmãs solteiras, sob os cuidados de João Ferreira, o único dos adultos que não entrou no cangaço, se bem que pretendesse, pois Lampião decidiu que alguém tinha que se manter na legalidade para cuidar da família. Depois, em 1927, em face das perseguições sofridas pelos Ferreira, Ezequiel resolveu ser também cangaceiro. Tinha então 15 anos de idade. Lampião relutou, mas acabou cedendo. Quando Ezequiel entrou no bando, havia morrido um cangaceiro apelidado de Ponto Fino e, como de costume, o novato ficou com o apelido do finado. Os autores se repetem dizendo que esse apelido era devido à precisão da pontaria de Ezequiel, considerada infalível. Muito pelo contrário, Ezequiel nunca se distinguiu como atirador. Não se sabe de nenhuma morte atribuída a ele. Era um cangaceiro discreto, comedido. Atuava mais como guarda-costas de Lampião, quando este precisava fazer alguma coisa fora do olhar dos outros ou resolvia tirar um cochilo, deixando Ezequiel de prontidão. Não se prevalecia do fato de ser irmão do chefe para obter vantagem de qualquer espécie. Ocupava um lugar indeterminado na hierarquia do bando, já que o homem forte, depois de Lampião, era o cunhado, Virgínio, conhecido como Moderno, e as grandes atribuições eram confiadas a Luís Pedro e Mariano. Essa postura de Virgulino talvez fosse uma forma de preservar o caçula. 
A "morte" de Ezequiel e a sua aparição em Serra Talhada Como tempo, a versão da fuga passou a ser ridicularizada porque tudo ficava por conta de boatos e conjeturas. Mas foi então que se verificou um fato que reacendeu a hipótese da fuga: em novembro de 1984, um homem já idoso, de 70 para 80 anos de idade, residente no Piauí, chegou a Serra Talhada para tirar os documentos a fim de se aposentar. Ele procurou a casa de Genésio Ferreira, primo de Lampião, e apresentou-se: — Geneso, eu sou seu primo Ezequié. Genésio Ferreira assustou-se: — Ezequiel? O irmão caçula de Lampião? — É, sou eu — confirmou o homem. — Eu fui dado cumo morto, mais aquilo foi um jeito qui meu irmão deu pra me tirá daquela vida. E se aperpare pra iscutá mais: Lampião tamém tava vivo até treis ano atrais. Depois eu lhe conto tudo direitim. Vim aqui purgue tou quereno me apusentá e nun tenho documento nlhum. Nun sou nem registrado. Vim aqui pra me registra. Genésio Ferreira tinha visto Ezequiel quando garoto. Não havia como saber se aquele era de fato seu primo, dado como morto fazia mais de cinquenta anos. Genésio começou a fazer perguntas sobre coisas do passado, envolvendo a família, os lugares. O homem lembrava-se de episódios familiares, citava nomes, descrevia a forma das casas, as estradas... Genésio foi com o sujeito ao cartório de registro civil e expôs o fato. O tabelião recusou-se a fazer o registro. Disse que só podia registrá-lo se o juiz autorizasse. Foram ao juiz. O Dr. Clodoaldo Bezerra de Souza e Silva, juiz de direito da comarca de Serra Talhada, impressionado com a história, mandou chamar antigos moradores da cidade, dos tempos da gloriosa Vila Bela. Conversou com pessoas da família Godoy, pois o estranho personagem dizia que seu padrinho era Quinca Godói (Joaquim Godoy).  Ao final, convencido de que aquele senhor falava a verdade, o juiz autorizou o registro.2118 Ezequiel passou cerca de vinte dias na casa de Genésio Ferreira, na Rua Agostinho Nunes Magalhães. Várias personalidades importantes da cidade estiveram com ele: o monsenhor Jesus Garcia Riallo (que foi vigário de Serra Talhada por mais de meio século), o padre Afonso de Carvalho (da paróquia de Nossa Senhora do Rosário), o médico Dr. Elias Nunes, o tabelião e vereador Luiz Andrelino Nogueira, o ex-prefeito Luiz Conrado de Lorena e Sá (Luiz Lorena), o agricultor Luiz Alves de Barros (sobrinho de Zé Saturnino) e o tenente João Gomes de Lira, de Nazaré, ex-soldado de volante. De todas as pessoas com quem ele conversou, três merecem destaque neste caso. Uma é Luiz Alves de Barros, o famoso Luiz de Cazuza, companheiro de infância de Ezequiel na Serra Vermelha. Antes das desavenças dos Ferreira com os Saturnino, as duas famílias eram amigas, moravam vizinhas. Luiz de Cazuza e Ezequiel eram quase da mesma idade. Acompanhado de Genésio Ferreira, no dia 26 de dezembro de 1984 Luiz de Cazuza conversou durante mais de quatro horas com o estranho personagem. José Alves Sobrinho, filho de Luiz de Cazuza, escreveu um livro em que aborda a questão havida entre Lampião e Zé Saturnino, no qual há um capítulo com a descrição do encontro de seu pai com o tal indivíduo. Luiz de Cazuza conversou com o forasteiro sobre vários fatos da infância: quem estava presente em determinados eventos, quem morreu, como foi programado o cerco da fazenda Pedreira, como foi que Lampião atacou e queimou a casa-grande da fazenda Serra Vermelha. O homem se recordava de muitos detalhes, e em relação a outros alegou que não se lembrava mais. José Alves considera razoável o esquecimento, haja vista tratar-se de um homem com idade bastante avançada." Luiz de Cazuza deu um depoimento, gravado em videocassete, aos pesquisadores Paulo Medeiros Gastão, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC), e Aderbal Nogueira. Alcino Costa assinala que naquele depoimento existem "pelo menos dois preciosos detalhes que comprovaram ser aquele senhor do Piauí, sem sombra de dúvidas, o próprio Ezequiel, em carne e osso. [...] Em dado momento o forasteiro perguntou a Cazuza se ele tem lembrança do encontro que o mesmo tivera com Lampião na Cacimba do Gado, no ano de 1927, e, como querendo refrescar a memória do velho caboclo, diz que naquele dia estavam presentes dezessete cangaceiros, dentre os quais Mourão, Sabino, além dele e Antônio, o outro irmão. Perguntou a Luiz Cazuza se ele tem lembrança do episódio dos dois pares de alpercatas encomendadas por Lampião e Sabino e que ficaram guardados por mais de cinco meses na casa de uma senhora dali do São Domingos e que naquele dia as mesmas foram entregues aos bandoleiros". Alcino Costa conclui: "Estas minuciosas particularidades desvaneceram as dúvidas de seu Luiz que ficou convicto de que aquele homem era realmente o mano mais novo de Lampião".
A segunda pessoa cujo testemunho merece destaque é Luiz Lorena, que foi quatro vezes prefeito de Serra Talhada, considerado a "história viva" da cidade. Conhecedor da história do cangaço, Luiz Lorena fez várias perguntas ao referido senhor sobre combates travados por Lampião nos quais Ezequiel, o Ponto Fino, estava presente. O sujeito narrava os fatos, dando detalhes: a hora do combate, quem morreu, para onde o bando foi depois... Ele conhecia todos os caminhos que ligavam as fazendas da beira do Riacho São Domingos. Falava de antigos moradores. Perguntava: "Sabe de fulano de tal? Ele ainda mora em tal lugar?". Luiz Lorena dizia: "Não posso afirmar que aquele sujeito era Ezequiel, mas, se era um impostor, tinha decorado tudo e sabia representar bem o seu papel terceira é o tenente João Gomes de Lira, um dos famosos "Cabras de Nazaré", que pelejou nas volantes de Manoel Neto e de Davi Jurubeba. João Gomes é autor de um livro que constitui referência indispensável para todos os pesquisadores do cangaço. Quando a obra estava pronta para publicação, ocorreu o encontro do autor com o homem que se dizia irmão de Virgulino. João Gomes acrescentou então um capítulo final, relatando a história contada pelo suposto Ezequiel. João Gomes expõe a celeuma que houve em Serra Talhada quando o povo soube da presença de Ezequiel na cidade, todo mundo querendo ver o ex-cangaceiro. Uns afirmavam que aquele era mesmo Ezequiel, outros ponderavam não ser possível, pois Ezequiel morrera na Bahia, outros diziam que o homem não parecia com os membros da família Ferreira. Os parentes ficaram em dúvida, pois as informações que tinham era de que Ezequiel havia morrido na Bahia em 1931. João Gomes conclui que, embora muita gente ficasse em dúvida, "Chegaram à conclusão de que, na realidade, era mesmo Ezequiel, quando aos poucos foi ele se identificando, como seja procurando por pessoas da região se ainda eram vivas ou mortas. Como também procurava saber se em determinados lugares ainda existiam velhas árvores, como procurou saber se, no terreiro da casa em que residiu seu velho José Ferreira, no lugar Poço do Negro, ainda existia um pé de umbuzeiro-cajá; na realidade lá está o frondoso pé de umbuzeiro. Foi assim chegando na mente daquela gente que na realidade era mesmo o Ponto-Fino". Segundo João Lira, desapareceram todas as dúvidas quando o homem passou a relatar os fatos e a expor o motivo de ter abandonado o cangaço. Aquele era Ezequiel. Não fosse ele, como seria possível uma pessoa residente no Piauí saber daquelas coisas?  
Esse indivíduo foi entrevistado por Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena, autores de Lampião e o Estado-Maior do Cangaço. Ele assegurou ser o irmão mais novo de Lampião. Os autores perguntaram por que era que todo mundo dizia que ele tinha morrido na Bahia em 1931, e "Ele respondeu que tudo era mentira, que o irmão tinha inventado a estória prá ele poder sair do cangaço". Porém os citados pesquisadores se desinteressaram pelo caso porque o velho, ao ser "Inquirido sobre o nomes dos seus pais, respondeu errado", e "Disse ainda ter tido 3 irmãos e 3 irmãs, o que não é verdade". Além disso, ele errava os nomes dos irmãos, fantasiava a descrição dos combates e citava cangaceiros que não foram seus contemporâneos. Hilário e Magérbio, apesar de admitirem que o homem "tinha mais ou menos a mesma idade e aparência fisica" que teria Ezequiel se fosse vivo, consideram que "na verdade era uma farsa, não se sabe com que finalidade, pois não havia dinheiro na estória, nem estava muito interessado em promover-se". Os citados pesquisadores consideram que os familiares de Lampião "acreditaram realmente tratar-se do primo" por nada saberem sobre a vida do parente depois que ele foi embora, ainda menino. Hilário e Magérbio concluem dizendo que aquele homem "Morreu certo que era Ezequiel Ferreira, o irmão mais novo de Lampião". 
Não obstante seus inegáveis conhecimentos sobre o cangaço, Hilário e Magérbio interpretaram mal as respostas daquele cidadão. Eles fizeram perguntas a um velho sobre coisas de sua infância e juventude. Após a morte de seus pais, a família andara de déu em déu. Ele não tinha nada anotado, pois era analfabeto. A rigor, suas respostas eram mais que razoáveis, pelo seguinte: Hilário e Magérbio consideraram que ele "respondeu errado" os nomes dos pais. Ora, como é que ele respondeu errado, se ninguém, nem mesmo o mais perspicaz estudioso do cangaço, sabe ao certo como eram os nomes dos pais de Lampião? Basta notar a divergência entre os dados da certidão de casamento em cotejo com as certidões de nascimento dos filhos. José Ferreira ora aparece como "dos Santos", ora como "da Silva", ora como "de Barros", e sua esposa, que devia chamar-se Maria Vieira Lopes, ora aparece corno Maria Sulena da Purificação (registro civil de nascimento de Virgulino), ora como Maria Vieira da Solidade (batistério de Virgulino), ora como Maria Santina da Purificação (batistério de Livino), ora como Maria Vieira do Nascimento (certidão de casamento religioso). Quanto aos nomes dos irmãos, é provável que em casa todos fossem tratados apenas pelos prenomes e apelidos. Ezequiel não tinha como saber ao certo os nomes completos dos irmãos, pois nem mesmo estes sabiam. Virgulino, por exemplo, que foi registrado simplesmente como "Virgolino" (sem sobrenome), tirou o título de eleitor com o nome de Virgulino Lopes de Oliveira. Durante algum tempo, se assinou Virgulino Ferreira dos Santos, até se decidir por Virgulino Ferreira da Silva. Ezequiel certamente não sabia o nome verdadeiro de Mocinha. 
Como Ezequiel não sabia assinar o nome, quem assinou por ele foi João Soares de Souza, tendo como testemunhas Genésio Ferreira Lima e Luiz Andrelino Nogueira (que era o tabelião público). 


Fonte da matéria: LAMPIÃO a raposa das caatingas de José Bezerra Lima Irmão.


quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Lampião e o Fogo da Fazenda Favela PARTE III



Na visita que fizemos em comitiva Cariri Cangaço, encontramos o local totalmente abandonado e com a cruz original deteriorada como pode ser vista nesse documentário. Segundo os autores do livro As Cruzes do Cangaço, Senhores Cristiano Ferraz e Marcos de Carmelita, os restos mortais nunca foram exumados.

No livro, encontramos registrados os que foram mortos no fogo da Favela. Os seguintes soldados que perderam suas vidas nesse combate foram: "Antônio Freire Panta e Gaudêncio Pereira da Silva, ambos do 2° Batalhão, Francisco Pereira, João Gregório Neto, Agripe Lopes dos Santos e Cícero Petronilo da Silva, do 3° Batalhão, sendo ainda feridos, desse mesmo grupamento, Francisco Barbosa do Nascimento, José Machado de Barros, Cypriano Leite da Silva, José Berrardes e Waldemar Barbosa da Silva, todos pertencentes às volantes sediadas em Villa Bela. Manoel Neto retornou rapidamente para a cidade de Floresta e foi à procura do Comandante da Volante sediada naquele município, o Capitão Antônio Muniz de Farias, comunicando todo o acontecido e trazendo ao conhecimento do superior a estadia de Lampião naquela propriedade. Os militares conduziram os feridos para serem tratados em Floresta e deixaram os corpos dos mortos nas mãos dos terríveis facínoras. Os criminosos fizeram toda espécie de crueldade com os defuntos. Sangraram, degolaram, esfacelaram crânios, furaram os olhos com cápsulas das balas e depois colocaram espalhados para todos os lados. Após o combate, Manoel Novaes foi buscar um burro e entregou a um agregado da fazenda, que viajou a cidade de Floresta para comunicar o acontecido ao Tenente Antônio Novaes, e a exigência de um conto e quinhentos mil réis de Lampião, sendo entregue o referido valor ao portador. Antes de sair da Favela, satisfeito com a soma recebida, Lampião falou aos moradores que se acaso a Volante perguntasse sobre a direção que ele tinha seguido, era para mostrar o caminho da fazenda Água Branca do Major Tiburtino. Manoel Novaes e alguns agregados abriram uma cova e enterraram num só lugar cinco soldados e em outros três locais distintos, mais um militar, o guia e um cangaceiro. Muniz de Farias reuniu um grupo de soldados e, junto a Manoel Neto, vieram ao local do combate, no outro dia, quando os bandoleiros já haviam se retirado. O Capitão Muniz indagou em tom áspero os familiares do Tenente Antônio Novaes e os moradores: - Cadê os bandidos? Pra onde é que os cangaceiros foram? 
Antônio Muniz estava muito nervoso e falava quase gritando, no entanto "não incendiou nenhuma cerca e muito menos as casas da Favela", como alguns escritores registraram em seus livros. As pessoas presentes indicaram ao comandante Farias o rumo de Lampião, seguindo para a fazenda Água Branca. Corisco, após presenciar as barbáries cometidas pelos companheiros contra os militares mortos, ficou impressionado ante tamanha carnificina e saiu do bando no mês de dezembro desse mesmo ano de 1926. Corisco comunicou a Lampião que iria tentar a sorte, buscando trabalho em terras baianas, tendo integrado o bando sinistro por cerca de quatro meses. Retornou, contudo, no ano de 1928, quando Lampião atravessou para a Bahia, tendo sido e fogo da Favela em Floresta, a escola macabra que lhe ensinou como tratar os inimigos. Do outro lado do Rio São Francisco ele transformou-se num verdadeiro demônio, e ficou conhecido também por: "Diabo Loiro". Matava, sangrava, decapitava, além de ter raptado com apenas 13 anos e estuprado, a menina Sérgia Ribeiro da Silva. a Sussuarana, e transformá-la na cangaceira "Dadá", sua eterna companheira e fiel escudeira. "

Base do texto: AS CRUZES DO CANGAÇO

Foto dos dois atores em trajes de cangaceiro: Cristiano Ferraz

O VOO DO CARCARÁ



O VOO DO CARCARÁ NA ABERTURA DO CARIRI CANGAÇO FLORESTA 2017



*Rangel Alves da Costa



Quando, na noite de abertura do Cariri Cangaço Floresta 2017, a mestre de cerimônia Ana Gleide Souza Leal anunciou uma evolução com bailarinos, creio que denominada “O Voo do Carcará”, logo meu pensamento arribou céus acima para, pelas caatingas e carrascais ensolarados, avistar aquela ave tão emblemática e tão sertaneja.
Carcará, bicho carnicento, ave agourenta, bico de punhal afiado, rasgante em rasante, seu fio da mardade sem fim. Tu, devorador de agonias, devastador de sopros de vida, furador dos olhos de borregos, bezerrinhos e crias sem mais força de nada. Em rasante chega, matreiro, oculto, traiçoeiro feito a moléstia, dos escondidos além dispara com sua lâmina no bico. Fio da gota serena és tu marvado carcará!
Vai-te pra lá bicho dos quintos, assombramento que se regozija dos sofrimentos e das desvalias. Das secas fazendo o prato, das fraquezas estiradas fazendo sua gula. Sozinho faz sua guerra, tudo destrói, fura, pinica, faz a sangria, deixa a vida esvaída pelos campos esturricados. Que se imagine trazendo nas sombras o urubu, o gavião, a mãe-da-lua?
Mas ali na calçada do Batalhão, no espaço largo da cerimônia, apenas a poesia. E não haveria alegoria mais acertada que aquele voo do carcará. Ora o carcará é bicho com a mais acabada feição do sertão sofrido, do sertão padecente, do sertão chorando sua dor pelos esquecimentos das nuvens prenhes de chuvas. Ali era festa, ali era alegria, ali era comemoração, mas não se poderia esquecer aquele outro sertão. E o outro sertão estava ali no voo do carcará.
Dois bailarinos. Um rapaz e uma moça, dois belos sertanejos. Quando anunciados e chamados por Ana Gleide, os passos pela calçada até que ele se deitou. Ele deitou em posição dorsal, ela sentou-se sobre o seu peito e assim permaneceram alguns instantes. Quando a voz de Zé Ramalho começou a ecoar, então a música Carcará (de João do Vale e José Cândido) abriu as porteiras daquela misteriosa arapuca. O carcará estava solto. Ou os carcarás estavam soltos. E voaram. E voaram. E fizeram da noite florestana, ante uma plateia tomada de encantamento, um ensolarado céu nordestino, ainda que em noite de lua e flor.
Na evolução dos bailarinos, seguindo de canto a outro, ora se esgueirando ora se fartando de avidez, o carcará procurando o melhor momento para alçar seu voo. E que coisa mais linda: o voo do carcará. Dois carcarás em pleno voo na noite florestana. Ele, o bailarino, rente ao chão sertanejo, e ela, a bailarina, planando pelo céu sertanejo. Braços abertos, asas abertas, um horizonte à frente, e o voo. Eles magistralmente voaram em simbolismo, maravilhosamente voaram na fantasia por todos conhecida. E temida.
Os sertões aplaudiram aqueles carcarás da noite florestana. Mas o sertanejo puxou na memória outros significados menos festivos. O bicho carcará em voo rasante, voraz, veloz, medonho, cego, porém certeiro, em direção à cria já em seu último suspiro. Fura os olhos do bicho, do resto de luz faz jorrar o sangue, do sopro de vida faz surgir o último suspiro. E depois futuca mais, bica, apunhala, retorce até desnudar as vísceras. Mas o sertanejo não estava ali para entristecer, somente para aplaudir aquela magnífica apresentação.
Ainda os vejo em voo, voando, voando. Ainda ouço o som vindo naquela direção: “Carcará lá no sertão é um bicho que avoa que nem avião. É um pássaro malvado, tem o bico volteado que nem gavião. Carcará quando vê roça queimada sai voando, cantando, Carcará vai fazer sua caçada. Carcará come inté cobra queimada. Quando chega o tempo da invernada o sertão não tem mais roça queimada Carcará mesmo assim num passa fome. Os burrego que nasce na baixada Carcará pega, mata e come. Carcará num vai morrer de fome. Carcará, mais coragem do que home. Carcará...”.
Ainda voa. Pelos sertões ainda voa. E na noite florestana deu um voo tão magnífico que ainda relembro o bater de suas asas. Carcará.


* Escritor

blograngel-sertao.blogspot.com

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Lampião e o Fogo da Fazenda Favela PARTE II


Estivemos no encontro de estudiosos do cangaço, na localidade da Fazenda Favela onde Lampião preparou-se para receber uma força volante de Zé Saturnino e Manoel Neto. Segundo o livro AS CRUZES DO CANGAÇO nesse episódio da manhã de 11 de novembro de 1926 a Volante chegou na Fazenda Favela e nesse ataque morreram 6 soldados, 1 civil e 2 cangaceiros.  A Fazenda Favela compreendia uma vasta extensão de terras, localizada ao norte de Floresta. Conhecida por sua prosperidade, a propriedade mantinha um grande rebanho de animais e muitas plantações. O dono da fazenda, o Sr. Antônio Novaes, Tenente da Guarda Nacional, além de agropecuarista, possuia um armazém na cidade onde comercializava. Era considerado um homem rico e com grande influência política. 
Ao adentrar em terras pertencentes ao município de Floresta, o Governador do Sertão, com sua cabroeira infernal, cruzou as propriedades Campos Bons, Cachoeira, Exu, Arapuá e marchou na direção da fazenda Favela, do Tenente Antônio Novaes, distante oito quilômetros da cidade. Durante toda a manhã e tarde do dia 10 de novembro de 1926, Antônio Novaes permaneceu trabalhando no armazém, negociando as mercadorias, na cidade de Floresta. A horda de criminosos era composta de cerca de noventa e cinco cabras, estando entre eles a elite do cangaço: Antônio Ferreira, irmão de Lampião, Luiz Pedro do Retiro, Sabino Gomes, Corisco, Jararaca, Moita Braba (Ubaldo Pereira Nunes), Sabiá, Zé Marinheiro, Antônio Marinheiro, entre outros. Ao escurecer, Lampião chegou à Favela e se dirigiu para a velha casa da sede, no intuito de encontrar o Tenente e pedir guarida. Na residência se encontrava somente Dona Aninha, e seus filhos Totonho Novaes, Manoel Antônio Novaes e vários moradores. Lampião adentrou à residência, sentou-se na mesa da sala e começou a dialogar com Dona Aninha, levando ao conhecimento da matriarca a exigência do valor de um conto e quinhentos mil réis, além de comida para o bando. O chefe cangaceiro normalmente escolhia a melhor rês que tinha na propriedade e ordenava que matasse para alimentar o bando. Os bandidos ficaram arranchados nas duas casas. Lampião, Antônio Ferreira e alguns cabras, na sede, e os demais na nova construção. Dona Aninha serviu o jantar e em seguida os sicários foram se deitar, ficando sentinelas próximos das duas casas. Uma Força Policial comandada pelo Sargento José Saturnino e o Anspeçada Manoel Neto, com oitenta praças, vinham seguindo as pisadas do bando desde o riacho São Domingos. Passando na fazenda Icó, arrearam e passaram à noite, seguindo no encalço dos cangaceiros ao nascer do dia. Logo após, continuaram a caminhada e chegarem à fazenda Exu. Entre a fazenda Exu e a Favela, já à noite, a volante encontrou-se frente a Emiliano Novaes. Manoel Neto e Saturnino tentaram persuadi-lo na tentativa de descobrir o real paradeiro de Lampião, pois sabia das suas ligações e da amizade entre eles. Emiliano estava indo ao encontro de Virgulino e, sagazmente, conseguiu livrar-se da inquirição dos militares, negando veemente o conhecimento da localização do bando. Por intervenção de Zé Saturnino, Manoel Neto o liberou e o deixou seguir, já desconfiando que essa atitude causaria um enfrentamento com Lampião a qualquer momento, numa situação de supremacia do cangaceiro. Ao tomar conhecimento da vinda dos soldados, era pecuiiar o bandido preparar o seu grupo, já em situação estratégica, deixando homens na retaguarda, sendo dificilmente derrotado. Um emissário de Emiliano Novaes chegou à Favela e trouxe uma informação, dando ciência a Lampião da aproximação da Força Volante, vindo ao seu encalço. Determinado a enfrentar os militares, alertou os cabras, preparando a estratégia do combate que a qualquer momento poderia acontecer. Lampião preparou então a defesa, que foi bem sucedida. 


FONTE: Livro "As Cruzes do Cangaço"

LAMPIÃO - Bastidores da Fazenda Favela


Nos bastidores da visita técnica feita por ocasião do CARIRI CANGAÇO FLORESTA 2017 vemos os admiradores da saga cangaceira preparando-se para ouvirem uma exposição da historia da emboscada preparada por Lampião, para as forças volantes de Zé Saturnino e Manoel Neto.

Zé Saturnino recebeu o comando de uma volante de 100 soldados pelo major Teófanes e auxiliado pelo anspeçada Manoel Neto, meteu-se nas caatingas à procura de Lampião.
Os dois eram rapazes valentes, mas sem nenhuma noção de estratégia militar. À noite, viajavam com fachos acesos para iluminar o caminho. Vendo que caminhavam para a morte, logo no segundo dia 17 soldados desertaram.
Zé Saturnino no dia 10 de novembro de 1926, teve uma boa notícia: Lampião acabava de sair dali, tinha dançado a noite toda. Seguindo a pista deixada pelos cangaceiros, a tropa passou por Campos Bons, Cachoeira, Exu e Arapuá, indo pernoitar na fazenda Icó.
No dia 11, antes do alumiar do sol, a volante reiniciou a marcha. Como havia uns rastros em direção à fazenda Favela, de Antônio Novaes, os comandantes resolveram ir até lá a fim de se informar se havia notícia dos cangaceiros. A Favela fica a três léguas de Floresta. Já chegando à sede da fazenda, Zé Saturnino postou-se com uma parte da volante dentro de uma capineira, por trás da
parede do açude em frente à casa-grande, e Manoel Neto seguiu com os outros homens para a casa. Bateu na porta. De súbito, portas e janelas se escancararam, e dos vãos abertos choveram balas em cima da tropa.
Os soldados, por não esperarem uma reação daquela ordem, ficaram atarantados, alvo fácil para os cangaceiros. Manoel Neto colou-se à parede, sem saber o que fazer, vendo seus comandados serem abatidos impiedosamente.
Lampião estava dormindo em outra casa com uma parte do grupo.
Melhor sorte não teve Zé Saturnino, que ficara entocado no capinzal, não sabendo que justamente ali estava acampado o grupo de Sabino Gomes — quando os homens de Zé Saturnino correram para socorrer os companheiros, toparam de frente com os cabras de Sabino, e em face disso fugiram.
O grupo de Sabino investiu então contra os soldados que ainda lutavam no terreiro da casa, e estes, atacados de todos os lados, debandaram em absoluta desordem.
Muitos feridos, sabendo que se ficassem ali seriam sangrados pelos cangaceiros, juntaram as últimas forças e também correram, encorajados pelo valente Manoel Neto, que saiu carregando um ferido nos ombros e arrastando outro pelo braço, repetindo isso três ou quatro vezes.
Quando os dois comandantes se encontraram, abraçaram-se, sem ter o que dizer, escutando os gritos dos companheiros sendo sangrados. À sua volta só se viam uns 20 soldados. Pensaram que o resto tinha morrido. Ficaram felizes quando souberam que a maior parte havia fugido.
Morreram na fazenda Favela seis soldados: Antônio Freire Palita, Gaudêncio Pereira da Silva, Francisco Pereira, João Gregório Neto, Agripe Lopes dos Santos e Cícero Petronilo da Silva. Feridos, quase todos.
Entre os cangaceiros, apenas um morreu e cinco receberam ferimentos.
FONTE: RAPOSA DAS CATINGAS de José Bezerra Lima Irmão (pg 217 )

LINK PARA A HISTÓRIA CONTADA NESSE EVENTO (Clique Aqui)

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Lampião e o Fogo da Fazenda Favela PARTE I



Não podemos nunca negar que Lampião foi um dos maiores estrategistas que se tem conhecimento na história do Cangaço. Seu modo operacional era admirado e temido pelos oficiais que lhe davam perseguição.  Tinha tática militar e aplicava também a de guerrilha. Não recebeu de ninguém orientação, ensino ou treinamento na arte militar ou de guerrilha. Esse homem foi de uma genialidade incomum.

CARIRI CANGAÇO - Floresta 2017



Manoel Severo, Curador do Cariri Cangaço, entrega Títulos de Amigo do Cariri Cangaço, através dos Conselheiros, às autoridades de Floresta e aos que apoiam esse grande grupo de estudos do nordeste. 

In memorian, entregou o Título de Amigo do Cariri Cangaço a Washington Gomes Lima, através de sua digníssima esposa Sra. Michelle.

Washington era bisneto do Coronel Anjo da Gia da fazenda Poço do Ferro, no município de Floresta-PE. e no ano passado (2016) recebeu em sua fazenda os estudiosos do Cariri Cangaço com grande hospitalidade, juntamente com seus familiares. 

Essa visita ficou registrada em dois documentários que poderão ser acessados nos links abaixo: 


https://www.youtube.com/watch?v=jyybp1lL3Cs&t=214s 


https://www.youtube.com/watch?v=1gOr_ZjLBps&t=328s

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Êxtase e Ritos Sagrados - DOCUMENTÁRIOS


"Uma série de reportagens especiais do "FANTÁSTICO" programa da Rede Globo de Televisão, mostrando diversas crenças religiosas




O Vale do Amanhecer



A voz do Espirito Santo




O Candomblé



O Budismo



Os mistérios da incorporação dos espiritos



Ritos Sagrados Santo Daime



 Catimbó Jurema o rito de magia nascido no nordeste







Arnaldo Barbosa, a história contada por Ariano Suassuna



Espaço é localizado na Serra do Catolé, em São José do Belmonte. História relembra o 'movimento sebastianista', vivido no local em 1938.

Distante 474 quilômetros do Recife, São José do Belmonte, no Sertão pernambucano, é sede da Pedra Bonita, atualmente Pedra do Reino, na Serra do Catolé. O espaço, que já esteve entre os finalistas do prêmio das Sete Maravilhas de Pernambuco, foi palco, em 1938, do "movimento sebastianista" liderado pelo autoproclamado rei João Antônio dos Santos. A história se transformou em obra da literatura em 1971, ano em que o escritor Ariano Suassuna, que morreu na quarta-feira (23), publicou o "Romance d'A Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta".

No local, duas formações rochosas medem, respectivamente, 30 e 33 metros de altura cada. Esses penedos são um dos principais atrativos em meio a um santuário ao ar livre, idealizado pelo escritor paraibano. São 16 esculturas de santos e personagens do episódio sebastianista e do romance de Suassuna, dispostos em círculo e em representação ao sagrado e o profano. A obra "d'A Pedra do Reino" também já foi tema de minissérie da TV Globo. No centro de São José do Belmonte, na Praça Pires Ribeiro, há ainda o Memorial da Pedra do Reino, acervo onde estão arquivados livros, quadros, documentos e registros fotográficos do movimento que ocorreu no município.
(Fonte do texto

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

A história de Omolú Obaluaiê


É sincretizado como São Roque na forma de Obaluaiê, o jovem. Na forma mais velha de Omulú, é sincretizado como São Lázaro.

Omulú é sincretizado com São Roque, que é um santo da Igreja Católica, protetor contra a peste e padroeiro dos inválidos e cirurgiões. A sua popularidade, devido à intercessão contra a peste, é grande sendo protetor de múltiplas comunidades em todo o mundo católico e padroeiro de diversas profissões ligadas à medicina, ao tratamento de animais e dos seus produtos e aos cães.

O Culto a Omolú/Obaluaiê

Tem como emblema o Xaxará (Sàsàrà), espécie de cetro de mão, feito de nervuras da palha do dendezeiro, enfeitado com búzios e contas, em que ele capta das casas e das pessoas as energias negativas, bem como “varre” as doenças, impurezas e males sobrenaturais. Esta representação nos mostra sua ligação a terra.

Obaluaê quer dizer “Rei e Senhor da terra” sua veste é palha e esconde o segredo da vida e da morte. Está relacionado à terra quente e seca, como o calor do fogo e do sol – calor que lembra a febre das doenças infecto-contagiosas. Conta-se em Ibadã que Obaluaê teria sido antigamente o Rei dos Tapás. Uma lenda de Ifá confirma esta última suposição. Obaluaê era originário de Empê – Tapá e havia levado seus guerreiros em expedição aos quatros cantos da terra. Uma ferida feita por suas flechas tornava as pessoas cegas, surdas ou mancas.

Obaluaê representa a terra e o sol, aliás, ele é o próprio sol, por isso usa uma coroa de palha (azê) que tampa seu rosto, porque sem ela as pessoas não poderiam olhar para ele. Ninguém pode olhar o sol diretamente. Está fortemente relacionado os troncos e os ramos das árvores e transporta o axé preto, vermelho e branco. Sua matéria de origem é a terra e, como tal, ele é o resultado de um processo anterior. Relaciona-se também com os espíritos contidos na terra. O colar que o simboliza é o ladgiba, cujas contas são feitas da semente existente dentro da fruta do Igi-Opê ou Ogi-Opê, palmeiras pretas. Usa também bradga, um colar grande de cauris.

Obaluaê é o patrono dos cauris e do conjunto dos 16 búzios, que reina do instrumento ao sistema oracular: o brendilogun, que lhe pertence. Seu poder está extraordinariamente ligado à morte. Oba significa Rei (Oni), Ilu espíritos e Aiyê (significa terra), ou seja, Rei de Todos os Espíritos do Mundo. Ele lidera e detém o poder dos espíritos e dos ancestrais, os quais o seguem. Oculta sob o saiote o mistério da morte e do renascimento (o mistério do gênesis). Ele é a própria terra que recebe nossos corpos para que vire pó.

Obaluaê mede a riqueza com cântaros, mas o povo esqueceu-se de sua riqueza e só se lembra dele como o Orixá da moléstia. Afirmam-se em registros bibliográficos ser Omolu e Obaluaê um só Orixá em dois estágios: Obaluaê (o Moço) significa o “Dono da Terra da Vida”; Omolu (o Velho) significa o “Filho-da-Terra”. É o médico dos pobres; o senhor dos cemitérios. Usa o aze (capacete de pele da Costa) ou o filah (capuz de palha da Costa) e carrega na mão o xaxará (feixe de fibra de palmeira, enfeitado com búzios). Seu dia é a segunda-feira. Sua comida forte é o doburu (pipocas sem sal, coco fatiado e regado com mel).

Qualidades: Registra-se 12 qualidades atribuídas a esse Orixá, que também é considerado o mais antigo do Panteão Afro, sendo as mais conhecidas:

Sapata, Xapanan, Xankpanan, Babalu, Azoane, Ajagum, Ajunsun e Avimage.

Nomes: Obàluáyê “Rei senhor da Terra”, Omolu “Filho do Senhor”, Sapata “Dono da Terra” são os nomes dados a Sànpònná (um título ligado a grande calor o sol – também é conhecido como (Babá Igbona = pai da quentura) deus da varíola e das doenças contagiosas, é ligado simbolicamente ao mundo dos mortos. Outra corrente os define como: Obàluáyê: Obá – ilu; aiye; Rei, dono, senhor; da vida; na terra; Omolu; Omo-ilu; Rei, dono, senhor; da vida.

Sincretismo: São Lázaro e São Roque

Comida: Pipoca e Carré

Cor: Preto, vermelho e branco

Dia da semana: Segunda-feira

Símbolo: Leguidibá, Xaxará e Brajá de búzios

Saudação: – Atotô!

Domínio – Doença e cura, morte e renascimento

Elemento: Terra

Vestimenta: A vestimenta é feita de ìko, é uma fibra de ráfia extraída do Igí-Ògòrò, a palha da costa , elemento de grande significado ritualístico, principalmente em ritos ligados a morte e o sobrenatural, sua presença indica que algo deve ficar oculto. É composta de duas partes o “Filá” e o “Azé”, a primeira parte, a de cima que cobre a cabeça é uma espécie de capuz trançado de palha-da-costa, acrescido de palhas em toda sua volta, que passam da cintura, o Azé , seu asó-ìko (roupa de palha) é uma saia de palha da costa que vai até os pés em alguns casos, em outros, acima dos joelhos, por baixo desta saia vai um Xokotô, espécie de calça, também chamado “cauçulú”, em que oculta o mistério da morte e do renascimento. Nesta vestimenta acompanha algumas cabaças penduradas, onde supostamente carrega seus remédios. Ao vestir-se com ìko e cauris, revela sua importância e ligação com a morte (iku).